Eu e ela ficamos nos encarando calados. Até que após alguns segundos ela gaguejou vermelha:
— D-digo! Não nesse sentido! — tentou se explicar — Eu desejei que... — olha para o lado corada — que a gente pudesse viver muitos anos juntos e bem — o meu coração faltou sair pela boca de tanta felicidade em ouvir aquilo. Eu também gosto muito de como estamos agora — eu queria aproveitar esse momento para te agradecer.
— Me agradecer? — franzi a testa.
— Sim — sorriu meiga — você me salvou naquela noite, há mais ou menos 9 meses. Se não fosse por você, nem era para eu estar viva — eu ri e ela franzeu o cenho — que foi?
— Você não sabe... mas eu vou te contar agora — olhei nos olhos dela — a verdade é que foi VOCÊ que me salvou naquela noite.
— Eu? — apontou para si mesma.
— Sim.
9 meses atrás — 19h11min.
Saí do mercadinho — onde eu comecei a trabalhar recentemente — com a cabeça já atormentada, pensando no que terei de enfrentar quando chegar em casa como todo santo dia. Não sei porquê eu ainda tenho a esperança de chegar em casa e poder ter uma noite de paz.
Ser filho único também tem o seu lado negativo. Agora que minha mãe se foi, restou só a mim e Jun-ho. Como se a minha saudade, a minha dor e o vazio que eu sinto já não bastasse, meu "pai" inferniza a minha vida. Toda noite ele chega bêbado em casa e fica batendo na porta do meu quarto, que eu deixo muito bem trancada porque senão eu ganharia uma surra toda vez que ele chegasse. Quando eu chego depois dele, eu tenho que entrar escondido, e às vezes não dá certo.
Me sinto tão cansado... cansado de lembrar a todo momento que minha mãe se foi e eu não consegui impedir, cansado de olhar para o meu pai e recordar daquele dia, cansado de conviver com a culpa. Eu me pergunto muitas vezes: o que eu fiz para ser tão infeliz assim? Eu atirei pedra na cruz? Eu matei alguém? Eu roubei? Eu fiz algo de tão ruim?
Eu só queria que tudo acabasse. Eu não sei o motivo de eu estar ainda vivendo nesse mundo. Eu preferia ter morrido com ela porque parece que um pedaço do meu corpo foi arrancado. Não vejo mais graça em nada, por mim, nem levantava da cama. Uma das piores coisas é continuar morando no mesmo lugar que ela partiu, cada canto da casa lembra ela. É indescritível. Nem em um milhão de palavras eu poderia descrever a dor do luto.
Depois de minutos andando eu cheguei em casa e a olhei, soltei um suspiro exausto. Vejo que a porta estava entreaberta, já tomo consciência de que terei que entrar escondido. Me aproximo dela e já ouço vidros sendo quebrados. No momento que abri um pouco a porta para ver disfarçadamente onde Jun-ho estava, ele virou seu olhar a mim, como se estivesse só me esperando. Seu cabelo desalinhado e úmido, seu rosto suado e avermelhado, sua camiseta meio aberta, seu olhar transtornado e uma garrafa de soju na mão esquerda (ele é canhoto) dedurava que ele tinha mesmo bebido.
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𝙎𝙖𝙡𝙫𝙖 𝙋𝙤𝙧 𝙀𝙡𝙚 - 𝒥𝑒𝑜𝓃 𝒥𝓊𝓃𝑔𝓀𝑜𝑜𝓀. (𝘾𝙊𝙈𝙋𝙇𝙀𝙏𝙊)
FanfictionNa noite em que Diana andava sem rumo pelas ruas escuras de sua cidade, devastada por dentro, Jeon Jungkook apareceu e a salvou. • Shortfic; • História original; • Temas sensíveis; • Xingamentos; • Violência; • Sem hot. 🥉21° Bad (25/08/2024). 🥉68°...