X. Chuva de Ouro

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Enfim, sábado! Convidei Danilo para vir ao Parque Chuva de Ouro, um parque lindo aqui de Pontituí. Recebe esse nome pela grande quantidade de "chuvas de ouro" plantadas no local, árvores lindas com flores amarelas que caem como uma chuva dourada. Quando venta forte, as flores caem e o gramado verde se torna um tapete amarelo vibrante. Já vim diversas vezes, mas nunca fiz piquenique ou alguma outra atividade além de caminhada e compras, vou realizar um de meus sonhos!

Cheguei no parque uma hora da tarde, procurei um lugar bonito — não que sege difícil —, estendi a toalha xadrez no gramado e comecei a arrumar as comidas sobre ela: frutas de variadas cores, uvas, mangas, kiwis, morangos, lanchinhos naturais, salgadinhos, alguns doces de loja e claro, meu maravilhoso brigadeiro — que aprendi a fazer em uma das vezes que quase ateiei fogo na cozinha.
Admito que cheguei muito cedo... marquei o encontro para três da tarde, não são nem duas e já acabei os preparativos.

De qualquer forma, o dia está lindo, o céu azul sem nuvens contrasta com a folhagem ao meu redor, há cachorros passeando com seus donos, ou pessoas caminhando com seus cachorros — sempre pensei que fossem os cães que levassem seus humanos para passear, é muito mais legal pensar assim, a final, quem vai na frente são eles, certo?

Fecho os olhos e sinto a brisa leve brincar com meus cabelos. Respiro... Inspiro... Sinto o cheiro das flores se misturando com meu perfume.
Hoje não estou tão chique quanto na noite de sexta: vesti um shorts verde musgo e o combinei com uma blusa bege. O colar, ao contrário da pulseira, me deu trabalho, enroscou no meu cabelo e bem... quando alguma coisa enrosca no cabelo cacheado ou fica para sempre ou sai uma peruca junto. Bendita correntinha!

Ao longe ouço um bem-te-vi, que mais a frente é respondido por outro e assim começam sua conversa: "bem-te-viii!" "Beem-te-vi?". Fiquei um tempo os ouvindo, quase estava entendendo o diálogo até que sinto duas mãos tapando meus olhos, já fechados, e uma voz familiar vinda de trás:

– Adivinha que é...

– Quem será?... – rio tirando suas mãos de meu rosto com um gesto suave.

Danilo entra na minha frente e senta na toalha. Ele apoia os dois braços para trás jogando seu peso neles.

– Não acredito que você preparou tudo isso...

– Gostou?... – "Por favor diz que sim! Diz que sim!"

– Adorei! Está tudo tão lindo e arrumado – ele pega uma uva – hum! – exclama satisfeito com o sabor. – Acredita que eu nunca tinha vindo aqui antes?

– O que? Por que?

– Acho que só não tive oportunidade, quando era pequeno ninguém me trouxe e acabou que nem se querer conheci. É muito lindo! – ele olha ao redor. – Você vem muito aqui?

– Minha mãe me trazia quando eu era criança, criamos o hábito de vir pelo menos uma vez por mês, foi diminuindo com o tempo, mas ainda amo esse lugar. – Por um tempo instaurau-se o silêncio, até Dani o quebrar:

– O que você costuma fazer? Sabe, no dia a dia e tals...

– Eu curto ler, na verdade, eu amo ler! Tem uma saga muito boa chamada "Até que o brilho se apague". É uma fantasia que fala sobre uma princesa elfa, Galadriel Holm, que cresceu dentro dos limites da corte real, aprendendo somente como cuidar de seus futuros filhos e marido, mas então – me animo ao contar a história – quando ela completa 17 anos, prestes a se casar com o cara nada haver, explode uma guerra na região! – o vejo em silêncio, então minha boca não se fecha – Os planos do exército não funcionam e já foram perdidos vários guerreiros então ela, como uma mulher muito inteligente, arquiteta um plano incrível para vencer o inimigo, mas ninguém a dá ouvidos... – começo a gesticular e aumentar o tom de voz até tudo ao meu redor ser uma mera brisa de verão e só Galadriel Holm importasse – Ela consegue, com muito sangue e suor, montar um exercício de mulheres do reino que juntas a alguns homens que perceberam seu poder, vencem o reino inimigo e assim... – o noto parado, me olhando, quieto.

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⏰ Última atualização: Sep 08 ⏰

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