𝙆𝘼𝙇𝙀𝙄𝘿𝙊𝙎𝘾𝙊𝙋𝙀, tokyo revengers (hiatus)

Capítulo 7 - Carmim

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Carmim

Carmim é o impulso que desafia a razão

A VOZ INESPERADA DE MITSUYA ME PEGOU DE SURPRESA, quase como um balde de água fria. Em um reflexo, soltei um palavrão tão alto que provavelmente acordou metade do internato. Meu corpo congelou por um segundo, e, no instante seguinte senti meus pés tropeçarem desajeitadamente. Tentei me segurar em qualquer coisa, uma prateleira, na parede, até mesmo o ar, mas nada parecia estar ao meu alcance. A queda era inevitável, e tudo o que eu conseguia pensar foi no quão humilhante seria cair de cara no chão.

Mas antes que eu pudesse me esborrachar no chão, senti uma mão firme segurar meu braço, puxando-me de volta. Era Mitsuya, claro, que tentou me salvar com aquele maldito reflexo rápido de herói. Porém, o universo tinha outros planos - planos esses ao quão eu odiaria(ou talvez nem tanto). - O impulso de sua tentativa de me segurar foi forte demais, e, antes que percebêssemos, ambos estávamos perdendo o equilíbrio.

A próxima coisa que senti foi o peso de Mitsuya caindo sobre mim. Em um borrão de movimentos rápidos e desajeitados, eu fui parar no chão com um baque surdo, e Mitsuya veio logo atrás, colidindo diretamente comigo. Nossos corpos se enroscaram de uma maneira que parecia mais com uma cena de comédia pastelão do que qualquer outra coisa.

E então, para piorar - sim, tinha como piorar - senti algo macio e quente pressionando meus lábios. Levei alguns milésimos de segundo para entender o que havia acontecido, mas quando percebi que meus lábios estavam colados aos de Mitsuya, meu cérebro praticamente deu um curto-circuito. O choque foi tanto que eu fiquei paralisada, incapaz de reagir, enquanto o tempo parecia congelar ao nosso redor.

Mitsuya ficou igualmente imóvel por alguns instantes, provavelmente tão chocado quanto eu. O silêncio no corredor era ensurdecedor, quase uma tortura, e, apesar de ser um mero acidente, a sensação daqueles segundos se esticando infinitamente fez com que eu sentisse cada batida do meu coração, como se estivesse explodindo dentro do peito.

Finalmente, ele pareceu recobrar os sentidos e se afastou rapidamente, ainda de olhos arregalados e o rosto levemente ruborizado. Eu, por outro lado, ainda estava estirada no chão, tentando processar o que acabara de acontecer. O que era para ser apenas uma sabotagem tinha se transformado em algo muito maior do que eu sequer podia imaginar.

Eu pisquei algumas vezes, como se isso pudesse me ajudar a entender a situação absurda em que me encontrava. Senti o calor subindo pelo meu rosto, e percebi que estava corando - uma reação completamente fora do meu controle e totalmente indesejada. Como se a situação já não fosse embaraçosa o suficiente, o silêncio constrangedor que se seguiu parecia se estender por uma eternidade.

Mitsuya, ainda visivelmente chocado, estendeu a mão para me ajudar a levantar. Eu hesitei por um momento, encarando a mão dele como se fosse algum tipo de armadilha, mas acabei aceitando, já que a outra alternativa era ficar ali no chão parecendo uma idiota. Ele me puxou com cuidado, quase como se tivesse medo de que eu caísse de novo.

Eu limpei a garganta, tentando afastar o constrangimento, e soltei uma risada nervosa, que mais parecia um engasgo.

- Bem, isso foi... - murchei algumas palavras, sem saber exatamente o que falar. Na verdade, o que eu realmente queria fazer era correr, ou enfiar minha cabeça em um buraco igual um avestruz e nunca mais sair, e talvez, por ventura, me torturar eternamente por esse constrangimento até morrer asfixiada pelos meus próprios pensamentos.

Mitsuya, ainda com um leve tom rosado nas bochechas, desviou o olhar, claramente desconfortável.

- Sim, foi... foi apenas um acidente. Vamos esquecer isso. - Ele respondeu e sua voz soou um pouco mais alta do que o normal, como se estivesse tentando convencer a si mesmo mais do que a mim.