Capítulo 1 - A assassina virá atrás de mim!

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São quase dez da noite e após um plantão de fim de semana exaustivo no hospital de San Diego, Rebecca só desejava um banho relaxante e uma boa noite de sono, mas não imaginava que tudo em sua vida vai mudar dali em diante.

Saindo do elevador para o estacionamento vazio, vai até seu carro, um corolla cinza, em sua vaga. Procura distraída, suas chaves com dificuldade dentro da bolsa encontrando-as no fundo, e aciona o botão para destravar as portas do automóvel. De repente, ouve um gemido agonizante vindo detrás de um carro. Ela vira subitamente e chama por alguém. Sem resposta, dá alguns passos em silêncio para espiar de onde veio o barulho arrepiante e acaba se deparando com uma cena aterradora.

Uma garota de cabelos longos e escuros segura uma pistola com silenciador disparando várias vezes contra um ser de aparência estranha e sombria. Seu rosto indica que os dois lutaram e com algum esforço a atiradora conseguiu se sobressair.

Apavorada, deixa a bolsa cair chamando a atenção da garota que olha em sua direção. Ela tem o olhar profundo, obscuro, mas no segundo seguinte, seus lindos olhos brilham ao encara-la de um jeito que, por um momento, a faz esquecer tudo. Ela logo volta a si e corre para o carro. Entra rápido, mas lembra das chaves que deixou cair com a bolsa.

― Porra! ― ela xinga batendo forte no volante.

― Está procurando isso? ― disse a voz dentro do carro atrás dela. Sem coragem de encara-la, ela olha de relance pelo retrovisor e a vê no banco de trás com sua bolsa no colo e as chaves do seu sedã na mão. A doutora se arrepia de medo. Nem ouviu a porta do carro abrir ou fechar. Como ela entrou tão rápido ali?

― Não devia deixar o carro aberto. Alguém pode entrar. ― desesperada, ela tenta fugir, mas a garota de jaqueta escura usa a chave para travar as portas. ― Nem pense nisso. ― alerta sem se mover.

― Por favor, não me machuque! ― suplica apavorada. Ela ignora.

― Por favor, ligue o carro e dirija. ― ordena com a voz firme. Rebecca balança a cabeça como um gesto afirmativo e ela entrega suas chaves. Pegando-as devagar, sente um arrepio vindo dela quando toca sem querer sua mão fria, ela vira-se para dar a partida.

― Para onde vamos? ― pergunta aflita.

― Saia do prédio. Mostrarei o caminho. ― ela ordena tranquila. Obedecendo sem questionar, Rebecca segue todo o trajeto indicado pela garota sombria, observando-a de vez em quando pelo retrovisor. Ela estava imóvel encolhida no canto escuro do banco traseiro, a única coisa que faz é dizer o caminho "vire a esquerda, depois à direita", "continue na estrada" até o carro sair da cidade. Finalmente ela manda encostar.

― É aqui que eu fico. ― ela então se move sorrateiramente até o rosto dela por trás sussurrando em seu ouvido. ― Se disser a alguém o que viu ou ouviu essa noite, volto e quebro seu lindo pescoço. Fui clara? ― ela balança a cabeça afirmando apavorada e a garota misteriosa sai do carro. ― Obrigada pela carona. Espero que você não me veja novamente.

Ela torce pelo mesmo. Voltando para a estrada, pisa fundo e dirige aliviada até uma delegacia.

No seu depoimento, Rebecca descreve a suposta assassina para o delegado: mulher na casa dos 30, cabelo preto, mais ou menos um 1,70m, olhos castanhos puxados, apesar de ter tido um vislumbre de serem totalmente pretos, mas descartou a visão, também muito atraente e educada apesar de tê-la ameaçado de morte.

Enquanto ela explica o ocorrido ao delegado, um policial encarregado de averiguar sua denúncia vai até o local do crime. Ela coloca seu longo cabelo castanho três vezes atrás da orelha enquanto bate o pé no chão impaciente esperando o delegado se desligar de uma ligação após tê-la ouvido atenciosamente durante todo o tempo.

― Tudo bem... hmm... Aguardo seu retorno. Até logo! ― fala o delegado Tomas ao telefone.

― E então, vocês já têm uma suspeita? ― questiona ansiosa.

― Doutora Jones, acabo de ser informado pelo meu investigador que não há nenhum corpo ou indício de que houve um crime de assassinato no local que a senhorita afirma ter visto.

― O quê!? Deve haver algum engano, ele pode ter errado o endereço ou então...

― Doutora, penso que deve ir para casa descansar. Ficar 24 horas de plantão é bem cansativo, deve estar exausta. O diretor do hospital disse...

― Espera aí! O senhor está sugerindo que eu tive algum tipo de alucinação!? Sei o que eu vi! Vi uma pessoa ser assassinada a sangue-frio! Não pode deixar isso passar. A assassina virá atrás de mim!

― Tenha calma doutora, se a deixar tranquila, posso disponibilizar uma viatura com dois dos meus melhores homens para levá-la a sua casa, mas é só isso que podemos fazer. Sinto muito. ― ele lamenta.

Rebecca sai do escritório do delegado, furiosa por ele não ter dado a mínima para sua denúncia. Ela já havia se arriscado demais indo até aquela delegacia e agora vai ficar sozinha em seu apartamento esperando que a assassina misteriosa não venha ao seu encontro.

A alguns quilômetros dali, a misteriosa e sombria mulher de olhos castanhos conversa com um homem mais velho de expressão ainda mais sombria, sentado em uma enorme poltrona numa sala escura. Ele parece preocupado. Sabe que a visita não traz boas notícias.

― Ela me viu. ― disse Sarocha inquieta. O senhor na poltrona se move desconfortável.

― Sabíamos que um dia isso poderia acontecer. Você a despistou? ― pergunta o mais velho com curiosidade. Ela dá de ombros.

― Ela não vai dizer nada.

― Não a conhece tão bem quanto imaginei. Ela é curiosa, inteligente e corajosa. Essa é uma combinação perigosa para você. Continue próxima Sarocha. Ela pode estar em sérios apuros. ― meneando a cabeça, Sarocha sai apressada.

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