III. 17:15?

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Às vezes me pego pensando nele: como ele é, como é sua voz, sua aparência. Ele tem cabelos ruivos como Tomi ou negros como Eiji? Sardas? Covinhas? Pintinhas? Será que ele tem um humor parecido com o meu?

– Não sei Lana, não sei! – Thomas responde.

 Ele não aguenta mais me ouvir falar do cavaleiro-lheiro. Thomas está jogado na minha cama enquanto eu estou na escrivaninha mexendo no laptop procurando todos os perfis de cada aluno da Luna.

– Fala sério! Não é possível que ele não tenha um perfil! Todo mundo tem pelo menos duas redes sociais!

– Vai ver ele é um velho – zoa Thomas – cuidado hein, ele pode ser uma farsa, ter uns 60 anos.

– Os adultos não foram de fantasia, ele não passa de 18! - respondo inquieta.

- Se você diz, senhora da razão, quem sou eu pra descordar né! – debocha.

Continuo rolando cada feed.

– Têm várias fotos com ele no fundo, até selfies, mas nenhuma marcação.

– Ele sabe mesmo esconder identidade!

– Esse é o problema...

⊹⊱•••《 ✮ 》•••⊰⊹

 Já faz umas duas semanas desde o "volta as aulas", as pessoas continuam comentando do "casal perfeito", deve ser um saco ser eles.

 É tão estranho... para todo lugar que olho vejo casais, pensei que a fase de se sentir sozinha tinha ficado no nono ano...

 Contei pra dona Fernanda sobre as pessoas na escola (eu e minha mãe amamos fofocar a vida alheia, e não adianta me nos julgar porque todo mundo gosta um pouco), contei que acho a namorada do "NicMinanto" antipática, e não estou a julgando só pela vez no vestiário, parece que ela ignora todo mundo ao seu redor.

– Talvez ela só esteja se protegendo... – diz minha mãe.
– Se protegendo? Não sou perigosa.

– Você não, mas e os outros? Você não disse que as garotas ficam falando da aparência dela só porque namora o bonitinho lá? - concordo com a cabeça - então, ela tá só tentando evitar esse tipo de pessoa.

– Tem razão..., mas sei lá, ela tem cara de brava, não brava, brava, mas tem olhos meio fechados e retos.

– Tipo os da Billie? – minha mãe de repente virou fã das músicas da Billie Eilish, acho que eu sou meio culpada por isso, vivia ouvindo na tevê.

– É! Só que menores.

 Ela mexe em algumas coisas na bancada da cozinha.

– De qualquer forma, filha, não deve julgar as pessoas assim, tenta conhecer ela, todos temos um lado sensível, ela com certeza tem um também!

– Conhecer ela? Como dona Fernanda?

– Conversa em particular. Provavelmente ela abaixaria a guarda sem mais pessoas por perto.

 Minha mãe tem razão... olhos fechados e retos... olhos, nem se quer vi os olhos dele, do cavaleiro/lheiro, caramba porque tanto mistério? Talvez ele só não goste da sua aparência, mas de qualquer forma, não tem como andar por aí com um capacete metálico! Acho que vou ter que dar uma de Eiji Nakajima e ser sociável e amigável, não que eu não seja, só fico mais na minha, mas vai que consigo algumas pistas...

– Não vai pra escola não? – meu pai interrompe meus pensamentos, como sempre... – já são 10 pras 9!

– Já estava de saída – olho pra minha mãe faz um gesto do tipo "seja gentil", enquanto pega as chaves do carro – Tchau pai. – Dou um sorriso e pego minha bolsa no sofá.

Desde a PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora