ᴠɪɢᴇꜱɪᴍᴏ Qᴜɪɴᴛᴏ.

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- Sinto-me inchada. – Beatriz pronunciou-se, colocando a mão direita por cima do tecido do seu vestido na zona da barriga. – Acho que comi demasiado. – Comentou sem nunca desviar os olhos da paisagem da lua a refletir na água azul-escura diante dos seus olhos.

- Nem comeste assim tanto. – Henrique respondeu às palavras da namorada, soltando uma leve gargalhada.

- Mas comi. – Subitamente, a estudante universitária girou a cabeça na direção do jogador de futebol, piscando o olho, enquanto tinha um sorriso divertido nos seus olhos. – Já é uma vitória. – Acrescentou, balançando o braço esquerdo, juntamente com o braço do avançado português, dado que tinha os dedos entrelaçados.

O casal continuou a percorrer o passadiço ao lado do rio num silêncio que os reconfortava. Contudo, isso não correspondia ao que o madeirense estava a sentir. Por grande parte do dia, conseguia afastar os pensamentos que lhe causava alguma apreensão, mas isso apenas aconteceu quando era presenteado com a presença da estudante de arquitetura. De forma surpreendente, naquela altura, foi invadido, novamente, pela questão que o assombrava desde o início da semana.

- Henrique. – Subitamente, Beatriz parou a caminhada, ficando a olhar para o jogador de futebol. – Está tudo bem? – Conduziu a sua mão direita para o bícep do atleta do clube dirigido pelo ex-jogador de futebol, Rui Costa, e revelou uma expressão de preocupação.

- Sim, porque perguntas? – O natural do Funchal procurou esconder.

- Deixaste de me ouvir durante alguns minutos, o que significa que estás perdido aí. – Beatriu riu, levemente, pressionando a ponta do indicador na pele da cabeça do moreno, que correspondeu à risada solta pela namorada. – Vem, vamos sentar-nos ali. – Disse, referindo-se ao muro de pedra. – Agora sim, podes falar comigo, Araújo. – A irmã de Carolina sorriu, disponibilizando toda a atenção no companheiro.

Henrique respirou fundo, antes de voltar a separar os lábios para falar.

- Não é nada de especial. – Começou por dizer, contudo, a universitária fez pressão com os dedos entrelaçados, insistindo com o madeirense. - Como deves saber, há momentos em que os jogadores saem dos clubes, por derivadas razões, pelo que, caso isso me aconteça, teríamos de ficar afastados. – Henrique tentou expressar-se da melhor forma, de forma a abordar o tema com cautela para não alarmar a jovem de cabelos loiros.

- O Benfica vai vender-te, é isso? – O irmão de Margarida subiu o olhar até à namorada, que o olhava atentamente.

- Não. – Negou. – Quer dizer, não é bem isso.

- Então? – Beatriz arqueou uma sobrancelha, confusa.

- Está a ser colocada em cima da mesa a hipótese de ser emprestado a um clube para o resto da temporada. Neste caso, iria embora no próximo mercado de transferências, que acontece em janeiro, e regressaria apenas quando a época terminasse, portanto, no verão. – O moreno explicou.

- É isso que te está a deixar desse jeito?

- Sim, porque significava que íamos ficar afastados. Teríamos de ter uma relação à distância e ainda agora acertámos, finalmente, no caminho. – Visivelmente frustrado, o nascido no arquipélago da Madeira cortou o contacto físico das mãos da dupla para conduzir as suas mãos aos seus cabelos, mantendo-se à frente do seu rosto a tapá-lo.

Beatriz permaneceu, uns segundos, em silêncio a contemplá-lo. Compreendia a frustração do moreno, até porque tinha a certeza de que estaria de igual forma se estivesse no lugar dele. Além disso, não iria mentir ao dizer que nada daquilo lhe preocupava. Contudo, ao mesmo tempo, sentia uma segurança súbita de que nada daquilo lhes iria fazer mal, quiçá, depois de tudo por que passaram nos últimos meses.

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⏰ Última atualização: Sep 13 ⏰

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the story | henrique araújoOnde histórias criam vida. Descubra agora