between hatred and desire - l.s

Capítulo 15

⠀⠀A ressaca na manhã seguinte não foi tão ruim quanto a bola de humilhação que se instalou no estômago de Harry desde que ele acordou. Porra, será que ele realmente tinha ficado bêbado o suficiente para procurar Louis? Como uma espécie de perseguidor patético? Ugh. E então ele basicamente implorou a Louis para não desligar o telefone. Duplo ugh.

⠀⠀"Estúpido", sussurrou Harry, olhando para o teto do quarto.

⠀⠀O quarto no hotel de Louis. Simplesmente fantástico.

⠀⠀Se a vida pudesse lhe dar uma bênção, ele teria esquecido o que aconteceu na noite passada, mas não, ele se lembrava da mortificante conversa por telefone com perfeita clareza. Era de se esperar.

⠀⠀Ele pensou em se levantar e ir para o escritório, mas não era como se ele fosse necessário lá. Ele não era necessário em lugar nenhum.

⠀⠀A ideia só o fez sentir mais pena de si mesmo, e ele odiava isso, odiava se sentir tão fraco e patético. Ele se recusava a ser tão patético.

⠀⠀Harry se forçou a sair da cama, tomar um banho e ir para a rua. Ele podia não ser necessário em lugar nenhum, mas isso não significava que deveria se deixar afundar em um poço de depressão. Ele deveria pelo menos dar uma caminhada, estar perto de outras pessoas e, com sorte, se tornar um ser humano funcional em vez de uma... qualquer confusão que ele fosse agora.

⠀⠀Era mais fácil falar do que fazer.

⠀⠀Quanto mais tempo ele passava do lado de fora, em meio a todo o barulho, em meio a todas aquelas pessoas, mais ansioso ele ficava. Ele não sabia que era possível se sentir tão sozinho em uma rua movimentada, mas aparentemente era. Não, "sozinho" era a palavra errada. Ele se sentia como se fosse uma espécie de alienígena de outro planeta, como se não conseguisse se conectar com todas aquelas pessoas. Não conseguia entendê-las, não queria ficar perto delas e, quanto mais ficava perto delas, mais seu coração batia forte, sua ansiedade aumentava e se transformava em pânico.

⠀⠀Ele voltou para o quarto do hotel, sentindo-se mentalmente esgotado e fisicamente trêmulo. Ele se deitou na cama e deixou a cabeça cair nas mãos, sentindo-se derrotado e apavorado.

⠀⠀O que havia de errado com ele? Será que ele tinha desenvolvido algum tipo de agorafobia? Ele não... Ele não achava que fosse isso. A ideia de estar ao ar livre não o deixava ansioso. Ele só não gostava de todo o barulho e das pessoas e isso era demais. Meu Deus, a ilha realmente o havia deixado louco, não é?

⠀⠀Uma batida na porta o fez levantar a cabeça.

⠀⠀"Entre", disse ele, indiferente. Provavelmente era uma camareira querendo limpar o quarto.

⠀⠀Não era uma camareira.

⠀⠀Era Louis.

⠀⠀Parecia que tudo havia parado, que o mundo havia se paralisado abruptamente.

⠀⠀Harry o encarou, com os olhos arregalados, a boca aberta.

⠀⠀Seu coração batia no peito, como se estivesse tentando escapar.

⠀⠀Louis fechou a porta, encostou-se nela e ficou olhando para trás, com seus olhos azuis profundos.

⠀⠀Harry teve de agarrar a colcha com os punhos para não fazer nenhuma besteira. Algo estúpido como se lançar sobre Louis e se agarrar a ele como um macaco.

⠀⠀"O que você está fazendo aqui?" Harry falou, com o olhar fixo. Pelo menos ele esperava que estivesse olhando e não o encarando com fome.

⠀⠀Louis ergueu as sobrancelhas, sua expressão indecifrável contradizendo a tensão rígida e fortemente enrolada em seu corpo. Ele parecia ter engordado um pouco. Parecia bem. Definitivamente, mais arrumado do que Harry estava se sentindo. Mas, por outro lado, não era uma tarefa muito difícil.