Oie. Bom capítulo, espero que gostem!💖
A tarde se arrastava em tons de cinza, com o som suave da chuva tocando o asfalto das ruas, como se o próprio mundo chorasse em silêncio. Lisa caminhava sem rumo, sentindo o peso de cada gota que caía, como se a água tentasse lavar as mágoas que carregava no coração. Ela havia saído de casa às pressas, mais uma vez fugindo das palavras cortantes e dos olhares de desaprovação que sempre a aguardavam ali. O ambiente familiar, que deveria ser um porto seguro, era na verdade um campo minado de críticas e desprezo.
Desde pequena, Lisa sabia que havia algo de errado. A cobrança incessante dos pais, a falta de compreensão e o rigor excessivo eram como grilhões que a prendiam em uma vida de expectativas irreais. Aos 19 anos, ela já carregava cicatrizes invisíveis, marcas de uma batalha diária que travava consigo mesma, tentando ser perfeita aos olhos de quem nunca a aceitaria como era.
O conflito mais recente havia sido particularmente doloroso. Suas escolhas pessoais, que para ela eram tentativas de encontrar alguma forma de liberdade e identidade, foram novamente atacadas com uma violência verbal que deixou Lisa sem chão. As palavras de seus pais ecoavam em sua mente, repetindo que ela era uma decepção, alguém que nunca estaria à altura do que esperavam. Lisa sabia que não poderia continuar naquele ciclo de dor, mas também não sabia para onde ir.
Enquanto vagava pelas ruas, tentando escapar dos pensamentos que a atormentavam, Lisa se viu diante de um prédio simples, mas acolhedor. Era o centro comunitário do bairro, um lugar onde pessoas se reuniam para buscar apoio, mesmo que ela não soubesse exatamente que tipo de apoio precisava. Algo a fez parar ali, como se uma força invisível a empurrasse para dentro. Talvez fosse o desejo desesperado de encontrar um lugar onde pudesse, ao menos por um momento, se sentir menos sozinha.
Ao entrar, Lisa foi recebida por um ambiente calmo, quase silencioso. O cheiro de café fresco e papel velho era reconfortante, contrastando com a tensão que havia deixado para trás em casa. As paredes do centro eram adornadas com cartazes de eventos e avisos de atividades, e o som abafado de conversas vinha de uma sala ao fundo. Ela se aproximou de um quadro de avisos, onde um folheto em particular chamou sua atenção: "Grupo de Apoio para Jovens — Um Espaço para Falar e Ser Ouvido".
Lisa hesitou, seus dedos trêmulos segurando o folheto. A ideia de falar sobre seus problemas com estranhos era assustadora, mas algo dentro dela a impelia a tentar. Ela seguiu as indicações no folheto até a sala indicada, seus passos leves ecoando no corredor vazio.
Quando chegou, encontrou um pequeno grupo de jovens já reunidos em um círculo, suas vozes baixas preenchendo o espaço com uma aura de confidência e solidariedade. Cada um deles parecia estar ali por motivos diferentes, mas havia uma espécie de entendimento silencioso entre eles, como se soubessem que, de alguma forma, todos ali compartilhavam algum tipo de dor. Lisa ficou parada na porta, sem saber se deveria entrar ou dar meia-volta e fugir.
Foi nesse momento que Jennie a notou. Sentada em uma cadeira próxima à janela, Jennie parecia estar organizando alguns papéis, mas assim que viu Lisa na porta, ela sorriu de forma acolhedora, um sorriso que não era exagerado nem forçado, mas que transmitia uma gentileza genuína.
— Oi, você está aqui para o grupo? — perguntou Jennie, sua voz suave quebrando a barreira de hesitação que envolvia Lisa.
Lisa assentiu, sentindo seu rosto esquentar ligeiramente com o nervosismo.
— Sim... Eu... Eu não tenho certeza se deveria estar aqui — respondeu ela, sua voz mal se fazendo ouvir.
Jennie se levantou e se aproximou, mantendo o mesmo sorriso encorajador.
— É normal se sentir assim na primeira vez. Todos aqui já passaram por isso. Sinta-se à vontade para se sentar, e você não precisa falar se não quiser. Apenas ouça, se isso te fizer sentir melhor.
Lisa respirou fundo e, após uma breve pausa, entrou na sala. Ela escolheu uma cadeira um pouco afastada do grupo, onde poderia observar sem ser o centro das atenções. Jennie voltou ao seu lugar, mas antes lançou mais um olhar tranquilizador na direção de Lisa, como se quisesse deixar claro que ela estava segura ali.
A reunião começou com cada jovem compartilhando um pouco de suas experiências, suas vozes carregadas de uma vulnerabilidade que tocou Lisa de forma inesperada. Ela ouvia atentamente, absorvendo cada palavra, cada história, e, pela primeira vez, sentiu que não estava completamente sozinha em sua dor. Havia algo reconfortante em saber que outras pessoas, de diferentes maneiras, também lutavam contra seus próprios demônios.
O primeiro a falar foi Taeyong, um jovem de cabelos castanhos e olhos tristes, que parecia estar sempre evitando contato visual.
— Eu estou aqui porque… — ele começou, hesitando. — Eu perdi minha mãe há seis meses. Ela era tudo pra mim, e desde que ela se foi, meu pai começou a beber. Agora, eu mal o reconheço. Ele desconta a dor dele em mim, e às vezes parece que ele se esqueceu que eu também perdi alguém. Eu me sinto tão sozinho em casa, e cada dia que passa, parece que estou me afundando mais nesse buraco de tristeza. Não sei como sair disso. Eu tento ser forte, mas… — sua voz falhou, e ele abaixou a cabeça, deixando o silêncio preencher o espaço.
Após alguns momentos de quietude respeitosa, Jennie, que estava liderando o grupo naquela noite, falou com uma suavidade que parecia abraçar Taeyong.
— Obrigada por compartilhar, Taeyong. Lidar com o luto e o isolamento é incrivelmente difícil, e é importante lembrar que você não precisa passar por isso sozinho. Estamos aqui para você.
Em seguida, foi a vez de Rosé, uma jovem de cabelos loiros e olhos castanhos. Ela parecia mais confiante, mas quando começou a falar, sua voz revelou uma vulnerabilidade que estava bem escondida.
— Eu… Venho aqui há alguns meses — começou Rosé, entrelaçando os dedos nervosamente. — Meu problema é com a ansiedade. Eu tenho ataques de pânico desde os 15 anos, e isso tem me impedido de fazer coisas simples, como sair com amigos ou até mesmo ir à escola. Eu me sinto uma prisioneira dentro de mim mesma, e é difícil explicar para as pessoas ao meu redor o quanto isso é sufocante. As pessoas sempre dizem que ‘é só uma fase’ ou que ‘eu estou exagerando’, mas a verdade é que eu me sinto… quebrada.
O grupo permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Rosé. Jennie sorriu para ela, cheia de compreensão, e disse:
— Rosé, sua coragem em falar sobre isso é incrível. Nós estamos todos aqui para te apoiar, e espero que esse espaço possa te dar a força para enfrentar esses medos, um dia de cada vez.
Lisa ouviu esses desabafos com atenção, sentindo-se estranhamente conectada a essas pessoas, mesmo sem conhecê-las bem. As histórias de Taeyong e Rosé, tão diferentes das suas, ainda assim carregavam a mesma dor e confusão que ela sentia. Por um breve momento, ela considerou falar, compartilhar sua própria história, mas o medo a impediu.
Quando a reunião terminou, Jennie novamente se aproximou de Lisa, que ainda permanecia em silêncio, imersa em seus pensamentos.
— Eu sei que é muita coisa para processar de uma vez — disse Jennie, com um tom compreensivo. — Mas se você decidir voltar na próxima semana, estaremos aqui. Sem pressa, sem pressão.
Lisa olhou para Jennie, encontrando nos olhos dela uma compreensão que não esperava. Era raro alguém realmente olhar para ela daquela forma, como se visse além das aparências e realmente se importasse com o que estava acontecendo por dentro.
— Obrigada — respondeu Lisa, sua voz um pouco mais firme desta vez.
Jennie assentiu com um sorriso suave e se despediu, deixando Lisa com seus pensamentos. Quando Lisa finalmente deixou o centro comunitário e voltou para a chuva fria, sentiu que algo dentro dela havia mudado, mesmo que apenas ligeiramente. Havia encontrado um lugar onde, talvez, pudesse começar a construir uma nova narrativa para si mesma, uma onde não precisasse ser perfeita, mas apenas ser quem era.
O caminho de volta para casa ainda era longo e sombrio, mas agora, Lisa carregava consigo uma pequena chama de esperança, algo que a fazia acreditar que, em algum lugar dentro dela, existia a possibilidade de cura. E enquanto a chuva continuava a cair ao seu redor, Lisa decidiu que voltaria ao centro comunitário na próxima semana, disposta a descobrir se aquele pequeno raio de luz poderia, eventualmente, iluminar seu caminho.
Até breve, beijos!💖
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Caminhos de Esperança - Jenlisa
Fiksi PenggemarLisa, uma jovem de 19 anos, foge de um ambiente familiar opressor e encontra refúgio em um grupo de apoio em um centro comunitário. Lá, ela conhece Jennie, uma líder empática que oferece suporte e compreensão. Juntas, elas exploram novas formas de e...