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Essa desconexão entre quem sou por dentro e o que os outros veem por fora me enche de uma ansiedade constante. É uma pressão em meu peito, uma sensação de que a qualquer momento tudo pode desmoronar. Tenho medo de que nunca consiga ser visto, reconhecido, aceito como sou de verdade. A ansiedade me aperta como uma mão invisível, me sufoca, me impede de respirar, porque cada dia que passo nesse corpo errado parece me levar mais longe do que eu desejo ser. E quanto mais distante eu me sinto, mais desesperado eu fico.

O desespero é como um buraco sem fundo. É a sensação de que não importa o quanto eu lute, nunca vou conseguir sair dessa prisão. Nunca vou conseguir namorar de verdade, nunca vou conseguir amar sem ser consumido pela disforia. A ideia de estar em um relacionamento, de permitir que alguém me toque, me apavora. Porque, como posso esperar que alguém me ame quando eu mesmo sinto tanto ódio por esse corpo que carrego? Como posso ter qualquer tipo de intimidade quando a ideia de ser tocado me faz querer desaparecer? Todas as vezes que penso nisso, sou invadido por uma tristeza tão profunda que parece não ter fim.

Às vezes, a tristeza é tudo o que sinto. Ela me mata por completo. É a dor de ser invisível, a dor de não poder ser quem sou, de estar preso nesse corpo, nessa vida, onde cada tentativa de ser feliz parece um sonho distante. Eu me sinto sozinho, mesmo cercado de pessoas, porque ninguém sabe quem eu sou de verdade. E essa solidão me machuca mais do que qualquer outra coisa. É como se estivesse perdido em um labirinto sem saída, onde cada passo que dou me leva mais fundo na escuridão.

No final das contas, tudo o que eu queria era ser visto. Ser visto como sou, ser amado por quem sou de verdade, sem precisar esconder partes de mim. Mas, até lá, estou preso nesse infinito.

Problemas De Um Garoto Trans Onde histórias criam vida. Descubra agora