Seus olhos vermelhos

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Uma semana havia se passado, e Max ainda não havia encontrado respostas para as suas dúvidas. A cartinha anonimata que recebeu andava por ai consigo para cima e para baixo, já que não a quis retirar de dentro da sua mochila.

Bradley, após demonstrar a mínima humanidade que ainda restava em si, voltou a perturbar Max sempre que possível. O Goof retrucava todas as provocações, mas não deixava de relembrar, quando estava prestes a descansar depois de um longo dia, a estranha conexão que sentiu com o de olhos azuis antes da prova de química que realizaram.

Nesse instante, com a cabeça afundada nos traveseiros, retornava naquele momento mais uma vez. Resolveu mexer em seu celular que estava sobre a escrivaninha ao lado do beliche que dividia com Bobby, o qual já roncava na cama acima de si.

Abriu uma rede social qualquer e deslizou o dedo sobre a tela, sem muito rumo. No entanto, definitivamente, não esperava encontrar uma foto de Bradley; era uma selfie do mais velho, e ao fundo podia se ver uma cama de solteiro perfeitamente arrumada e uma janela gigante, na qual enquadra-se a bela imagem da lua brilhante no horizonte. Além de seus lindos olhos azuis, a feição suave e levemente cansada atraíram a atenção de Max.

"Ele é meio...fofo?" O garoto pensou, prensando os lábios e virando de lado na cama. Brad estava com um pijama de cetim vinho e estava debruçado contra uma mesa de estudos.

A postagem foi uma recomendação do aplicativo, já que não seguia Brad em seu perfil pessoal. Seu corpo pareceu agir por si próprio, pois nem notou quando curtiu a publicação.

Ficou por alguns segundos encarando a foto e escutou Bobby se engasgar no próprio ronco antes de seu celular apitar com uma nova notificação. Levantou uma das sobrancelhas e cerrou os olhos, intrigado quando conferiu quem estava lhe contatando.

Era Bradley.

"Ei, garotinho, seu papai não te ensinou que não pode ficar acordado depois das vinte e três horas?"

Era o que estava escrito na mensagem, Max revirou os olhos, digitando rapidamente em seguida:

"Não. Mas ele me ensinou a ter respeito, diferentemente do seu, pelo visto."

Do outro lado da tela, Bradley encontrava forças para manter seus olhos abertos. Passou praticamente a noite toda estudando o assunto novo passado em sala de aula. Estava exausto, bocejou e soltou uma risada anasalada ao ler a resposta rápida.

"Sou respeitoso com quem merece."

Foi o que retrucou e foi agil em sair do chat de mensagens por um segundo para entrar no perfil de Max, encontrando muitas postagens com os amigos, com o pai e as que estava sozinho. Nessas, especialmente, Brad perdia tempo, fitando as fotos como se quisesse decorar cada traço do rosto jovial.

Bradley poucas vezes já se apaixonou nessa vida, visto que tinha um certo medo de não ser o suficiente ou de ser explorado, novamente. Uma vez teve um relacionamento até que duradouro, mas a garota só o enxergava como uma porta para muitas oportunidades. Ele não a amava, mas machucou seu âmago.

Por um tempo, não quis aceitar quando começou a sentir um frio na barriga ao pensar em Max. Não sabe o exato momento que ocorreu o nascimento de um sentimento tão evitado por si, mas sentia que pelo fato de Max não puxar seu saco ou ao menos demonstrar um pingo sequer de medo ao enfrentá-lo, desde quando se conheceram, já o cativava bastante.

Ele voltou ao chat, notando que havia uma notificação pendente.

"Sei, se você repetir isso várias vezes talvez comece a acreditar."

Seu Quase InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora