Na manhã seguinte, no pátio do Palácio da Névoa:
— Homens, não deixaremos que tal crime bárbaro fique em pune! — reverberou Marcus a uma centena de Bordos, soldados do exército de Lutumora. — Quanto ao inominado, vocês já o conhecem. Mas, ele não estava sozinho. Não pude identificar o segundo assassino, pois usava uma máscara. Por isso, interroguem qualquer mascarado que encontrarem pela frente. Tragam os dois com vida, mas não hesitem em matá-los se for preciso! — continuou.
Marcus desembainhou sua espada e a ergueu, apontando para o céu e gritando: — Vermelha como sangue, fria como outono!
— A lâmina dos Bordos! — gritaram todos os soldados, em resposta a ele.
Algumas horas depois, em algum lugar de Vaal:
— Bonehart, acorde! Acorde! — sussurrava Páleas enquanto o sacudia repetidamente.
Bone abriu os olhos lentamente. Estavam vermelhos e inchados e seu corpo parecia dormente.
— Já amanheceu, precisamos sair logo daqui. — alertou Páleas.
— Tem razão. Vamos voltar para o pântano.
Após a fuga na noite passada, esconderam-se atrás de uma pilha de feno em um celeiro. Passaram a noite ali. Páleas mal conseguiu dormir e Bone adormeceu logo que deitou. Rapidamente recolheram seus pertences e saíram do local em direção ao Pântano Vermelho.
Enquanto caminhavam, Bone lembrou-se que, ao acordar no celeiro, viu a espada de Páleas recostada sobre a pilha de feno e sua lâmina estava suja de sangue.
— Diga, Páleas, você conseguiu ferir Marcus? — perguntou, encarando a espada enferrujada embainhada nas costas do espantalho.
— Não, pelo menos não com a espada. Esse sangue é de outro homem. — respondeu, ao perceber que o amigo encarava a espada e continuou: — Antes que eu chegasse até você, eu fui atacado pelas costas por alguém e, quando percebi, já havia defendido o golpe com essa espada, mesmo sem ter olhado para trás. Corri para tentar fugir, mas fui perseguido e então tive que lutar. Em algum momento fui jogado contra uma parede pela força de um chute e caí sentado no chão. Quando o agressor veio em minha direção apontando a espada para mim eu finquei minha espada em sua barriga. Ele caiu de joelhos apoiando-se em sua espada. Nesse momento consegui escapar.
— Era um homem? Conseguiu ver seu rosto? — questionou Bone.
— Ele era grande e parecia ser um homem. Não pude ver seu rosto. Ele usava um capuz e uma máscara metálica cobrindo o rosto até a altura dos olhos.
"Terá sido esse homem o assassino de Luna?" — pensou Bonehart. Os dois caminharam por mais algum tempo até chegarem ao grande arbusto onde ficava a barraca de Bone. Chegando lá, o arbusto estava cortado de forma que abriu uma grande passagem para dentro. Bonehart rapidamente entrou, seguido por Páleas. A barraca tinha vários rasgos e, do lado de dentro, tudo estava revirado.
— Não, não, não! O que fizeram com meu palácio!
— Acho que não podemos mais ficar aqui. — disse o espantalho, virando-se e caminhando para fora do arbusto.
— Parado aí, rapaz! — gritou alguém.
Páleas virou-se lentamente. Bonehart estava rendido. Um homem, atrás dele, segurava um de seus braços e apontava um punhal para seu pescoço pronto para cortá-lo.
— O que está fazendo aqui seu velho idiota? Como acharam esse lugar? — esbravejou Bone.
O homem era Tibério, Senhor de Lutumora. Ele vestia uma capa e um capuz sobre sua cabeça, mas Bonehart imediatamente o reconheceu.
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O Espantalho, o Livro e o Ladrão - As Crônicas de Páleas Caput
FantasyAs Crônicas de Páleas Caput - O Espantalho, o Livro e o Ladrão Um espantalho desperta dentro do tronco de uma árvore no Reino de Lutumora. Não lembra-se de nada, nem mesmo seu nome. No Pântano Vermelho, ele recebe um alento e um fio de esperança . E...