𝙆𝘼𝙇𝙀𝙄𝘿𝙊𝙎𝘾𝙊𝙋𝙀, tokyo revengers (hiatus)

Capítulo 2 - Azul

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AZUL

Azul é como o gelo cristalino formado no mar de um país frio.

MINHA VIDA É COMO UMA SEQUÊNCIA INTERMINÁVEL DE QUEDAS LIVRES, sempre à beira do desastre. Desde que me lembro, parece que tenho um talento natural para atrair problemas, como se fosse a habilidade especial de um protagonista de shounen de mangá genérico que sempre se mete em encrencas quase vergonhosas demais. Era exatamente assim que eu me via. Não que eu não gostasse, longe disso. Na verdade eu amava ser a Maeda encrenqueira, que sempre chamava atenção de todos. Já na infância, eu era o tipo de criança que escalava árvores para resgatar gatos e acabava presa no topo, esperando pacientemente pelo resgate dos bombeiros.

Não era de se admirar que eu acabasse sendo transferida para essa droga de instituição. Meu histórico de suspensões e detenções seriam suficientes para encher um livro. Algumas pessoas parecem destinadas ao sucesso, outras, ao fracasso. E eu? Parecia destinada a transformar cada situação trivial em um espetáculo de desastres iminentes(e eu adorava isso).

Foi assim que me vi de malas prontas, sendo enviada para esse internato como uma última tentativa de "endireitar" minha vida. Meus pais tinham esperança de que a disciplina e a estrutura de Akarui pudessem fazer de mim o que nem os próprios esforços de meus pais ou o que nenhuma outra escola conseguira. Mas, sinceramente, a ideia de que um colégio interno pudesse domar meu espírito livre parecia ridícula, para dizer o mínimo.

As aulas já haviam começado há exatamente uma semana, mas eu ainda não tinha ido a nenhuma. Meu objetivo era claro: prolongar o máximo possível minha estadia fora da sala de aula. Afinal, o que poderiam fazer? Me expulsar e manchar o nome do colégio por não conseguirem endireitar uma garota abestada? Óbvio que não, e sabendo disso, eu queria aumentar a minha ficha de garota desobediente para ter mais razões da minha expulsão.

Acordei naquela manhã com uma estranha sensação de que algo grande estava para acontecer. Talvez fosse o cheiro de problemas no ar, ou talvez fosse apenas a pizza de queijo — que parecia mais com um chinelo assado com queijo e molho de tomate — de ontem à noite se rebelando no meu estômago. De qualquer forma, eu estava pronta para enfrentar o dia.

Escovei os dentes e logo em seguida fui importunar a coitada da Suyen. Por mais que ela fosse do tipo que vivia reclusa no próprio mundinho, ela tinha um semblante de que não importasse o que eu fizesse não iria tirar a paz de espírito dela, e isso soava como um desafio, eu adorava desafios e era por isso que dentre as outras colegas de quarto, Suyen era a que eu tinha escolhido como alvo para irritar(e também por ela sempre me ignorar, o que desencadeia um milhão de razões para importunar ela.).

Eu sabia que Heizura era do tipo que acordava de mau humor, principalmente quando algo atrapalhava seu cronograma perfeito. Adentrei o quarto com um sorriso travesso, vendo Suyen ainda dormindo serena. Ela havia estudado a noite inteira e as olheiras em seu rosto— que pareciam duas enormes bolas pretas de sinuca — refletiam sua falta de sono. Eu quase me sentia mal. Quase.

— Acorda, Suyen querida! — disse, abrindo as cortinas de uma só vez — O sol está radiante, os pássaros estão cantando e o dia está mais lindo do que nunca.

Suyen abriu lentamente os olhos, eu podia ver, sério, ver como ela fazia seus movimentos em câmera lenta, como se estivesse poupando a pouca energia que restava em seu corpo. Ela bufou esfregando os olhos.

— Kohana, por favor, me deixe dormir— Disse choramingando. Eu sentia um orgulho tóxico que só minha mente poderia entender por finalmente conseguir tirar uma emoção dela. Um sorriso diabólico preencheu meu rosto e logo sai do quarto, deixando as cortinas arregaçadas de qualquer jeito só para irritá-la mais ainda. Eu tinha plena consciência de que Suyen me odiava, até porque eu apareci em sua vida como um furacão em um campo de flores, destroçando sua tranquila rotina.