Povs S/n
A figura nas sombras continuava se aproximando, olhei pra trás e o Armin continuava encolhido, pude me lembrar da famosa lenda do desgraçado da escuridão que a velha da minha avó me contava pra mim não sair de madrugada na rua.
- ...Mas isso são horas? - A coisa se aproximou da gente, era o capitão não sei das quanta com uma xicara de chá que ele segurava em sua frente
- É pra mim? - Eu me senti lisonjeada ao tomar a xicará da mão dele e beber um gole.
Mas que chá ruim da porra, ele colocou veneno? Cuspi tudo enquanto Armin só observava tudo horrorizado. Tenho fundamento pra essa acusação, Levi me parece o tipo de pessoa que não pode ir numa festa de aniversário na casa de algum colega que enquanto cantam parabéns ele procura onde está o veneno pra pôr no bolo, e o saquinho de vidro moído pra espalhar por cima dos salgadinhos.
- Você tentou me envenenar seu...- Tentei encontrar palavras para xingar este criminoso que cometeu tal ato horrivel contra uma pobre adolescente indefesa, mas não consegui achar nenhuma. Ele só me olhava perplexo.
- Mas quando eu penso que vcs pirralhos já me desrespeitaram de todas as formas..- O capitão resmungou e tentou pegar a xicará de volta e eu só devolvi por que parecia barata, se fosse mais bonitinha eu vendia pro ferro velho.- Voltem pros seus respectivos aposentos, já ta na hora de criança ir dormir.
- E de velho não? - Tentei segurar o riso mas não deu.
O mais velho serrou os dentes, mas logo se virou pra ir embora, mas não sem antes dizer:
- Vai logo pro teu quarto menina, você deu sorte de me pegar num dia bom, se eu estivesse um pouco menos paciente teria feito você engolir um bule de chá todinho e quando acabasse eu quebraria na sua cabeça, mas um dia eu ainda mato algum de vocês malcriados de pau, de quebra ainda vou em cana. - Eu em, revoltei o baixinho.
- Vamo Armin, levanta o glúteo.- Me virei pro loiro que ainda estava sentado no chão com medo e ele apenas fez que sim com a cabeça e levantou, vindo atrás de mim.
Até que uma coisa me veio na cabeça, acontece tanta merda uma em cima da outra em um dia só que eu até me esqueci da história da Annie.
- Ou. - Olhei pra trás, o filho de uma mãe tava disfarçando e olhando pra janela, me senti idiota, ele me enrolou o dia inteiro. - Sobre a Annie. Era verdade oque disseram?
- Por que se importa, S/n?... De qualquer jeito nós não temos nada.- Cerrei os dentes e parei de andar quando chegamos na porta do meu quarto.
- Tem razão.- Olhei bem pra cara dele, e ele olhou pro chão que uma criança que xingou a mãe na frente do pai e sabe que vai levar um tapa na boca.- Mas você me encheu muito a porra do saco pra vir dizer que a gente não tem nada.- Era o inferno falar de sentimentos, sou péssima com isso, mas ele tá pensando oque?
Armin olhou pra mim surpreso, corou, e então abriu um sorriso que parecia até que ele tinha ganhado na mega-sena.
- Você está falando sério? E-Então.. a gente... tá..? - Fiquei com medo, ele parecia que ia explodir de tanta alegria e ia voar tripa pra todo lado, ou confete, quem sabe.
-Armin?... Armin, caralho?- Pelo visto ele entrou em uma espécie de transe, não respondia de jeito nenhum, não piscava o olho, se duvidar nem respirando ele tá, alguém podia aproveitar que ele virou estátua e colocar ele na entrada daqui como forma de aviso pra quem quer se alistar, é esse o efeito que esse lugar tem sobre nós cadetes.
- Boa noite, vai se exibir pros seus amigos vai.- Entrei pra dentro e fechei a porta na cara de idiota apaixonado dele, mas espiei pela fechadura pra ver se ele ia vazar ou ficar aí plantado a noite inteira, de repente ele começou a pular de um lado pro outro como se tivesse comemorando, acho que ele tá chorando de alegria também, não dá pra ver direito...
Até que ele saiu correndo pro lado contrário onde fica os quarto dos macho, e eu fiquei esperando ele dar uma estrelinha ou uma pirueta, seria engraçado pra caralho, mas infelizmente não aconteceu.
Aproveitei que não tinha ninguém lá, e fui em direção a cama de Mikasa e deitei lá, gosto de dormir na cama dela por que é mais confortável que a minha. Mas aí dela se ela inventar de chegar perto da minha, que é a beliche de cima, ela que durma na cama que era da Annie, agora que ela se mandou pra polícia militar ou sei lá onde.
Tentei dormir, mas de repente um pensamento veio na minha cabeça. A caralha da porta fica destrancada de dia.
Levantei correndo, abri o baú no pé da minha cama, que tá escrito bem grande "S/N" e fui conferir coisa por coisa que tinha lá, infelizmente não tinha como por cadeado por que o baú era emendado na cama que nem se fosse uma gaveta.
- Porra...- Depois de espalhar todas as minhas coisas no chão, notei que tinha um monte de coisa faltando, perfume, blusa de frio, batom, sapato.
Meu Deus, quem foi o filho do puta? Me dá um tiro mas não mexe nas minhas coisas e quanto mais eu penso mais o desespero aumenta, tô até suando frio.
Ah mas eu vou pegar essa ladra ou ladro...