36. O acidente

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"Oh, where oh where can my baby be?
The Lord took her away from me"

Wayne Cochran

Sarah | há 1 ano

Era 8 de setembro. Não havia sequer uma nuvem no céu. O dia estava perfeito para um programa especial em família, então decidimos emendar o feriado e ir a um parque aquático com as crianças.

— Ô mãe! — gritou Dudu, correndo na minha direção — Vem ver! O Ben criou coragem, vai descer no Maremoto!

— Não acredito!

— Ele quer se amostrar pra aquela menina ruiva — disse Lúcio — um homem apaixonado é capaz de qualquer coisa.

— Então ele é emocionado igual alguém que eu conheço — eu ri, fazendo um carinho no queixo de Lúcio.

— Tomara que ele tenha a mesma sorte, então — ele respondeu, inclinando-se para me dar um selinho.

— Eca! — reclamou Alice, que estava sentada sobre os ombros do pai.

Paramos ao redor da piscina do Maremoto e ficamos na expectativa de ver o Ben descendo. Aquele era o maior toboágua do parque, com 40 metros de altura.

Consegui identificar o Ben lá no alto, na fila, acenando para a gente. Estava quase na vez dele de descer.

— Papai, por que as filas do parque apático são gigantes? — perguntou Alice, que estava na doce fase dos porquês.

— É "aquático", não "apático", sua burra — disse Dudu.

— Eduardo! Não fale assim com sua irmã — eu o repreendi.

— É porque todo mundo quer usar os toboáguas, meu amor — respondeu Lúcio — quanto mais gente no parque, maiores são as filas.

— O mundo todo? Mas é muita gente! — ela exclamou, boquiaberta.

— Não, não é exatamente o mundo todo, é que... ah, deixa pra lá — disse meu marido, perdendo a paciência.

— Olha, chegou a vez do Ben! — comentei.

— É agora — disse Lúcio.

— Ele vai arregar — apostou Dudu.

— Ele vai voar! — exclamou Alice.

Só conseguimos ver o vulto do Ben descendo em alta velocidade, até ser freado pela água, na base do tobogã, e cair na piscina.

— Caramba! Fiquei tonto! — disse ele, ao sair da água e nos encontrar.

— Deve ter quebrado algum osso —  Dudu comentou.

— Talvez me deu uma hemorragia interna, mas não é grave, é onde o sangue deve ficar — brincou Ben, citando o Jake Peralta.

— Por que não vai lá falar com ela? — perguntou Lúcio, notando que Ben observava a menina ruiva.

— Não, pai, valeu. Tô de boa.

— Eu acho que ela tá vindo pra cá — observei.

A menina vinha caminhando lindamente na nossa direção, até parar na frente do Ben.

— Oi, e ai? Te vi de longe e te achei legal... quer tomar um sorvete?

Ben ficou totalmente paralisado e começou a esfregar seus dedos uns nos outros.

— Ah, pode ter certeza que ele quer — disse Lúcio, que foi repreendido por mim com o olhar.

Ben assentiu, timidamente. Então a moça o puxou pela mão e saiu o levando consigo.

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