Comida pra' vida toda

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Tinha algum tempo desde que havia se dedicado tanto a algo, e isso era muito engraçado. Ele se sentia um imbecil por perder o desgosto tão rápido pelo rapaz, mas, no fim, estava tudo além do seu alcance.

Não dava para olhar para o lado e ver alguém desistindo do seu sonho, não quando se viam com a mesma paixão pela rivalidade, não quando ele tinha pensado em largar tudo para ir atrás de um trabalho maçante qualquer.

Então ele começou logo com uma música difícil, como se não fosse suficiente ele recuperar suas habilidades; ele ficaria ainda melhor. Se dependesse de Taesan, ele nunca pensaria em desistir novamente.

Um bloco pesado de folhas estava entre os dois, o professor fajuto de pé corrigindo de acordo com o que se lembrava à distância; não era nem doido de tocar naquilo e estragar o respeito que havia conquistado.

Enquanto Leehan tinha a pontinha da língua para fora, dedicando toda a sua atenção aos dedos tortos que mudavam o som emitido.

O observador se perguntava sobre o gesto fofo, se ele tinha perdido ou simplesmente treinado para não mostrar o músculo da boca que o deixava adorável.

O sinal mais uma vez os interrompeu, até que, no terceiro dia, eles notaram que só vinte minutos não resolveriam o problema; precisavam treinar por mais tempo.

Aproveitando a rouquidão de Jaehyun, passaram a se reunir no período noturno, tempo geralmente reservado para o ensaio da banda de Han, que estava atualmente esperando a recuperação do vocalista.

Com novos acordes, Leehan sentia seus dedos darem um nó, que foi desfeito pelos do orientador mal vestido, que puxava um deles para longe em busca do movimento perfeito.

Eles só não contavam com uma cãibra na mão, que o fez soltar o próprio instrumento para o outro, que ria da expressão escandalosa.

— O quê? O quê? — Perguntou Taesan, rindo ao deixar o instrumento de lado.

— Cãibra, que dor do caralho — reclamou ele, rindo também, apesar da queimação no anelar.

— Me dá sua mão — Eles trocaram olhares esquisitos antes de sorrirem novamente. — Vai logo!

Cumprindo o que foi pedido, Leehan quase chorava, horrorizado com a massagem péssima que recebia na tentativa de aliviar a tensão na mão.

— Já passou, aiai — reclamou, tentando fazê-lo parar.

— Passou nada — soltou, rindo do desespero alheio ao fingir morder a mão em questão.

— Com fome? — Perguntou brincando. — Levanta que eu tô!

O anfitrião exagerado se levantou para buscar algo para comerem. Não era a primeira vez dos dois juntos na casa de Leehan, mas se sentiam mais confortáveis agora.

Caminharam até a geladeira, que, aberta, parecia um tesouro encontrado; tinha comida de todo tipo, só não tinha espaço para mais nada.

— Caralho.

— Né? Até eu me assusto.

— Seus pais moram com você?

— Por causa da geladeira?

— É, ou então você tá pra fazer uma festa e não me chamou.

— Que nada, minha mãe, depois da bolada, tem passado aqui com umas compras exageradas.

— Caramba, e precisa ser tão forte ou, se bater de raspão, ela já entrega lá em casa?

— Sai fora — empurrou ele, pegando tudo para fazerem um lanche completo. — Aposto que você que me deu uma bolada pra vir comer de graça.

Lembranças RuidosasOnde histórias criam vida. Descubra agora