Às vezes acho que nasci
com um prazo de validade
De certa forma eu acho que talvez
Depois de um determinado tempo
Deixo de ser interessante
Ou devo me tornar enjoativo
Igual um doce que alguém degusta
todo dia depois do almoço
Até que um certo dia
Decide experimentar um novo gosto
um outro sabor
Pois o doce já lhe tornou enjoativo ao paladar
Eu só queria não ter que metamorfosear tanto
me transformar
ou me refazer
Recomeços são inevitáveis
pois fazem parte da vida
De certa forma começo a pensar cada vez mais
Que eu nasci com um prazo de validade
Seria a única explicação possível
depois de tantas despedidas
Todas da mesma maneira
sempre pequenas partidas
Em pequenos gestos
quase imperceptíveis
Um preparo para quando enfim
o prazo de validade chegasse
E assim eu fosse aceitando que está
cada vez mais perto
Talvez lá fora ainda tenha alguém
que não ligue pra esses números
Ou a minha embalagem amassada
que já foi de tantas cores
Sei que não sou muitas coisas
Mas, poderia ser muitas coisas também
Assim como eu sei que não deveria ter
um prazo de validade pra ninguém
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poesias (não) tão efêmeras
PoetryUma coletânea de poesias carregadas de sentimentos (não) tão efêmeros sobre temas diversos, todos os textos carregam a essência da poeta que habita em mim desde do primeiro poema que escrevi quando quebrei meu coração pela primeira vez.