Desgaste e Conforto

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Oie, boa leitura!


Lisa caminhava lentamente pelas ruas, o céu tingido em tons laranja e rosa enquanto o sol se punha no horizonte. As árvores balançavam suavemente ao vento, e as folhas que caíam dançavam no ar. Ela sentia o peso do mundo em seus ombros. Os passos eram pesados, arrastados, como se o chão a puxasse para baixo a cada movimento. Após um dia onde os pensamentos rodavam em sua mente como um redemoinho, ela finalmente decidiu ir para casa. Mas mesmo com o fim do dia se aproximando, Lisa sabia que a verdadeira tempestade estava apenas começando.

Ao chegar em casa, a primeira coisa que notou foi a ausência de sons acolhedores. Em vez disso, o silêncio opressivo que pairava no ar fez seu estômago revirar. As luzes estavam acesas, e ela podia sentir a tensão no ambiente antes mesmo de entrar.

Assim que abriu a porta, sua mãe estava lá, parada na sala, com os braços cruzados e uma expressão que Lisa conhecia muito bem. A fúria contida e a decepção estavam estampadas em seu rosto.

— Finalmente resolveu aparecer, Lisa — a voz da mãe soou fria, cortante, como se estivesse segurando sua raiva há horas.

Lisa suspirou, deixando a porta fechar atrás de si.

— Eu precisava de um tempo para mim, só isso — ela tentou justificar, sua voz baixa, quase apagada.

— Tempo para você? E o que você acha que estamos fazendo aqui? Esperando que um milagre aconteça enquanto você perambula por aí? — A mãe não esperou por resposta. — Nós nos preocupamos com você, Lisa, mas você age como se fosse a única pessoa no mundo com problemas.

Aquelas palavras atingiram Lisa como um soco no estômago. Ela sentiu a culpa se espalhar por seu corpo, mas também havia algo mais ali, uma fagulha de revolta que ela não conseguia controlar.

— Eu sei que vocês se preocupam, mas eu também tenho minhas próprias coisas para lidar! — Lisa se defendeu, a voz subindo um tom, sua paciência finalmente se esgotando.

O pai, que até então estava sentado na poltrona em silêncio, ergueu os olhos do jornal que fingia ler e lançou-lhe um olhar severo.

— Isso não é desculpa para sair por aí sem avisar e voltar quando bem entender — ele disse, a voz grave e cheia de reprovação. — Você deveria estar estudando, se preparando para o futuro. Não podemos continuar sustentando esse comportamento irresponsável, Lisa.

— Eu estou tentando! — Lisa quase gritou, sentindo as lágrimas se acumularem em seus olhos. — Mas vocês não veem o quanto isso é difícil para mim? Vocês só... só veem o que querem ver!

A mãe bufou, claramente irritada.

— Difícil? Você não sabe o que é difícil, Lisa. Difícil é sustentar essa casa, é garantir que você tenha tudo o que precisa para ter um futuro melhor. E o que você faz? Joga tudo isso fora!

Aquelas palavras, tão cheias de desdém, eram como facadas no coração de Lisa. Ela sabia que seus pais queriam o melhor para ela, mas sentia que eles não compreendiam o quanto a pressionavam, o quanto aquela cobrança constante a sufocava. Tudo o que ela queria era uma pausa, um momento para respirar sem se sentir afogada pelas expectativas deles.

— Eu não estou jogando nada fora, mãe — disse Lisa, com a voz quebrada, mas tentando se manter firme. — Eu só... eu só preciso de espaço para encontrar o meu caminho.

A mãe balançou a cabeça em descrença.

— Espaço? O único espaço que você vai encontrar é no seu quarto, estudando. Agora, vá para lá antes que eu perca a paciência de vez.

Caminhos de Esperança - JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora