Escolhida da Sombra (Companheiros do Mundo Sombrio #3)

7

A primeira sensação que voltou para ela foi a sensação de que ela estava respirando. Todo o resto pareceu ser escuridão por um tempo e a estranha sensação de estar em todos os lugares e em lugar nenhum ao mesmo tempo, como se ela estivesse correndo por momentos ou visões sem fim — algumas turvas, outras vívidas, mas aparentemente infinitas — e sempre havia uma sensação de perigo, de que ela precisava acordar, precisava se concentrar, mas toda vez que ela chegava àquela borda da clareza, ela era puxada para trás, como uma onda a arrancando da terra, forçando-a de volta para a escuridão.

Muitas vezes naquela escuridão ela viu sua irmã, outras vezes sua equipe e às vezes a morte vestida com uma armadura negra e olhos como fogo.

Quando uma luz passou sobre ela uma vez e depois novamente vários momentos depois, ela a segurou até que a trouxesse de volta completamente para a borda, para onde ela podia sentir mais do que apenas sua respiração, onde o raio de seus sentidos aumentava. Ela ouviu ruídos distantes como um rugido, ouviu água caindo, sentiu o cheiro do cobre, sentiu o frio. Ela gemeu quando acordou, ou talvez ela sempre tivesse estado acordada, mas agora conseguia clarear completamente sua cabeça, conseguia realmente enxergar. Seus olhos estavam pesados, mas ela os forçou a abrir e piscou várias vezes. Ainda estava escuro, mas ela sabia agora que não era de dentro de sua mente, mas sim do lugar real onde ela se encontrava, onde quer que fosse. A única luz parecia vir de cima, passando a cada dois minutos, um raio brilhante de cima.

Elise virou a cabeça e sentiu algo macio sob sua bochecha, cobrindo qualquer superfície dura e afiada que estivesse por baixo. Ela tentou ver mais ao redor dela, mas tudo o que entrava em foco sempre que a luz passava eram as fileiras de metal e pilhas quebradas de entulho e concreto. Ela piscou um pouco mais e viu que as fileiras de metal eram pilares sustentando um prédio. Um prédio quebrado com vários buracos em seu teto alto por onde a luz brilhava.

Elise gemeu novamente enquanto sua cabeça latejava. Seu ombro doía terrivelmente quando ela estendeu o braço para plantar a mão no chão cheio de poeira. Lentamente, ela se levantou e soltou um grito baixo e sibilante enquanto a dor queimava suas costas. Seu traje rangeu quando ela se levantou para sentar, e quando ela olhou para seu ombro, viu a grande rachadura na armadura. Xingando, ela tocou com seu braço bom e então olhou ao redor. Ela não conseguia identificar em que tipo de prédio estava, apenas que estava abandonado e em ruínas. Enquanto olhava cuidadosamente para trás e para a frente, ela notou um grande buraco no centro onde os restos mortais de um navio haviam sido deixados para trás. Ela podia deduzir pelos danos acima e abaixo que ele havia caído. Vidro e peças de metal haviam sido arremessados ​​por toda a superfície, e marcas de queimadura queimavam a lateral das fileiras de metal. Elise olhou para tudo em um momento de confusão que rapidamente começou a clarear enquanto sua memória se consertava.

Ela tentou se levantar quando um barulho próximo a fez parar e olhar para o lado.

"Eu não tentaria isso ainda se fosse você..."

Elise congelou por talvez meio segundo antes de tirar sua arma do quadril e apontá-la para as sombras de um pilar quebrado à sua frente. Houve um momento de silêncio antes que o alienígena risse baixo. A luz acima varreu as fileiras de metal, e Elise conseguiu vê-lo melhor enquanto ele se sentava observando-a.

Seus olhos brilharam quando o raio o atingiu, assim como os de um gato ou de um lobo, e o brilho fez Elise estremecer.

"O que você está fazendo aqui?" ela disse num murmúrio rouco. Sua garganta e boca estavam terrivelmente secas enquanto ela tentava engolir.

O caçador alienígena inclinou a cabeça. Ele tinha um joelho levantado onde apoiava o cotovelo. A outra mão parecia estar agarrando algo em sua coxa. Ele a encarou por um longo momento, sem nem mesmo olhar para a arma apontada para ele, como se isso fosse de pouca importância. "Você não se lembra?", ele disse finalmente.