capítulo 3

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UCKER 



Decidi pegar leve nas festas. Fiquei tão destruído ontem à noite que Tucker teve que me carregar no ombro até meu quarto, de tão tonto que eu estava. Mas esse não é o único motivo, embora tenha sido um fator importante na minha decisão.
É sexta à noite e não apenas recusei um convite para uma festa de um dos caras do time como estou segurando o mesmo copo de uísque há mais de uma
hora. Nem toquei no baseado que Dean continua empurrando na minha direção.
Estamos em casa, enfrentando o frio do início da primavera, amontoados no pequeno quintal. Dou uma tragada no cigarro enquanto Dean, Tucker e Mike Hollis, outro cara do time, passam o baseado, e eu meio que ouço Dean recapitular o sexo selvagem da noite passada. Minha mente vai e volta para
minha própria aventura, a garota que me levou para um banheiro no andar de cima e fez o que bem entendeu comigo.
O.k., eu estava bêbado e minha memória talvez não seja confiável, mas me lembro de enfiar um dedo até ela gozar na minha mão. E me lembro muito bem de uma chupada espetacular. Mas não vou contar isso a Tuck, já que ele resolveu controlar minha vida sexual. Enxerido.



— Espera, volta um pouco. Você fez o quê?
A pergunta de Hollis me traz de volta ao presente.
— Mandei uma foto do meu pau — responde Dean, como se fosse algo que ele fizesse todos os dias.
Hollis me encara, boquiaberto. — Sério? Você mandou uma foto da sua rola? Como se fosse, sei lá, uma recordação do sexo selvagem?
— Não. Mais como um convite para repetir — explica Dean, com um sorriso.
— E você acha que ela vai querer dormir com você de novo?— Hollis parece na dúvida agora. — No mínimo, a menina está achando que você é um babaca.
— De jeito nenhum. Elas adoram uma boa foto de pau. Vai por mim.
Hollis pressiona os lábios como se estivesse tentando não rir. — Ah, tá. Claro.
Bato as cinzas do cigarro e dou outra tragada. — Só por curiosidade, o que define uma ‘boa foto de pau’? A iluminação? A pose?
Estou sendo sarcástico, mas Dean responde com uma voz solene. — O truque é manter o saco de fora.
Isso provoca um riso alto de Tucker, que engasga no meio de um gole de cerveja.
— É sério — insiste Dean. — Saco não é fotogênico. As mulheres não querem ver.
Hollis não consegue conter a risada, soltando o ar em baforadas brancas que flutuam no ar frio da noite. — Parece que você pensou muito no assunto, cara. É meio triste.
Rio também. — Espera aí, é isso que você faz quando fica no quarto com a porta trancada? Tira fotos do pau?
— Ah, fala sério, até parece que sou o único que já tirou uma foto do pau.
— Você é o único — Hollis e eu respondemos em uníssono.
— Até parece. Não acredito em vocês.— De repente, Dean percebe que Tucker não respondeu, e não perde tempo em denunciar seu silêncio. — Rá.
Sabia!
Arqueio uma sobrancelha e me viro para Tuck, que pode ou não estar
corando sob a barba, vai saber. — Sério, cara? Mesmo?
Ele dá um sorriso encabulado. — Lembra aquela menina que eu namorei ano passado? Sheena? Ela me mandou uma foto dos peitos. E disse que eu tinha que retribuir o favor.
Dean fica boquiaberto. — Pau por peitos? Cara, você foi enrolado. De jeito nenhum as duas coisas estão no mesmo nível.
— O que ele deveria ter mandado então? — pergunta Hollis, curioso.
— O saco — declara Dean, antes de dar uma longa tragada no baseado. Ele sopra um anel de fumaça enquanto todo mundo ri da observação.
— Você acabou de dizer que as mulheres não querem ver isso— ressalta Hollis.
— E não querem mesmo. Mas qualquer idiota sabe que uma foto do pau requer nu frontal completo em troca.— Ele revira os olhos. — É uma questão de
bom senso.



Alguém pigarreia junto à porta de correr atrás de mim. Alto.
Viro e vejo Anne de pé. Sinto um aperto tão forte no peito que minhas costelas doem. Ela está de calça legging e com uma das camisas de treino do
Poncho. O cabelo escuro está solto, caindo sobre os ombros. Linda.
Como o péssimo amigo que sou, imagino Anne usando a minha camisa de treino. Com o meu número nas costas.
O que aconteceu com a promessa de aceitar a realidade e seguir em frente?

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