PRÓLOGO

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LILA

└── • ☂︎ • ──┘

OUÇO UM BARULHO VINDO do andar de baixo e me levanto em alerta. 

Como vem sido de costume, Diego não está na cama e tateio o chão com os pés em busca de calçar os chinelos com urgência.

"Diego? É você?" Falo tentando manter um tom não muito alto, enquanto amarro o hobby e abro a porta do quarto devagar, para não acordar Grace que está dormindo no quarto a frente. "Diego?"

Escuto outro barulho, agora mais alto, a madeira do piso estala. Busco por algo em cima da cômoda que sirva como arma e encontro uma tesoura de cabelo sobre a penteadeira. Me esgueiro para o corredor sem fazer barulho quando escuto a porta do quarto de Grace ranger e se abrir vagarosamente, exibindo uma menininha sonolenta. "Mamãe?"

Alcanço sua porta em passos largos e silenciosos. "Oi meu amor, o que você está fazendo acordada a essa hora?" Envolvo ela em meus braços enquanto sussurro, guiando-a para dentro do cômodo novamente. 

"Eu ouvi um barulho." Olho em direção a escada escura no final do corredor, me certificando de que está tudo certo. "Não foi nada meu amor, agora vamos voltar para cama, tudo bem?" Digo baixo, guiando-a até o leito. É quando escuto a madeira das escadas estalarem. "Mãe?"

Meu instinto me deixa em alerta. Apresso os passos segurando Grace nos braços e olho para o guarda-roupas do outro lado do quarto. Direciono ela rapidamente para dentro do móvel e a coloco sentada bem no fundo. "Filha, preciso que faça um favor para mim, tudo bem?" 

Ela me olha preocupada e tento não demonstrar o pânico que claramente está estampado em meus olhos. "Está tudo bem mãe?" Ela pergunta chorosa. "Quero que você prometa para mim que vai ficar aqui dentro bem quietinha, tá bom? Tampe os ouvidos e conte até 100e te prometo que volto pra te ver." 

A essa altura Grace está chorando, mas faço ela prometer que vai cumprir com meu pedido. "Eu te amo filha." Dou um beijo em sua testa e fecho cuidadosamente as portas do guarda-roupas.

Ouço os passos se aproximarem do quarto e caminho sorrateiramente até a lateral da porta, me escondendo. Espero e, quando sinto que a pessoa se aproxima, conto até três e a ataco com a tesoura. O primeiro golpe é certeiro e consigo enfincar o objeto no ombro do invasor. Ele titubeia para trás segurando o ferimento com uma das mãos, enquanto percebo que a outra empunha uma arma. 

"Merda!" Tenho tempo de gritar, antes que os clarões dos tiros irrompam o corredor. Deslizo pelo chão tentando desviar das balas e alcanço o atirador novamente, dando-lhe uma rasteira que o faz cair no chão.

É quando sinto a fisgada no braço e percebo que estou sangrando. "Merda, merda!" Repito baixinho para que Grace não me escute. O intruso tenta se levantar e o golpeio com mais um chute, tentando desvencilha-lo da arma. "Vai se foder!", piso em sua mão. Mas antes que possa fazer o próximo movimento, ele saca outra pistola do coldre e me acerta em cheio.

Arqueio meu corpo para frente e caio de joelhos sobre o carpete. O desespero toma conta das minhas veias. "Grace." Digo, enquanto o atirador se recompõe, pondo-se de pé ao meu lado. Minha visão começa a ficar turva e acho que vou perder a consciência. A última coisa que consigo ver é uma mulher esguia e bem vestida, subindo as escadas e indo em direção ao quarto de Grace. "Não, não. Grace!" Tento gritar, mas tudo fica preto.

E o despertador começa a tocar.

E esse é o sonho que venho tendo constantemente durante os últimos seis anos. Sempre alterando pequenos detalhes, conforme Grace foi crescendo, claro. Mas a mulher estava sempre lá, e o atirador também. E eu tentava compreender todo aquele sentimento enquanto o tempo passava. Mas era simplesmente difícil.

Era difícil deixar aquela vida toda para trás.

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- NOTA DA AUTORA!

espero que estejam animados para nossa jornada explorando uma nova temporada! este é apenas o começo. por favor, deixem seus comentários e sugestões de forma respeitosa. nos vemos em breve!

- K.

The Umbrella Academy | Season FourOnde histórias criam vida. Descubra agora