Desde a Primavera

VIII. Estrela cadente

Nunca dormi tão bem! Não costumo dormir de jeans, mas a jaqueta dele era tão quente e confortável... o colarinho ainda tinha o cheiro do seu shampoo e os pulsos, do seu perfume. Era tudo tão bom, foi tudo tão incrível...

Me virei deitada na cama olhando pro teto enquanto muitas perguntas rodeavam minha cabeça: O que ele faria se Helen não tivesse chego? O "toda sua" era um sinal para eu não devolver a jaqueta? Porque eu realmente não estou afim de devolver. É muito cedo para marcar o próximo encontro?

– Bom dia bela adormecida! – Tomi abre a porta do meu quarto – Finalmente acordou! Que história de encontro é essa?

Ele deixa a porta encostada e se senta da beira da minha cama.

Eu acordar e dar de cara com meu melhor amigo na porta do meu quarto às 10 da manhã de um sábado é mais comum do que parece... bem, mais comum do que deveria ser...

– Tão cedo já perturbando, que isso?

– Perturbador é esse seu bafo! O Danilo já sabe que você vai dormir Cinderela e acorda gata borralheira?

– Aff! – arfo – Vou te denunciar por invasão de domicílio! – Me levanto e vou até o banheiro, e realmente... parecia que eu tinha levado um choque.

Tiro a jaqueta e a amarro na minha cintura, amarro meu cabelo de qualquer jeito num coque meio alto, lavo o rosto e começo a escovar os dentes. Tomi vem logo atrás se sentando na privada.

– Você dormiu de jaqueta?

– Aram! – concordo coma escova na boca.

– Nem sabia que você tinha jaqueta jeans.

– Nõ nhenho! – respondo.

– Mentira... Está me dizendo que...

– Aram!...

– Não que ele é um cavalheiro mesmo!

– Kô ki fafando!

– Ok, eu posso estar errado sobre ele...

– Puquê voxê nõ gosta dele?

– Não que eu não gosto, é só... –ele se arruma no vaso - não sei, senti algo estranho nele.

– Chipo u quê?

– Não sei, é como se ele estivesse escondendo algo..., mas não importa! Me conta aí, como foi o encontro?

– Ah! – começou a falar com uma mão na cintura e outra segurando a escova –Ontê a noti ele me xamô pra sai de ultchima houra...

– Cospe pra falar, não dá pra entender bulhufas do que você tá falando! – Tomi me interrompe.

– Ontem ele me chamou de última hora, aí eu fui né, por que não? – comecei a história, terminei de me limpar e voltamos pro quarto.

– Ai Tomi... Foi tão incrível, juro! A Helen, irmã dele, nos levou até o restaurante. Que. Coisa. Linda. O restaurante mais lindo que eu já fui, acho que você ia gostar, parecia um Dungeons & Dragons na vida real!

– Sério?! – Thomas é um amante jogos, principalmente de RPG. E depois eu que sou nerd né?

– Aram! A comida é tão boa e a bebida então? Nossa... – me jogo de costas na cama.

– Mas e aí? Rolou? – Tomi perguntou como se esperasse pela resposta à anos.

– É... – Me levanto e sento na cama – não.