Chegamos em casa e fomos guardar as compras, elas são só um passatempo, uma forma de enganar o estômago enquanto não caçamos. Ai como eu amo, eu me sinto tão bem nesse momento, tão viva, é sem explicação o sentimento.
- Então, o que a gente vai fazer? - Minha avó pergunta.
- Como a gente vai mais tarde fazer uma visita ao alfa eu gostaria de dar uma volta pela floresta um pouco, posso? - pergunto, torcendo, implorando mentalmente o sim.
- Não sei não, a alcateia é dentro da floresta, se alguém te pegar lá vão achar que você quer invadir, tomar o território, isso não seria bom.- ela me explica.
- Vai por favor, é rapidinho eu prometo, você vai antes de mim qualquer coisa você avisa, e também prometo não ir afundo dentro dela, é só uma voltinha, por favorzinho.- junto as mãos e imploro.
- Ta bom menina calma, não precisa disso tudo, mas quero que vá rápido, dois v's, já sabe né? E por favor, muito cuidado, mais atenção, do jeito que você é avoada e desastrada, e cuidado para não esbarrar com nenhum humano por ai, sei que eles fazem muita trilha dentro daquela floresta.
- Obrigadaaa! - sorrio animada. A abraço e dou um beijo- Já disse que te amo hoje?
- Falsa, cínica. -diz rindo.
Faço cara de ofendida.
- O coração chega dói assim.
- Aham, vai logo antes que eu mude de ideia. - sorri - Eu já estou indo também, você me encontra la ok? E, presta atenção na hora que você for, a alcateia é bem escondida por conta dos humanos - Ela me avisa.
- Vou lembrar disso, beijo, estou saindo. - mando um beijo da porta.
Vou andando até uma parte afastada da floresta para me transformar e não correr o risco de alguém poder ver. Enquanto caminho sinto o vento passando, eu amo essa sensação e amo o tempo frio que tem por aqui.
Quando me afasto o suficiente olho pros dois lados só pra confirmar que estou mesmo sozinha. Começo a tirar a roupa rapidamente, apesar de eu adorar a sensação dela rasgando durante a transformação odeio ter que desperdiçar ou jogar fora alguma peça. Quando já estou completamente nua acho um buraco em uma árvore e guardo a roupa.
Começo a transformação. É uma coisa bem nojenta de se ver, ela seria um momento muito rápido ao olho humano, mas a gente consegue pegar cada detalhe dela e hoje eu agradeço por não doer mais, as primeiras transformações são horríveis, é uma dor insuportável, ossos quebrando, pele rasgando, enfim, horrível!
Olho para o chão e vejo grandes patas lupinas, eu amo essa forma, o tamanho é totalmente diferente, eu de uma certa forma me sinto superior assim, e pra melhorar eu ainda estou crescendo. Faro melhorado, audição melhorada, visão, força, velocidade. Tudo se expande milhões de vezes, é realmente uma sensação maravilhosa.
Arranho a árvore em que coloquei a roupa para poder encontra-la mais fácil depois.
Começo a andar para dentro da floresta, olhando as árvores altas, o vento balançando os galhos e as folhas, paro por um momento e fecho os olhos. Escuto os pássaros, esquilos, a água corrente, qualquer barulho mínimo chama minha atenção.
Começo a correr sem uma direção em mente, ver os animais menores correndo enquanto você passa, com medo, sem saber pra onde ir é realmente engraçado. Escuto o barulho de galhos quebrando um pouco longe dali. Descido ir atrás cautelosamente e vejo uma corça jovem andando tranquila por entre as árvores. "Opa, sorte, acho que da pra matar a saudade e da uma desenferrujada".
Tento chegar o mais perto possível dela, com o mínimo barulho. Estou quase chegando a uma distância agradável quando eu piso em um galho e a corça começa a correr imediatamente. "Droga", começo a correr atrás dela, fico alguns segundos a perseguindo até que a pego. Minhas garras em suas costas e minha boca em seu pescoço, em poucos segundos seu espírito já não está mais entre nós.
Ela não é tão grande quanto eu gostaria, em comparação ao meu tamanho e como estou em "fase de crescimento" preciso me alimentar bem. Começo a come-la até sobrar só os ossos e uma parte da cabeça. Pensando assim deve ser nojento mas eu acho tão bom, é irresistível. Uma parte do meu pelo branco está coberta por sangue que está bem contrastado pela diferença de cor.
Quando estou completamente satisfeita saio andando pela floresta até que o barulho da água corrente vem até mim. Vou correndo até o rio, passando por um córrego com pequenas cachoeiras e algumas pedras espalhadas. Pulo dentro dele, a sensação da água gelada no meu corpo quente é ótima. Bebo água e tento tirar um pouco do sangue, sem muito resultado. Nado um pouco e subo em cima de uma pedra, me sacudo tirando o excesso da água, deito e aproveito um pouco do sol que está tendo ali.
Abro os olhos escutando o agitamento dentro da floresta. Alguns animais pequenos passam por ali correndo, olham para mim e se apressam mais. Escuto passos pesados vindo nessa direção. "Se não for um alce, pode ser um urso, ou, um igual a mim" de tão fortes que as passadas era, só esperando para ver. Sinto um cheiro muito agradável chegando, um doce suave, não sei explicar, mas era muito bom.
Olho atenta para o lugar em que o cheiro se aproxima, ele está se aproximando rapidamente. Fico encarando o suposto lugar que vai chegar quando vejo um vulto preto parar bruscamente, deixando algumas marcas de garras na terra.
É muito grande, tipo, enorme mesmo, devia ter uns 2,30m se duvidar mais. Tinha olhos tão vermelhos que pareciam sangue. Ficamos nos encarando pelo que pareceu um século, até que ele franziu o senho e começou a dar passos lentos em minha direção. Muito lentos.
Começo a ter um leve nervosismo, mas bem de leve mesmo.
-"Okay, você não vai correr até que você veja algum indício de que ele vai te matar ou coisa parecida".
-"Eu posso te ouvir você sabe disso não é?"- Eu escuto a voz dele.
-"Droga, esqueci que dessa forma não se tem privacidade".
-"E eu ainda estou te ouvindo, e respondendo seu comentário, você conseguirá sua "privacidade" quando for mais experiente, criança".- Me aproximo dele e vejo como realmente ele é enorme.
-"Criança? Quem você acha que é pra me chamar de criança? Você não é muito diferente de mim, idiota".- Já perco a paciência, que legal.
-"Ah criança eu sou uma pessoa muito importante, e pelo que eu estou vendo, sim somos bem diferentes". -Diz ele me rodeando. -"Mas afinal, quem é você e o que está fazendo aqui? Sabe que esse território tem dono não sabe?"- Diz sentando a minha frente e me encarando.
-"Não me chame de criança, que saco, você se acha muito superior não é? Babaca."-Digo me colocando mais ereta tentando aparentar ser maior. -"Quem eu sou não te interessa, e sim eu sei que esse território tem dono, e só para não te deixar sem informação, estou indo falar com o babaca dono dele agora, se você me der licença"- O olho e vejo um rastro de um sorriso, mas bem de leve. -"Ta rindo de que palhaço?" - O Olho séria.
-"Oh criança, sim pode passar"- Ele levanta e chega bem próximo de mim.-"Só toma cuidado de como anda falando por aí " -Ele da uma fungada bem perto da área do meu pescoço como para gravar o cheiro e da espaço para eu passar.
Meus pelos eriçam levemente enquanto passo por ele lentamente o encarando. -"Babaca".- Resmungo antes de "correr" até o lugar onde deixei minha roupa.
Vejo um traço de riso em seu rosto.
Eu não sou grossa assim com os outros, não sei o que me deu para agir assim mas enfim. Agilizo o passo pois minha avó já deve estar me esperando faz tempo.
Volto a forma humana, visto a roupa e parto para procurar a alcateia.
🐾🐾🐾
É isso por hoje gente, espero que gostem, até depois. Beijos :*
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Destiny (hiatus/revisão)
WerewolfElizabeth Boucher mora com sua avó Elize Boucher na Inglaterra. Seus pais morreram quando ainda era criança na luta de fugir da sua antiga casa que estava sendo atacada por caçadores. Elizabeth e Elize são lobisomens, na época da fuga, essa espécie...