PRÓLOGO

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A noite em Paris estava pesada, como se até o céu pressentisse a tempestade que ameaçava minha vida.

As nuvens escuras pairavam sobre a cidade, projetando sombras silenciosas que dançavam pelas ruas estreitas e pela fachada dos edifícios históricos, refletindo meu estado de espírito.

Eu, que até aquele momento achava que tinha tudo sob controle, agora sentia a instabilidade crescendo ao meu redor, ameaçando romper qualquer fachada de segurança que ainda tentava manter.

O silêncio profundo na casa era quebrado apenas pela respiração leve de Minjun, que dormia tranquilo no quarto ao lado.

Parei na sala de estar, meus olhos presos à fotografia emoldurada sobre a lareira, acima de um antigo relógio de pêndulo que herdei da família.

A luz suave da Torre Eiffel, visível da minha janela, piscava à distância, trazendo um contraste agridoce à penumbra do ambiente.

Na foto, Hyejin sorria serenamente, segurando Minjun recém-nascido em seus braços. Era uma cena quase intocável, que transmitia uma paz que parecia ter se tornado inatingível.

Soltei um suspiro, o peso de um aperto familiar no peito ameaçando me sufocar. Sempre admirei como Hyejin lidava com as exigências da maternidade, a forma como ela conseguia transformar cada dia em um lar seguro e amoroso para Minjun, enquanto eu passava longas horas no escritório em La Défense, obcecado com a construção de um império que nos sustentasse.

Ela estava aqui, mantendo tudo de pé com uma paciência e graça que eu nunca consegui compreender totalmente. Para mim, Hyejin fazia tudo parecer fácil. E talvez, por isso, demorei tanto para perceber o preço que ela estava pagando.

Com o tempo, comecei a notar as pequenas mudanças – o cansaço nos olhos dela, o sorriso que não iluminava mais o rosto como antes. Ela parecia estar presente, mas, ao mesmo tempo, em algum lugar distante.

Convenci-me de que era apenas uma fase, algo que passaria por si só. Sempre me convenci disso, como se as coisas pudessem voltar ao normal por pura inércia.

Mas naquela noite, tudo mudou.

Cheguei em casa e encontrei a sala mergulhada na escuridão, apenas uma luz fraca da lua atravessando as janelas altas com cortinas translúcidas. As ruas parisienses lá fora, normalmente cheias de vozes e risadas, estavam silenciosas.

Tudo estava quieto demais.

Chamei por Hyejin, mas não houve resposta. Um frio subiu pela minha espinha enquanto eu caminhava pelo corredor em direção ao quarto. Quando abri a porta, senti como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.

A cama estava arrumada, mas uma mala estava aberta e vazia no chão. Sobre o travesseiro, havia uma carta. Meus dedos tremiam enquanto a pegava, um pressentimento sombrio me sufocando. Comecei a ler, cada palavra penetrando como uma lâmina.

O chão parecia girar, e eu me sentei na beira da cama, segurando a carta com dedos trêmulos, como se fosse uma sentença que eu nunca vi chegando

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O chão parecia girar, e eu me sentei na beira da cama, segurando a carta com dedos trêmulos, como se fosse uma sentença que eu nunca vi chegando.

Hyejin, a mulher que eu sempre pensei ser inabalável, havia ido embora – e levou consigo uma parte de mim e de nossa família.

Com toda a minha força e sucesso, não consegui ver a dor que ela carregava, não consegui impedir que ela afundasse.

Nos dias que se seguiram, fui consumido por uma mistura de dor, raiva e culpa. Procurei por ela em todos os lugares que pude imaginar – pelas ruas movimentadas de Paris, nas estações de metrô, em cafés onde costumávamos ir juntos. Contratei detetives, segui pistas que não levavam a nada.

Era como se ela tivesse decidido desaparecer, se afastar de tudo sem olhar para trás. E isso me destruía por dentro.

Agora, eu estava sozinho, enfrentando a realidade de ser um pai solo – algo que nunca imaginei ter que fazer.

Cada vez que olhava para Minjun, sentia uma dor profunda, sabendo que, por mais que tentasse, jamais conseguiria preencher o vazio deixado por Hyejin.

O vazio que ela deixou não era só para ele, era para mim também. Ela sempre fez parecer fácil, mas agora eu entendia o preço que ela pagou.

As semanas se transformaram em meses, e me vi preso em uma rotina exaustiva, tentando ser tudo para Minjun – pai, mãe, protetor. Mas, no fundo, sabia que não estava conseguindo.

Minjun, com seus olhos inocentes e perguntas difíceis, parecia entender, de uma forma que me partia o coração, que as coisas não estavam bem.

Em momentos de solidão, enquanto as luzes douradas da cidade brilhavam do outro lado da janela, eu me perguntava como Hyejin conseguia fazer tudo parecer tão simples, enquanto eu mal conseguia respirar sob o peso da responsabilidade.

Olhei novamente para a moldura na lareira, uma lembrança de tempos mais leves, antes que tudo desmoronasse.

Peguei-a e a segurei por um momento, os dedos trêmulos enquanto tentava absorver a sensação de proximidade com algo que há muito estava perdido.

Coloquei-a de volta no lugar com cuidado, como se um movimento brusco pudesse romper a frágil linha que ainda me conectava a essa memória.

— Tu faisais ça paraître si facile, — murmurei, minha voz mal passando de um sussurro.

Mas agora eu sabia a verdade: nada sobre isso era fácil. E finalmente estava começando a aceitar que, por mais que odiasse admitir, eu precisava de ajuda.

Precisava encontrar uma forma de garantir que meu petit trésor tivesse o amor e o cuidado que merecia, mesmo que isso significasse abrir espaço para outra pessoa em nossas vidas.

Mas essa era uma preocupação para outro dia. Naquela noite, me permiti sentir a perda, a culpa e a tristeza que tentei evitar por tanto tempo.

 Naquela noite, me permiti sentir a perda, a culpa e a tristeza que tentei evitar por tanto tempo

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Oi, pessoal! 🌸

E aí, como estão os corações depois desse prólogo?

Foi intenso, né?

Já deu para sentir que essa história vai tocar fundo nas emoções.

Mal começamos e já temos muito pelo que torcer!

Espero que vocês tenham gostado e, se quiserem, me contem o que acharam.

Vou adorar saber como essa história está mexendo com vocês.

Nos vemos no próximo capítulo! Abraços bem apertados. 💕

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