Último suspiro

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Desde que descobriu sobre o medalhão, Regulus percebeu que Voldemort era muito pior do que pensava. Claro que ele sabia de todos os absurdos que ele perpetuava, o próprio Regulus foi obrigado a compactuar com isso e fazer missões terríveis que ainda o assombram, mas uma horcrux? É algo tão pesado, tão mórbido, foi a última gota. Regulus soube que precisava agir, mesmo que isso significasse trair o homem mais temido da atualidade. Mesmo que o preço disso seja sua vida.

Ele desce as escadas da mansão Black com Monstro em seus calcanhares, explicando novamente tudo que eles precisam fazer. Monstro que o contou sobre a horcrux, Monstro que foi obrigado a escondê-la e foi abandonado para a morte. Se não fosse a ordem de Regulus para que ele voltasse pra casa, ele teria morrido. Assim que Regulus descobriu, ele jurou se vingar.

Regulus vai morrer essa noite, ele sabe disso. Ele é só mais uma pessoa descartável para Voldemort, de qualquer forma, como todos são. Ele se sente melhor sabendo que morrerá traindo o Lorde das trevas e fazendo com que ele vire mortal novamente. Fazendo com que os outros bruxos tenham uma chance de lutar contra ele.

Ele bolou um plano. Sempre foi inteligente, escreveu um bilhete para Voldemort, fez uma cópia do medalhão e pediu para Monstro que aparatassem pra caverna. Monstro obedeceu, como sempre fazia.

O ar é denso com a presença da magia negra, e Regulus sente um calafrio correr por sua espinha. O lago diante deles é sombrio e parece uma massa líquida de trevas, ele respira fundo e conjura o barco para que possam atravessá-lo.

Quando alcançam a pedra, Regulus vê o líquido que ele precisa beber. O mesmo líquido que Monstro teve que beber e quase não sobreviveu a isso. Black sabe que ele próprio não sobreviverá.

— Não importa o quanto eu grite ou implore para que você pare, você vai me fazer beber até a última gota, me entendeu? — ele diz pro elfo.

— Mestre Regulus, por favor… — Monstro tenta lutar, sem sucesso.

— É uma ordem. E é ela que você vai seguir — ele interrompe e Monstro se cala. Ele precisa obedecer seu mestre, é o seu único dever — Depois disso, você vai pegar o medalhão verdadeiro e voltar para casa. Você tem que destruir ele, entendeu? Você vai destruí-lo e nunca contará pra ninguém o que aconteceu comigo.

— Entendi, mestre — Monstro responde, sua respiração falhando.

Ele não sabe como destruí-lo, mas confia em Monstro o suficiente para que o faça. Ele saiu de casa buscando a morte, e em todo o caminho, a única coisa que se passa em sua cabeça é James. Eles nunca mais se falaram depois do término, Regulus nunca permitiu, ele fugiu de James até que ele desistisse, porque isso era o melhor a ser feito.

Regulus olha pra poção vendo toda a dor que vai sentir hoje e pensa nele. Em seu cabelo, seus óculos e sua risada. Ele pensa em seu toque, que sempre causava arrepios. Pensa em todas as noites que passaram juntos. Pensa em como seu coração se quebrou em mil pedaços quando ele teve que terminar com ele, e em como ele se quebrou de novo quando ele apareceu namorando Lily Evans um ano depois.

Ele não culpava James, apesar de tudo. Era sua própria culpa que o consumia. Culpa de não conseguir fugir de sua família abusiva. Culpa de entrar pros comensais e fazer todos os trabalhos sujos, mesmo que isso o matasse se ele não fizesse.

No fundo ele sabe que James merece ser feliz e que Lily é a chave para que isso aconteça, para que ele consiga amenizar toda a dor que Regulus causou.

— Ok, tudo bem, vamos lá — ele diz respirando fundo e pegando a primeira concha. Ele bebe o líquido e seu corpo começa a tremer. A dor é tão excruciante que ele cai de joelhos, sentindo o ar sendo sugado se seus pulmões. Ele quer gritar, quer chorar, quer ir embora, mas ele não pode.

Regulus está deitado no chão, abraçando os próprios joelhos enquanto sente as lágrimas descendo pelo seu rosto. Ele se lembra da primeira vez que levou uma maldição cruciatus de seu próprio pai, a dor que ele sente agora é três vezes maior. Ele grunhe pensando em tudo que há de ruim.

Monstro pega mais uma concha e a leva até a boca do Black, Regulus grita:

— Não, sai daqui! Não faça isso comigo!

— Vamos, mestre, por favor, você precisa — ele suplica, o sonserino deixa que o líquido entre em sua boca e grunhe novamente, se encolhendo no chão.

— Pare com isso! — ele grita, exasperado — Eu prefiro morrer, Monstro, me mate, é uma ordem! — Era uma nova ordem, mas Regulus havia deixado bem claro que não era pra Monstro obedecê-lo depois que ele começasse a tomar a poção, eles precisavam manter o plano.

— Eu sinto muito, sinto muito, sinto muito — o elfo diz, seu corpo inteiro tremendo enquanto as lágrimas embaçam seus olhos. Ele pega outra concha e dá para seu mestre. E de novo e de novo, ignorando todos os gritos, súplicas e ofensas.

Regulus sente tanta dor que não consegue respirar, ele sente uma sede insuportável e a poção ainda queima sua garganta.

— Água, por- por favor, me dê água — as palavras custam a sair de sua boca.

— Só mais uma concha, mestre, vamos — Monstro diz, fazendo com que Regulus beba o resto do líquido. Ele o faz e entrega o medalhão falso para Monstro, que pega o verdadeiro que apareceu na pedra da poção e o coloca em seu lugar.

Enquanto isso, Black se arrasta pela pedra, indo em direção ao lago escuro para matar sua sede. Ele mal consegue se manter acordado quando a água se agita e mãos esqueléticas começam a emergir, os Inferi despertados pela magia da caverna. Eles começam a se arrastar para fora da água, avançando sobre Regulus, que usa seu último esforço para gritar quando o elfo vem em sua direção:

— Vá embora sem mim, Monstro! Agora! Destrua ela! Prometa! — os Inferi o alcançam e se arrastam pela sua perna. Ele tenta chutá-los e usar sua varinha, mas ele está fraco demais pra isso.

Mesmo chorando e relutante, o elfo obedece, murmurando que sente muito enquanto aparata para fora da caverna, deixando seu mestre sozinho.

Regulus dá um suspiro de alívio vendo que seu plano deu certo, sentindo a água congelante inundando-o à medida que as criaturas mortas-vivas o agarram e o veneno corrói seu corpo.

Enquanto é puxado pro fundo do lago, Regulus vê a luz se apagando e solta seu último suspiro engasgado, chamando pelo nome de James.

Enquanto é puxado pro fundo do lago, Regulus vê a luz se apagando e solta seu último suspiro engasgado, chamando pelo nome de James

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A vida e a morte de Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora