VI. A carta

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O fim de semana foi tranquilo, Tomi sempre me faz esquecer dos problemas, mas nem tudo são flores, quando voltei pra casa no domingo à noite meu pai mal falou comigo, já era de esperar.

No dia seguinte fui para escola na ansiedade de encontrar Mikaella pra ela me contar do meu amado eu finalmente encontra-lo de verdade.

Como sempre, encontrei com Tomi e Ji nos armários, os dois estavam conversando quando um papel dobrado caiu do meu armário quando eu o abri, fiquei encarando o papel no chão por alguns segundos:

– O que é isso? – Jiji pergunta atrás de mim.

– Não sei, acho que estava preso na porta – respondo me abaixando para pegar o papel.

– Admirador secreto no segundo do médio? Caramba esse deve estar apaixonado mesmo – diz Tomi.

– Quer contar algo pra gente Laninha? – Eiji

Ignorei ambos enquanto abria e lia o papel, estava escrito a caneta preta em uma letra bem... legível:

"Fiquei sabendo da sua incessante busca por um tal cavaleiro, posso te dizer que eu o encontrei, mas não revelei antes por vergonha dele, que no caso, é minha... Desde a festa não paro de pensar em seus olhos castanhos amendoados, seus lindos cachos e seu hipnotizante sorriso. Talvez possamos nos encontrar segundo intervalo nas escalas leste?

Te aguardo– seu cavaleiro."

Meu mundo caiu, tudo parecia rodar e pular e de repente as cores ficaram mais vivas, será que tem alguma coisa ilícita nesse papel? Olhei estática para a carta com a mão na boca, tentando raciocinar se aquilo estava mesmo acontecendo ou era só o sonho que Tomi disse para eu ter sábado.

– Lana? Ok, estou achando que realmente é um admirador – disse Eiji olhando para mim depois para Thomas.

– Conta aí! Quem é o azarado que quer te atuar? – o humor de Tomi me fez acordar, só para olhar com cara feia pra ele enquanto os dois riam.

– É ele. – Foram as únicas coisas que consigui dizer.

– Ele?... – Perguntou Jiji totalmente por fora do assunto.

– Mentira! O cavaleiro?! – mexi a cabeça mordendo os lábios com um sorriso para dizer que sim

– Deixa eu ver! Deixa eu ver!

Entreguei a carta nas mãos de Tomi e os dois leram. Pareceu uma eternidade, cada expressão, cada olhar, cada suspiro, devem estar fazendo de propósito só para me deixar mais nervosa

– Rapaz... – diz Eiji quase tão chocado quanto eu – Vai atrás dele?

– Ué, lógico! – respondi.

– Por que ela não iria? – Indagou Tomi dobrando e me entregando a carta.

– A sei lá... vai que, não estou dizendo que vão, mas... – Jiji parecia um tanto preocupado – vai que não é o cavaleiro e estão armando pra você, zoando sabe?

Esse pensamento não me desanimou, mas me deixou mais pensativa, muito mais. E se de tanto eu espalhar para as pessoas que estava à procura de um cara de armadura que acharam uma brecha para me zoar? E se a pessoa simplesmente não for e me deixar plantada o intervalo inteiro? E se o cavaleiro na verdade era algum professor que quer me contar isso para eu não passar mais vergonha? E se tudo tiver sido uma perda de tempo?

– Pode até ser, mas isso ela só vai saber indo lá! – A voz de Tomi foi como um avião cortando minha nuvem de paranoias – E de qualquer forma, vamos estar lá, escondidos, mas vamos!

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