Capítulo 8

330 33 9
                                    

Yara

Ainda sentia minhas mãos formigando. A adrenalina pulsava em meu corpo, lembrança viva das palavras que finalmente liberei. As palavras que, por dias, estavam presas em minha garganta, sufocando-me. Agora, ao menos uma parte daquele peso havia sido aliviada. Eu estava cansada de ser manipulada, cansada de viver uma vida que não escolhi e de ser tratada como escória. O olhar cortante de Erik não me intimidaria mais. Mesmo que nossa união fosse uma fachada, ele poderia, ao menos, ter a decência de me tratar com respeito. Chega de me acovardar. Decidi que dançaria conforme a música. Mas, desta vez, eu escolheria os passos.

Minha mente ainda estava tão imersa nesses pensamentos que quase não percebi a presença de outra pessoa no corredor. Foi apenas quando esbarrei em alguém que voltei à realidade.

— Olhe por onde anda! — a voz aguda e autoritária soou, carregada de desprezo.

Levantei os olhos para encontrar uma mulher que parecia ter saído diretamente de uma passarela. Seus cabelos loiros platinados caíam em ondas perfeitas ao redor de seu rosto esculpido, os olhos verde-esmeralda cintilavam com uma mistura de arrogância e superioridade. Sua postura era impecável, o corpo alto e esbelto, envolto em roupas que exalavam luxo. Havia algo quase magnético nela, uma presença que não podia ser ignorada.

— Você deve ser a esposa do Erik, não é? — A mulher inclinou a cabeça, os olhos verdes me avaliando de cima a baixo, como se estivesse decidindo se eu merecia sua atenção.

— Sim, me chamo Yara. E você seria quem? — respondi, tentando manter a voz firme.

— Ah, claro, Yara. — disse ela, com um sorriso que não alcançava os olhos. — Eu sou Beatrice, assistente particular de Erik e Alexander.

Havia algo na forma como ela falava, uma sensualidade que parecia ser parte de sua essência. O tom prepotente e a maneira como ela mantinha o queixo erguido, como se fosse a dona do lugar, mostravam que Beatrice estava acostumada a ser a mulher no comando.

— É bom conhecer os subordinados do meu marido.

Beatrice arqueou uma sobrancelha, o sorriso nos lábios se tornando mais afiado.

— Subordinada? — Ela soltou uma risada curta, quase musical, mas com uma ponta de ironia. — Querida, eu não sou apenas uma subordinada. Erik confia em mim para tarefas que você nem consegue imaginar. Mas é bom ver que tem confiança... mesmo que um pouco mal colocada.

A maneira como ela falava, com uma mistura de arrogância e condescendência, me irritou profundamente. Mas eu não podia deixar que ela percebesse isso.

— Confiança é algo que deve ser demonstrado, não é? — retruquei, mantendo meu tom de voz firme. — Espero que o que você faz realmente seja digno dessa confiança.

Beatrice deu um passo à frente, invadindo meu espaço pessoal, seus olhos fixos nos meus com uma intensidade quase sufocante. Ela inclinou a cabeça ligeiramente, o sorriso afiado ainda presente em seus lábios.

— Sabe, Yara — ela começou, sua voz agora mais baixa, mas carregada de veneno. — É difícil imaginar como Erik teve coragem de se rebaixar a isso. Você é tão... comum.

Cada palavra parecia ser escolhida para cortar, para diminuir. Senti meu estômago se revirar, mas mantive meu olhar fixo no dela, recusando-me a recuar. Beatrice continuou, um brilho malicioso em seus olhos.

— Mulheres como eu fazem homens como Erik desejarem mais. Ele sempre precisou de alguém forte ao lado dele, alguém que entendesse o que realmente significa estar nesse mundo. E, sinceramente, não consigo ver isso em você.

Mafioso MascaradoOnde histórias criam vida. Descubra agora