Capítulo 7

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Erik

Depois que chegamos em São Petersburgo, evitei contato com Yara o máximo que pude e me mantive afastado de casa para resolver meus próprios problemas. Um desses problemas tinha nome, Alexander.

Ele podia ser meu irmão mais velho, mas parece que nem a idade era capaz de colocar algum juízo naquela mente maníaca. Mesmo reprovando a maioria das suas ações, Alexander ainda era importante para a nossa organização, era inteligente e tinha uma aura autoritária e sanguinária, prefiro ter ele como meu aliado do que como inimigo. Mas isso significava limpar as merdas que ele fazia, e ultimamente ele tem feito muita merda!

Eu sabia que para Alexander era uma humilhação receber ordens do irmão mais novo, mas esse era seu fardo, já que ele era um bastardo. Ele carregava o sobrenome Romanov, uma tentativa de manter as aparências, mesmo que todos soubessem que Alexander não era filho do grande Konstantin Romanov. Era mais do que óbvio que Alexander nunca seria herdeiro do império que meu pai criou, e eu entendia, até certo ponto, o motivo da sua rebeldia. Mas as coisas estavam indo longe demais, e a aparição de Yara no meio da nossa discussão de ontem piorou ainda mais a situação.

— Espero que a ratinha Rogulski não tenha escutado nada ontem, não confio nela. — Alexander mordeu uma panqueca enquanto praguejava.

— Ela tem nome, e agora é minha esposa — mantive meu tom firme.

— Casar com ela foi idiotice, unir-se com a família que quase te matou? Isso é no mínimo ridículo, não se engane, essa garota pode ser uma armadilha.

— Já chega Alexander — vociferar, a raiva fervendo em meu sangue. — Não sou idiota de colocá-la debaixo do meu teto e muito menos me casar com ela se não soubesse exatamente onde estou me metendo e com quem estou lidando. Yara é inofensiva, e será bom termos ela por perto para manter o velho Rogulski nas nossas mãos.

Os olhos azuis de Alexander brilharam com intensidade. Eu senti sua raiva me corroer, eu via em seus olhos a vontade avassaladora que ele tinha de fazer as coisas de modo diferente, mesmo que soubesse que minhas decisões fossem assertivas. Ele gostava de guerra e carnificina, mas precisava manter sua posição na organização, sabia que eu era o único que garantia sua posição confortável no alto escalão da máfia, afinal ele era um bastardo, e segundo as regras do conselho, ele não deveria ter a posição de poder que tem.

Yara logo se juntou a nós para o café com seu olhar assustado e é claro que Alexander não perdeu a oportunidade de ser ácido e fazer comentários inescrupulosos. Era perceptível o terror em seus olhos, não que eu me importasse muito, mas algo dentro de mim se agitou com aquele olhar. Alexander continuou com os comentários, e o medo transbordava nas feições da garota.

Essa era uma das péssimas emoções perceptíveis no semblante de Yara desde nosso casamento. Suas feições expressavam medo em todas as vezes que estávamos juntos, e aquilo de alguma forma estava me incomodando, o que não deveria acontecer. Mesmo me mantendo distante de Yara, pedi para que Alfred me mantivesse atualizado sobre seus movimentos, caso houvesse algo suspeito, e seus relatórios eram sempre os mesmos. Ela só saia do quarto para dar algumas voltas no jardim e se alimentar, passava a maior parte do tempo sozinha e não procurava conversar com ninguém. Alfred sempre demonstrava preocupação com a garota, eu por outro lado, achava que estava tudo dentro dos conformes desde que ela não me causasse maiores problemas. Mas algo estava mudando.

A forma como Yara me olhou quando a arrastei para o quarto, o medo em sua voz, as lágrimas... Aquilo estava me incomodando. Eu poderia ter parado Alexander durante o café da manhã, mas não o fiz. Pioraria a situação toda, o ego de Alexander gritaria mais forte e eu não estava com paciência para mais uma discussão. Posso resolver a situação com Yara mais tarde.

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora