Entrelaçados pelo Destino.

V

Luz no fim do caminho

O sol já começava a despontar no horizonte, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja. Heloisa e Erick permaneciam no topo do farol, contemplando o pequeno frasco que continha a “Luz das Almas” nas mãos de Heloisa. O brilho da substância, agora refletido pela primeira luz do dia, parecia ainda mais místico, carregado de significado e poder.

Heloisa estava imersa em pensamentos, tentando processar tudo o que havia acontecido nas últimas horas. As palavras de sua avó ainda ressoavam em sua mente, ecoando a importância daquela descoberta e o quanto aquele momento significava. Ela sabia que tinha chegado ao final da jornada que sua avó havia preparado para ela, mas sentia que isso era apenas o começo de algo ainda maior.

Erick, percebendo a profundidade das emoções de Heloisa, permaneceu em silêncio ao seu lado, esperando que ela estivesse pronta para falar. Finalmente, ela suspirou e olhou para ele, seus olhos brilhando com uma mistura de tristeza e determinação.

“Minha avó sabia o tempo todo que eu precisaria disso,” Heloisa começou, sua voz suave, mas firme. “Ela sempre acreditou que eu teria que enfrentar algo muito difícil, algo que só poderia ser superado com a ajuda dessa luz.”

Erick assentiu, sentindo o peso da responsabilidade que agora repousava sobre Heloisa. “Ela te conhecia muito bem, Heloisa. Sabia que você teria a força e a coragem para seguir esse caminho, mesmo que fosse difícil.”

Heloisa olhou para o mar à sua frente, onde as ondas quebravam suavemente contra as rochas. “Mas ainda não sei como usar essa luz. O que ela espera que eu faça com ela?”

Erick pensou por um momento antes de responder. “Talvez a resposta esteja dentro de você, Heloisa. Sua avó deixou essa luz para guiar as almas perdidas, e talvez você seja a primeira que ela precisa guiar. Talvez ela soubesse que você estava se sentindo perdida, sem saber como seguir adiante.”

Heloisa sentiu as palavras de Erick tocarem fundo em seu coração. Ele estava certo—desde a morte de sua avó, ela tinha se sentido perdida, sem direção, sem saber como prosseguir com sua vida. Mas agora, com a “Luz das Almas” em suas mãos, ela sentia que finalmente tinha uma direção, um propósito.

“Você acha que essa luz pode me ajudar a encontrar meu caminho?” ela perguntou, sua voz carregada de esperança.

Erick sorriu, segurando a mão de Heloisa com firmeza. “Eu acredito que sim. E eu estarei ao seu lado, não importa o que aconteça. Vamos descobrir isso juntos.”

Heloisa sentiu um calor se espalhar por seu peito, uma sensação de segurança que ela não sentia há muito tempo. Erick sempre esteve ao seu lado, e agora, mais do que nunca, ela sabia que poderia contar com ele para enfrentar o que viesse a seguir.

“Vamos voltar para casa,” Heloisa disse finalmente, fechando a caixa e guardando o frasco com cuidado. “Acho que está na hora de usar essa luz e ver o que ela pode nos mostrar.”

Erick assentiu, e juntos, eles desceram as escadas do farol e começaram a caminhada de volta para a cidade. A manhã estava calma, com poucas pessoas nas ruas, e o som das gaivotas e das ondas era o único ruído que os acompanhava.

Quando chegaram à casa de Heloisa, o lugar parecia diferente—mais acolhedor, mais cheio de lembranças. Heloisa sabia que o que quer que estivesse para acontecer, aquele seria o lugar onde tudo começaria.

Ela foi até o quarto onde guardava as memórias de sua avó e colocou o frasco de luz em cima de uma pequena mesa, ao lado do antigo diário. Erick observava em silêncio, respeitando o momento de introspecção de Heloisa.

“Está pronta?” ele perguntou depois de um tempo, sua voz baixa.

Heloisa respirou fundo, assentindo. “Estou.”

Ela abriu o frasco com cuidado, e a luz que emanava dele era suave, mas poderosa. Heloisa não sabia exatamente o que esperar, mas seguiu sua intuição, inclinando o frasco sobre o diário e deixando algumas gotas de luz caírem nas páginas.

Para sua surpresa, as palavras começaram a aparecer nas páginas em branco, escritas na mesma caligrafia delicada de sua avó. Heloisa sentiu o coração bater mais rápido enquanto lia as novas palavras que surgiam.

*"Minha querida Heloisa, 
Se chegou até aqui, saiba que tenho muito orgulho de você. Sempre soube que você teria a coragem de seguir as estrelas e encontrar o seu caminho, mesmo quando tudo parecia escuro. Esta luz é um presente—não apenas para você, mas para todos aqueles que se sentem perdidos. Use-a para iluminar o caminho dos outros, assim como ela iluminou o seu. Confie em seu coração, e ele te guiará para onde você precisa estar."*

Heloisa terminou de ler, sentindo lágrimas escorrerem por seu rosto. Sua avó tinha deixado uma missão para ela—não apenas encontrar seu próprio caminho, mas ajudar outros a encontrarem o deles também.

Erick se aproximou, colocando uma mão reconfortante no ombro de Heloisa. “Sua avó sabia que você seria uma guia para os outros, assim como ela foi para você.”

Heloisa sorriu através das lágrimas, sentindo uma onda de paz e clareza invadi-la. “Eu finalmente entendo,” ela disse, sua voz tremendo de emoção. “Eu entendo o que devo fazer.”

Aquela luz não era apenas um presente para ela, mas uma responsabilidade. Heloisa sabia que, a partir daquele momento, sua vida tomaria um novo rumo. Ela usaria a “Luz das Almas” para ajudar outros que, como ela, se sentiam perdidos—pessoas que precisavam de um farol para guiá-los através das tempestades da vida.

E, com Erick ao seu lado, Heloisa sabia que não estava sozinha nessa jornada. Juntos, eles fariam o que sua avó sempre acreditou: iluminar o mundo com a luz das estrelas, uma alma de cada vez.

Quando o sol finalmente se ergueu no céu, banhando a cidade com sua luz dourada, Heloisa e Erick estavam prontos para o que viesse a seguir. Sabiam que o futuro ainda reservava desafios, mas também sabiam que, com a “Luz das Almas” e o amor que compartilhavam, seriam capazes de enfrentar qualquer coisa.

E assim, com o coração cheio de esperança e o espírito renovado, Heloisa começou a escrever um novo capítulo de sua vida, guiada pelas estrelas e pela luz que sua avó tinha lhe deixado—uma luz que agora, mais do que nunca, brilhava dentro dela.