5. O Despertar

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Finalmente, o dia chegou

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Finalmente, o dia chegou. Depois de tanto vai e vem, de preencher pilhas de formulários, assinar um monte de papéis, responder a uma enxurrada de perguntas, finalmente consegui resolver toda aquela maldita burocracia pra levar Karina pra casa comigo. Lá estávamos nós, na saída do hospital, nos despedindo das enfermeiras. E, por um milagre, ela não parecia apavorada de sair comigo. Talvez fosse o jeito como eu escolhi as palavras, cada uma escolhida a dedo, tentando passar alguma segurança, alguma confiança.

Ela não tinha malas, só algumas roupas que as enfermeiras arranjaram pra ela, doações, coisas que mal enchiam uma mochila. Era como se estivesse começando do zero, sem nenhum vínculo, nenhuma raiz. E eu me sentia do mesmo jeito, como se estivesse soltando a respiração que segurava há dias, finalmente podendo deixar pra trás aquele lugar que cheirava a desinfetante e desesperança.

Chegamos no estacionamento, o som dos passos dela ecoando baixinho atrás de mim. Procurei meu carro, e Karina me seguia em silêncio, mas eu via os pequenos gestos, os detalhes que ela tentava esconder, tipo quando apertou a alça da mochila com força ao sair do hospital. Era sutil, mas dava pra notar o nervosismo.

— Tá tudo bem aí? — perguntei, tirando as chaves do bolso, tentando quebrar aquele silêncio.

Ela só balançou a cabeça, dizendo sim, sem dizer nada.

— Karina, só queria que você soubesse que, se quiser ir embora a qualquer momento, tá tudo bem, de verdade — falei, com a voz bem calma, quase um sussurro. — Mas se decidir ficar... e se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me dizer.

— Obrigada... — ela respondeu, num tom tão baixo que quase não ouvi. — É só que... é tudo assustador.

Dava pra ver que ela estava nervosa, e quem não estaria? Toda essa situação, tão repentina... devia estar mexendo muito com ela. Eu queria que, a partir de agora, as coisas fossem mais leves, menos sufocantes. Então, uma ideia me veio à mente.

— Ei, sabe o que a gente podia fazer? — falei, tentando parecer mais animada. — Que tal dar uma passadinha no shopping? Comprar roupas novas pra você. O que acha?

— Mas... eu... não tenho... — ela começou, meio sem jeito, a voz tremendo de leve.

— Ah, fica tranquila. Considera um presente de boas-vindas. — insisti, forçando um sorriso pra tentar aliviar o clima.

Ela ficou em silêncio, parecia perdida nos próprios pensamentos, me olhando com aqueles olhos profundos, como se estivesse tentando decidir se aceitava ou não.

— Vamos lá, eu insisto mesmo. Não é muito legal recusar presentes, sabia? — falei, tentando brincar pra quebrar o gelo. — E olha, quem sabe no futuro você não me dá um presente de volta? A gente pode combinar assim, que tal?

Karina me lançou um olhar curioso, parecia estar ponderando. Depois de uns segundos, vi o rosto dela se iluminar com um sorriso tímido.

— Então... isso quer dizer que é um sim? — perguntei, cheia de esperança.

Finding Karina - WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora