Acordo?

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- Céus, Jenny! Por quê fez isso?! Nós duas sempre conversamos sobre tudo! Se você está passando por alguma dificuldade, eu te ajudo!

Jack... Eu já entendi o seu plano... Um cara orgulhoso... Que só quer tentar se divertir... Vendo minha mãe ferrar comigo... Me pondo contra ela.... Mas... Você não vai ficar nada contente com o rumo disso...

Eu já sei como você brinca, palhaço...

Eu não voltei para o quarto naquela noite. Sentindo que eu poderia acordar e não estar em minha cama confortável e sim em alguma cama de tortura.

Dormi com mamãe me sentindo mais segura. Não me julguem, eu precisava um pouco de proteção.

Pela primeira vez foi uma noite tranquila, sem pesadelos e sim sonhos bons.

Ao acordar recebi a visão dela sorrindo para mim, acariciando de leve a minha bochecha, com um sorriso que demonstrava emoção.. Amor.

- Bom dia, filhota. - Sorriu para mim e não pude me segurar e a abracei forte - Uou! - Riu.

Senti falta disso... Desde a viagem foi tudo tão... Confuso, agitado, rápido...

- Bom dia... - Digo abafado com o rosto em seu pescoço, a senti acariciar meu cabelo.

- Conseguiu dormir? - Sua voz estava calma e leve.

- Sim, consegui. - Sorri - Mas por sua causa.

- Por que? Não estava conseguindo dormir no seu quarto?

- Ainda não me acostumei no quarto novo.

- Jenny... Poderia ter dito! Eu me preocupo com você!

- Eu sei... - Acabo soluçando e ela me afasta com cuidado para ver face a face.

- Oh querida, o que houve?

- Eu sentia falta disso... Do seu abraço... Dá senhora... - Minha voz soa embargada e entre as fungadas.

- E eu sempre estive aqui... Com você, minha filha. - Sorriu também com lágrimas e riu logo enchendo meu rosto com beijinhos e eu ria divertida, em seguida voltamos a nos abraçar pra nos acalmar.

- Okay! Okay... - Se sentou recuperando o fôlego e secando as lágrimas - O que vai querer de café da manhã? Posso fazer aquelas panquecas americanas! s mirtilos, e calda!

- Sim, eu vou gostar muito. - Sorri secando as lágrimas.

- Ótimo! Preciso lavar o rosto, com certeza eu tô um pimentão agora! - Riu mas antes de se levantar, me deu um último abraço mais apertado, e retribui na mesma intensidade.

Minutos depois saímos do quarto e enquanto ela descia as escadas, observei o corredor olhando para minha porta, e senti um clima pesado saindo dali. Aquele palhaço deve estar armando mil e umas coisas no meu quarto.

Quebra de tempo.

Na frente de meu quarto, eu encarava a porta como se fosse uma ameaça. Relembrei todo o plano criado: Entrar, Jack no quarto, se ele atacar, bato nele com a arma em minhas mãos, e se ele começar a agir de forma diferente.... Irei fingir que concordo com ele, e então.... Tentar saber sobre as crianças fantasmas. Ou pelo menos fazê-lo me levar para lá novamente.

Eu segurava um pé de cabra (que encontrei no sótão), e reunia forças e coragem para entrar em meu quarto; não sabendo o que poderia encontrar.

Móveis quebrados?

Um círculo satânico com minha foto no meio?

Vidros pra tudo que é lado?

Balões vermelhos?

Um corpo morto?

Bem... Eu não saberei se eu não conter o medo, e passar por essa porta de uma só vez!

E.. Foi isso que fiz. Toquei a maçaneta, contei até três, e.. Entrei temendo tudo que é de ruim.

Mas... A visão é do meu quarto.. Intacto.

Sem nenhum móvel quebrado, sem desenhos assustadores, sem balões com sangue dentro... Nada. Agora eu não sabia se isso é bom ou ruim. Se isso tudo é uma nova armação do palhaço.

Apertei o aço contra minhas mãos e entrei no quarto.

- Jack..? - Pergunto olhando cada canto.

Mas não escutei nada em resposta.

Estranho.

Respiro fundo e caminhei pelo quarto estranhando cada parte, e olhei o banheiro, e por precaução chequei meu guarda-roupa e o armário de calcinhas... Nunca se sabe.

- O que está fazendo? - A voz soa e gritei me virando para o palhaço incolor que mantinha um olhar sério e sombroso.

Soltei um palavrão nesse momento.

- Que merda foi essa, palhaço?! - Pergunto mas o ser incolor não disse mais nada. O observei é ele estava maior que antes, totalmente curvado me fitando.

- ... Você sumiu. - A voz rouca afirmou - Foi dormir com a mamãe? - Debochou rindo - Owww está com medo do palhaço agora, Jenny? - Aperto o pé de cabra em minhas mãos - Pelo visto não sabe brincar!

Eu me mantive em silêncio.

- Ah... Você está consumida pela raiva... Eu sinto ela em você... - Ele riu dando um passo a frente me encurralando contra o guarda-roupa - Isso não é um problema.. Também estou com raiva... Muita raiva... Você viu coisas que não deveria...

Hora de por o plano em prática.

- ... E-eu sei... - Digo fragilizada - ... Eu não sabia como aquilo iria o irritar... Me perdoe Jack....

O ser incolor me olhava sério e atento. Eu sei que sou uma péssima atriz, mas estou dando o meu melhor agora.

- ... Por favor, me desculpa.... Isso também me afetou. Podemos.. Fingir que nada disso aconteceu?

O palhaço sem cor pareceu pensar sobre minhas palavras, e apertou as mãos.

- ... Irei ver o que posso fazer... O meu acordo de paz é.. Brincar comigo! E fingirmos que isso não aconteceu! - Sorriu estendendo a mão. Acordo.... Com certeza tem algo ruim por trás disso...

Observei sua mão, de garras e coberta por faixas desgastadas.

-... Claro.

E.. Segurei sua mão





𝐴𝑞𝑢𝑒𝑙𝑎 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑆𝑒𝑚 𝐶𝑜𝑟  {𝐽𝑎𝑐𝑘 𝑅𝑖𝑠𝑜𝑛ℎ𝑜}  Onde histórias criam vida. Descubra agora