Escolhida da Sombra (Companheiros do Mundo Sombrio #3)

5

O último raio de sol caiu sobre a cidade. Nezka observou a noite chegar, lenta mas seguramente, engolindo tudo na escuridão. As luzes da cidade brilhavam cada vez mais intensamente, em todos os tipos de cores. Ele as observou com facilidade enquanto se sentava no topo de uma estátua retorcida, feita para parecer um crescimento estranho, como uma árvore esculpida em metal. O jardim estava vazio agora e silencioso, exceto pelo fio de água próximo. As plantas também brilhavam com uma luz amarela. Era lindo à sua maneira. Pelo menos para aqueles que podiam apreciar sua beleza. Mas Nezka não olhou para elas, apenas para a cidade além da sacada do jardim e o que esperava abaixo.

Ele teria pouco descanso esta noite. Ele raramente dormia antes de uma missão. A maioria diria que isso era tolice, mas não para ele. Isso o transformou de alguma forma, o tornou mais afiado, mais afinado. Mais agressivo. E isso, por sua vez, o tornou mais preparado.

Não que ele sentisse que precisava de muita preparação. A missão era simples, mais do que muitas das missões que Vesra o havia colocado no passado. Haveria algumas mortes, ele tinha certeza disso. Talvez até uma sua. Mas esse era sempre o risco — o preço às vezes a ser pago — e ele não estava preocupado com eles. Eles se manteriam firmes ou pereceriam. Essa era a lei de todos os caçadores.

Sim, com tantos o ajudando, a missão seria pequena comparada às outras. E quando estivesse concluída, ele teria sucesso como sempre. Dezenas de mundos, implacáveis ​​tanto em sua natureza quanto em suas pessoas, ainda não o haviam impedido. Para vê-lo falhar. E poucos o surpreenderam. Esta cidade não era diferente. Seu povo, por mais novo que fosse, não o impressionava. Por mais avançados que fossem, eram dóceis, submissos. Fracos. Eles ocupavam pouco de seus pensamentos e, no dia seguinte, ele se sentiria muito pouco quando fosse forçado a eliminar aqueles que estavam em seu caminho.

Os humanos, por outro lado...

Eles se agitavam em sua mente, se não fosse pelo fato de que eram seu alvo. Um, em particular, se agitava mais do que os outros, e se ele tivesse algum pensamento para notar ou se perguntar sobre isso, ele permaneceu despreocupado. Eles ainda tinham suas ordens. Uma breve reunião há menos de uma hora reafirmou para sua equipe o que eles estavam dispostos a fazer; não importa se alguns tinham um novo desejo de tirar alguns dos humanos apenas por desafiá-los. Os humanos não deveriam ser feridos. Quando o primeiro grupo inicial fosse encontrado, ele colocaria em movimento sua captura junto com os soldados humanos. Eles seriam dele. Até serem entregues a Vesra.

E talvez como recompensa seu mestre lhe permitisse ficar com uma... uma com um espírito ardente mais brilhante que todos os outros. Com lindos olhos escuros e cabelos longos e sedosos.

Nezka fechou os olhos. Ele ainda conseguia sentir o gosto do sangue na língua de onde a mordera. Um acidente, na verdade. Ele só queria arranhar. Não cortar a pele. Só para ver o que ela faria. Bem, ela certamente não a decepcionou. Embora seu pequeno surto tenha causado a mordida no final.

Ele riu suavemente com o pensamento. Ah, mas ela tinha sido uma alegria de assistir. Ele a seguiu pela arena, mesmo que apenas pelo mero entretenimento de vê-la em ação. Ela era certamente uma coisinha ágil. Uma lutadora apaixonada. Mas com um desrespeito embaraçoso por seus arredores. Várias vezes, ele poderia tê-la nocauteado facilmente. Especialmente quando ela achou sensato parar para um descanso rápido em um dos prédios e nem olhou ao redor para vê-lo agachado bem perto. Talvez fosse uma característica humana, uma falta de consciência.

Mas ela tinha sido divertida, no entanto. Foi realmente uma pena...

Nezka franziu a testa. Ele abriu os olhos para ver a cidade mais uma vez abaixo dele.

Foi uma pena que ele tivesse que levá-la para Vesra.

Ele ficou sentado por um longo tempo apenas olhando para a cidade quando ouviu o suave barulho de pés por perto. Alguém tinha entrado no jardim. Ele não se moveu nem fez nenhum som enquanto a pessoa em questão caminhava perto de onde ele estava sentado, e quando viu quem era, ele ficou ainda mais quieto.