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I

CAPÍTULO UM

— Tem certeza que você não quer ir? - Jimin perguntou, enquanto Taehyung endireitava a coroa de flores em seus cabelos. O ômega tinha olhos azuis brilhantes e atentos no trabalho que Taehyung fazia, cabelos tão loiros quanto os do outro.

Naquela alcateia, ser um ômega com cabelos loiros era sinal de fertilidade. O que podia significar algo bom para Jimin, já para Taehyung, a cor de seus cabelos não significava nada demais.

— Pra fazer o quê? - Taehyung sorriu um sorriso meio triste, já descartando aquela ideia, ajoelhado na frente do outro enquanto terminava de arrumar as mechas amigo, verificando se tudo estava certo. - Festivais de verão são para cortejo, Jimin. Eu não tenho o que fazer lá.

— Você fala como se você fosse uma entidade amaldiçoada ou algo assim, Tae. - Jimin resmungou. - Não é só porque você é tardio que você não pode se divertir, ou que não pode ser cortejado.

— Quem vai querer cortejar alguém sem cheiro? - Taehyung colocou as mãos em seu próprio colo, olhando para Jimin com sinceridade. Como se a resposta fosse óbvia. Aquela discussão era ridícula. - Quem vai cortejar alguém sem classe?

— Ainda. Você não tem classe ainda, Taehyung. - Jimin segurou a mão alheia. - Nossa curandeira já disse milhões de vezes que isso é normal, e que pode acontecer a qualquer momento. Você não pode deixar de viver por causa disso, sabe? O festival de verão é lindo, é sobre dança e tradição, sobre a história da nossa alcateia. Sobre louvar à Deusa.

— Sim... por isso eu vou ver as danças e celebrações de longe. Orar para nossa Deusa de longe. - Taehyung soltou a mão do amigo, e fingiu se distrair coletando a bagunça de flores que havia em seu chão. - Eu 'tô muito bem na minha cabana. E... de qualquer jeito, mesmo que eu apresente num futuro próximo, eu claramente vou ser beta.

— Quem disse? - Jimin franziu o rosto, ainda sentado na almofadinha que Taehyung tinha colocado para que sentasse no chão.

— A curandeira disse que meus olhos entregam que eu não vou ser alfa. - Taehyung continuava a fingir estar limpando as folhas e galhos do chão, mas Jimin sentia a mágoa em sua voz.

— Então você pode ser ômeg-

— Ômegas apresentam dos dezesseis aos dezoito, Jimin. - Taehyung o olhou, e falava sério. - Eu tenho vinte e três. Apresentações tardias quase sempre acontecem com betas. Não precisa mentir pra me fazer sentir melhor.

— Há exceções. - Jimin se levantou, limpando seu próprio colo e chegando mais perto do amigo. - E outra... não há problema nenhum em ser beta.

— Pouquíssimas.- Taehyung colocou todas as folhas e pétalas coletadas em um pequeno saco, e finalmente olhou para o amigo de novo, sem muito mais energia para aquilo. - E eu não disse que há problema, Jimin. Só tô falando a realidade.

— Mas-

— Você não 'tá atrasado? - Taehyung olhou para o céu fora da cabana, estrelado e sem nuvens. Já escutava música começando a tocar ao longe. Movimentação aumentando, cheiros se misturando. - Seu alfa já deve estar revirando essa alcateia toda te procurando. E quando eu o vi da última vez, ele não 'tava nada feliz com você.

— Ele que fique procurando. - Jimin revirou os olhos ao bufar, começando a se olhar no espelho com moldura de madeira que Taehyung havia o dado.

— Vocês ainda tão discutindo?

Jimin suspirou, sentando na cama e deixando o espelho de lado.

— Jungkook quer filhotes agora, Tae. - Disse, com olhos apreensivos e mãos no próprio colo.