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Angelique Mercier

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Angelique Mercier

O DIA tinha sido corrido, estava exausta mas muito feliz.

Havia conseguido o emprego por mérito da minha irmã, mas, manteria ele pelo meu.

Enquanto andava pelas ruas, meu coração pulsava de entusiasmo. A expectativa de finalmente estar mudando a página me enchia de esperança.

Nunca tive nada que fosse meu por completo, tudo vinha do suor do papai. Estava feliz por ter algo que era meu, meu emprego.

Ajeitei meu aparelho quando percebo que o som das ruas movimentadas pelo horário de pico haviam diminuído drasticamente.

Outra coisa coisa que era graças a ele, minha surdez. Tenho quase 80% da audição danificada.

Eu tinha apenas 12 anos quando aconteceu. Naquele dia, papai havia chegado em casa meio estranho, tombava para os lados e ria sozinho. Mas quando me viu encolhida no canto da sala, sua expressão se fechou. E qualquer tentativa de acalmá-lo apenas parecia piorar a situação.

Lembro de implorar para que parasse. Então, ele chutou meu rosto com tanta força que minha cabeça bateu no chão em um baque surdo.

Imediatamente, e confusa, senti uma dor lancinante  e escutei um zunido ensurdecedor. Atordoada e incapaz de me levantar, fiquei assistindo o homem pegar seu paleto e seguir para a rua novamente.

Não consigo me lembrar de mais nada daquela noite. Apenas do dia seguinte, do meu desespero quando percebei que não escutava absolutamente nada. Mal conseguia ouvir minha própria voz, que parecia distante e abafada.

Apanhei muito por não responder meus pais, e apanhei mais ainda quando descobrimos que a pancada havia causado uma lesão permanente nos tímpanos.

Saio dos meus pensamentos ao lembrar que não tinha contado ao papai do emprego, ele não ficava em casa durante o dia, mas uma hora dessa, já deveria estar em casa.

Uma pequena nuvem de ansiedade começou a se formar em minha mente. Respirei fundo, tentando me acalmar. Mas, não adiantaria de nada, ele iria me matar.

Assim que passei pela porta, senti todo o medo se transformar em pavor quando o vi sentado na poltrona que sempre fica. Mal tive tempo de explicar antes que ele começasse a falar.

- Então você está trabalhado e decidiu me esconder isso? - disparou, a voz carregada de raiva.

- Papai, não era certeza ainda... eu.. - tentei responde-lo, mas as palavras pareciam falhar.

- Fale direito, garota. - ele interrompeu, avançando em minha direção. - Você tem ideia do quanto isso me desrespeita?

- Desculpe, eu só... não queria causar problemas... - novamente, fui interrompida. Mas dessa vez, pelo peso da sua mão contra minha bochecha. meu coração estava disparado, uma sensação familiar de pavor se instalando. E as lágrimas que segurava, já a escorregavam livremente pelo meu rosto, me sentia a criança assustada que sou.

- Você precisa aprender a me respeitar. - todo o medo o sentimento dentro de mim se triplicou, já sabia qual seria meu castigo.

O homem deu alguns passos para trás, retirando o cinto.

- Já sabe o que fazer.

- Papai... Por favor, eu.. - eu mesma me calei ao notar seu maxilar se fechando ainda mais.

Sem a mínima escolha, com os dedos trêmulos, comecei a desabotoar a blusa social que vestia, mantendo o sutiã. Assim que o pano estava no chão, me ajoelhei e fechei os olhos.

Comecei a soluçar baixinho quando senti ele juntar meus fios e coloca-los de lado.

Damon Lancaster.

ACORDEI quando notei meu rosto esquentando, havia esquecido tanto a cortina, quanto a janela aberta.

Não demorei a levantar, já indo para debaixo do chuveiro. Escolhi um terno cinza claro para hoje, pretendia almoçar com meus pais.

Sentia que o dia seria ótimo.

Mas, no entanto, ao sair de casa, as coisas começaram a dar errado. No caminho para a empresa, o trânsito estava mais pesado do que o normal, e como sou um poço de impaciência, já estava puto com a situação. Quando finalmente consegui avançar, um carro atrás se chocou na traseira do meu. Puta que pariu.

O impacto não foi intenso, mas foi o suficiente para me irritar mais ainda. Sai do carro para verificar os danos e resolver a situação.

- O senhor se machucou? - perguntei ao ver o homem sair do carro.

- Estou bem! Arque com seu carro que eu arco com o meu, certo garoto? - se ainda tinha qualquer resquício de calma em mim, acabou de ir embora.

- Se tomou a liberdade de me chamar de garoto, tenho total liberdade de te chamar de velho. Já anotei sua placa, e a câmera de ré pegou o impacto. Espere a ligação do meu advogado. E se não o atender, será a intimação do juiz. - não deixei que respondesse e entrei no carro, já ligando para o advogado da família e explicando o caso.

Já dentro do carro notei que meu copo de café havia derramado na batida e sujado a lateral da minha calça. - Ótimo, era só isso que me faltava - murmurei, olhando para a mancha marrom que se espalhava pelo tecido.

Chegando no escritório, minha única vontade era de dar meia volta e ir embora, e quase fiz. Mas no caminho, ele avistei Angel. Ela parecia distraída, e a irritação que sentia começou a ressurgir. No entanto, ao olhá-la mais de perto, algo mudou.

A expressão no rosto da pequena mulher, era uma mistura de tristeza, isso fez todo o ódio desaparecer. E quando percebi, já estava diante da mesa dela.

- Srtª Angel? Tudo bem? - estava tão distraída que se assustou com minha aproximação repentina. Dei um sorriso observando o pequeno pulo que ela deu. Adorável. - Desculpe, não tinha a intenção.

- Tudo bem, senhor! Bom dia! Estou bem, e você? - A preocupação se dissipou ao ver o sorriso que ela direcionou para mim.

Eu era um tolo. Até ontem estava fugindo, e hoje quase ficou de quatro e dou a patinha para uma garota de um metro e cinquenta.

- Bem também! Consegui finalizar alguns relatórios, se tiver interesse em vê-los, apareça na minha sala mais tarde. Tudo bem? - Não a deixei responder, sai marchando até minha sala e me tranquei lá, aguardando que ela venha.

Deixei o trabalho ao redor de lado e comecei a refletir sobre ela. Sua presença parece iluminar o ambiente. Havia algo muito especial nela que começou a me atrair de uma maneira que não consiguo explicar.

Talvez por ser tão bonita, ou pela forma que seus fios dançam naturalmente em torno do rosto e seus olhos que, mesmo parecendo distantes, radiava uma luz interna.

Reparei também na nossa diferença de altura, sou bem mais alto, o que cria uma dinâmica interessante. Me cativei como ela parece tão pequena e delicada ao meu lado, como se eu fosse feito para protegê-lá.

Sua inocência, era isso! A ideia de possuí-la, já me deixava extasiado.

A obsessão se solidificava em meu coração, e eu pouco me importava com isso. - Ela vai ser minha - refleti, a determinação só crescia dentro de mim. - Não importa o que aconteça.

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Obrigada por lerem até aqui!

Até breve,
att.
stss.

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⏰ Última atualização: Oct 14, 2024 ⏰

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BROKEN WINGS || Lancaster.Onde histórias criam vida. Descubra agora