Escrever sempre foi meu refúgio, meu esconderijo mais seguro. Quando o peso do que não posso dizer se torna insuportável, adentro nas palavras, escrevi universos onde posso ser quem sou, sem medo ou culpa. É irônico, na verdade: enquanto as palavras libertam os personagens que crio, elas me prendem em um casulo de silêncio. Eu as uso para camuflar o que sinto, transformando minha dor em metáforas e minhas angústias em rimas. Os poemas tristes que já escrevi na minha vida é uma confissão disfarçada, uma súplica para que alguém, em algum lugar, entenda o que realmente estou tentando dizer.
A tristeza é minha companheira. Ela me abraça quando estou sozinho, nas noites em que a lua é a única luz dos meus pensamentos mais sombrios. Nesses momentos, a dor de esconder quem sou se torna insuportável, e tudo o que desejo é gritar ao mundo a verdade que guardo tão fundo. Mas o medo sempre me cala. É horrível, pois... quanto mais escondo, mais dói; quanto mais dói, mais me escondo. As palavras, que deveriam ser minha salvação, acabam se tornando correntes invisíveis, me prendendo nas minhas dores mais dolorosas.
Eu me vejo como um estranho em meu próprio corpo, vivendo uma vida que não é completamente minha. Escondo meu verdadeiro eu atrás de sorrisos forçados e respostas ensaiadas, tentando evitar as perguntas que tem mais medo de responder. É como viver em um estado de alerta, esperando que alguém veja através da máscara que uso todos os dias. Mas ao mesmo tempo, há um desejo de ser visto, de ser aceito, de finalmente ser livre. Eu sou um garoto preso entre duas realidades: a de quem eu sou e a de quem os outros esperam que eu seja. E essa diferença é podre, me consume um pouco mais a cada dia.
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Problemas De Um Garoto Trans
AcakBasta ler, que saberás de todos os meus problemas. Oi, me chamo Roberto. Escrevi uma série de desabafos e crônicas sobre meus problemas sendo um garoto trans não assumido. Ao longo dos capítulos, escrevo sobre meus pensamentos e sentimentos, transfo...