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VINNIE HACKER•

26 de Setembro de 2006

— Desculpa, mas não temos nada para te ajudar.

Foi a resposta mais comum que eu recebi hoje.

Algumas pessoas me viam pela janela, mas nem se davam ao trabalho de abrir a porta; outras, quando abriam, apenas balançavam a cabeça e diziam que não podiam ajudar.

Era como se ninguém conseguisse ver o desespero no meu olhar, o tremor do meu corpo e das minhas mãos causadas pela roupa úmida e a baixa temperatura de Seattle.

Mas eu tinha que continuar. Drica estava contando comigo. Ela é forte, mas eu sabia que estava com frio e poderia ficar doente... Sei também que , embora Drica seja uma menina forte, ela estava com medo de ficar sozinha debaixo daquela ponte.

E eu precisava voltar o mais rápido possível.

Foi quando, já quase sem esperança, eu vi aquela mansão.

Era gigantesca, com um jardim que parecia sair de um sonho. O portão de ferro, enorme e pesado, começou a se abrir lentamente, fazendo um som que parecia ecoar no meu peito.

Um carro cinza começou a sair, mas parou de avançar assim que atravessou o portão totalmente, como se tivesse me notado ali, parado e olhando pra toda aquela grandiosidade.

A porta do carro se abriu e um homem saiu. Ele estava vestido de terno, como aqueles homens importantes que a gente vê na televisão.  Devia ter uns 40 anos, talvez mais.

Caminhou até mim com passos firmes, mas então, para minha surpresa, ele se agachou, ficando quase da minha altura.

— Olá, garoto. Me chamo Benjamin Collins. Posso te ajudar com alguma coisa? – Ele perguntou, e havia algo na voz dele que fez meu coração desacelerar um pouco.

— Oi, eu sou Vincent — Eu respondi, nervoso – E eu... eu só queria saber se o senhor tem algumas roupas que possa doar. Pra mim e pra minha... pra Drica, minha namorada. Nossas roupas estão todas molhadas da chuva de ontem, e a gente não tem mais nada seco pra vestir.

— Namorada? – Ele riu fraco — Que legal, garotão! Você deve gostar muito dela, né?

— Ela é chata, mas eu gosto dela. Fazer o que, né? – Movimentei os ombros rapidamente, para cima e para baixo.

Ele deu uma risada.

— As mulheres tem esse poder... Elas nos estressam , mas ao mesmo tempo são apaixonantes — Comentou o homem.

— Pra mim a única que tem esse poder é a minha namorada mesmo. As outras mulheres, são apenas outras mulheres. – Digo.

— Está apaixonado mesmo, né, garotão? – Ele riu novamente, e eu apenas concordei levemente com a cabeça — Pequeno Vincent, infelizmente eu não tenho crianças em casa, então não tenho roupas que possam servir pra você e sua namorada. Mas... posso oferecer comida e água. O que acha?

Eu balancei a cabeça, apreciando a oferta, mas sabia que comida não era o que mais precisávamos naquele momento.

— Agradeço, senhor, mas a gente já tem um pouco de comida. O que a gente realmente precisa agora são roupas secas. – Eu disse.

Ele ficou em silêncio por um momento, seus olhos me estudando. Parecia que estava tentando encontrar uma solução.

— Acho que posso ajudar. Conheço uma senhora que tem filhos pequenos e estava justamente com um monte de roupas para doar. Que tal você e sua namorada irem comigo até lá?

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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