3. A tempestade

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Acordei atordoada, sem a menor noção de que horas eram

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Acordei atordoada, sem a menor noção de que horas eram. O quarto estava completamente escuro, as cortinas ainda fechadas, e eu me sentia totalmente perdida. Quanto tempo eu dormi? Será que já é manhã ou ainda madrugada? Tentei lembrar da noite anterior, mas tudo estava meio confuso... Ah, é, a gente encerrou a noite no Fish & Coco, mas só depois que Yeji começou a vomitar como se não houvesse amanhã. Ela estava tão bêbada que o álcool não tinha mais espaço no estômago dela.

A gente até pensou em chamar um táxi, mas logo descartei a ideia. Imagina uma mulher completamente bêbada, sozinha, na madrugada chuvosa? Isso é pedir para virar alvo de algum cretino por aí. Melhor eu mesma levá-las para casa.

Primeiro, levamos a Yeji. Coitada, estava tão fora de si que não conseguia nem pegar o elevador ou abrir a própria porta; a gente teve que fazer tudo por ela. Depois, levei Hwasa para casa. O marido dela, Dan, voltou comigo para buscar o carro dela no Fish & Coco. Hwasa é pansexual e casada com Dan, um homem trans. Eles estão juntos há séculos, mas só oficializaram o casamento ano passado. Enquanto isso, a chuva continuava caindo forte, parecia que a noite não ia acabar nunca.

Depois de tudo isso, acho que apaguei no carro mesmo, na garagem. Pelo jeito, dormi tanto que Ning teve que me carregar pro quarto.

Hoje eu estava pensando em passar no Estúdio de Arte. Queria pegar a Yeji de surpresa, já que é aquele dia da semana em que só os professores aparecem por lá; normalmente, só tem o pessoal da administração na Blue House, então parece o momento perfeito pra conversar sobre o que rolou ontem à noite.

Não estou me iludindo, nem acho que tem algo a mais acontecendo, mas sinto que preciso entender melhor o que está rolando.

Decidi que não vou avisá-la que estou indo. Quero que seja uma surpresa mesmo. E pra deixar a visita ainda mais especial, vou comprar algumas flores pra ela.

Atravessei a rua com o buquê de flores na mão, sentindo aquele nervosismo subir. O estúdio ficava numa antiga casa de dois andares, pintada com cores bem chamativas – azul, amarelo, laranja – dava pra ver de longe, alegrava o bairro todo. Uma grade preta separava a calçada do estúdio, e fui abrindo o portão, caminhando até a porta de vidro, entrando na recepção pequena. As instalações não eram grandes, mas o espaço era bem aproveitado, perfeito para um ateliê.

— Bom dia, Beca — cumprimentei a professora na recepção, tentando parecer tranquila. — Você sabe onde encontro a Yeji?

— Bom dia, Winter! Ela está no escritório — Beca respondeu, sorrindo amigável. Yeji sempre cuidava de tudo por aqui, sendo a diretora, ela tinha uma sala só dela.

Agradeci e segui pelo corredor. O estúdio estava bem quieto, diferente do barulho alegre dos alunos que normalmente enchia o lugar.

Passei por algumas salas pequenas e pela escada que levava ao escritório da Yeji no segundo andar. Enquanto me aproximava, ouvi vozes. Parei um segundo. Ela estava conversando com alguém, então achei melhor esperar. Me sentei em uma das quatro cadeiras pretas perto da porta, tentando me acalmar.

Finding Karina - WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora