25:Real propósito.

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No dia seguinte antes do horário de saída do trabalho,  fui surpreendida por uma ligação de Sarah. Ela, sem muito rodeio, me disse que estava sentada na escada de minha casa, me esperando, e que eu tinha no máximo dez minutos para voltar. Sarah e suas visitas inesperadas sempre me assustam um pouco.

No momento em que vi a mensagem, eu já estava a caminho da sala de Natanael, meu noivo. Queria ter certeza de que desta vez ele me levaria para casa, já que moramos lado a lado. Ao me aproximar da porta de sua sala, parei por um momento, sem intenção de escutar qualquer conversa. No entanto, duas vozes masculinas chamaram minha atenção: uma era mais grave e aveludada, a outra grave, mas não eram nem de Gustavo, nem de Natanael.

Bati três vezes na porta, um tanto apreensiva, imaginando que poderia ser uma reunião importante. Quando entrei, vi Natanael sentado no sofá, relaxado, ao lado de dois homens de terno. Um deles parecia mais alegre, enquanto o outro era sério, quase sombrio. O mais sombrio, que eu ainda não conhecia, tinha pele clara, cabelos pretos e olhos igualmente escuros.

— Com licença, Natanael... — Entrei timidamente, minha voz baixando ao perceber os três me observando.

— Ahh, Bianca! Minha cunhada! — exclamou o homem mais alegre, levantando-se para me cumprimentar com um sorriso vibrante. Rapidamente me dei conta de que aquele era Paulo, o irmão mais novo de Natanael.

— Olá, Paulo. Prazer em conhecê-lo — sorri, tentando corresponder à sua energia.

— O prazer é meu, em conhecer a noiva do meu irmão!

— Noiva?... — a voz do segundo homem, o mais sombrio, ecoou com um toque de deboche. Ele me lançou um olhar crítico antes de se virar para Natanael. — Vejo que escolheu a felicidade em vez do dinheiro. Papai disse que estava decepcionado com sua escolha...

— Henrique! — Natanael o interrompeu com firmeza. — Se não quer ser expulso da minha empresa, é melhor medir suas palavras!

— Como quiser. — Henrique deu de ombros, ajeitando-se no sofá. — A vida é sua, afinal.

Vi Natanael suspirar, tentando conter sua irritação.

— Bianca, só mais alguns minutos, e eu te levo para casa — ele disse, suavizando o tom ao sorrir para mim.

— Tudo bem — respondi com um sorriso, aliviada.

Paulo se sentou novamente, ao lado de Henrique, enquanto Natanael continuava a conversa, embora eu não prestasse atenção. Meu foco estava em outra coisa: por que Natanael nunca havia mencionado Henrique antes?

— Será um prazer ir ao seu casamento, senhorita Bianca — disse Henrique, levantando-se com um tom ácido, ajeitando o terno.

— O prazer será nosso em receber a família Torres no nosso casamento — respondeu Natanael com um sorriso igualmente irônico, levantando-se e pegando sua bolsa. — Agora, se me dão licença, minha noiva e eu temos planos.

Ele pegou minha mão e me guiou para fora da sala.

Já do lado de fora, a curiosidade tomou conta de mim, mas eu não queria invadir a privacidade dele. Ainda assim, arrisquei perguntar.

— Por que você nunca me falou sobre seu irmão mais velho, o Henrique?

— Às vezes, esqueço que ele existe. Não o vejo como um irmão... — Natanael suspirou, e eu percebi que esse era um assunto doloroso para ele.

— Ah... — Minha fala morreu ali, sem saber o que dizer para não piorar o clima.



Subimos as escadas, e como esperado, Sarah estava lá, sentada e mexendo no celular enquanto esperava. Natanael se despediu de mim com um beijo.

— Boa noite, meu amor.

— Boa noite para você também, minha noiva.

Esperei enquanto Sarah se levantava, claramente surpresa com o que tinha acabado de ouvir. Abri a porta e entramos juntas em casa.

— Natanael te pediu em casamento? — Ela perguntou, com os olhos brilhando de curiosidade.

— Eu ia te contar hoje — respondi com um sorriso.

Nos sentamos no sofá, e Sarah logo anunciou que dormiria em minha casa por causa da hora. A conversa continuou, até que ela me surpreendeu com algo que me encheu de orgulho.

— Eu pensei sobre o que tia Olívia falou, sobre abrir um restaurante aqui. Desde aquele dia no restaurante, esse desejo não me sai da cabeça.

— Oh, amiga! — Abracei-a de imediato. — Estou tão orgulhosa de você!

— Pedi demissão. Agora, estou procurando um lugar adequado e quero sua ajuda em cada detalhe. Afinal, tia Olívia não falou isso só para mim...

— Vou ser paga? — provoquei, rindo.

Ela me deu um tapa de leve, e rimos juntas.

— Ajudarei, mas só nos dias em que eu não estiver trabalhando. Eu realmente amo meu trabalho.

— Claro, senhora pesquisadora.

Abraçamo-nos novamente, como duas irmãs de alma, comemorando juntas nossos sonhos e conquistas. Senti lágrimas ameaçando escapar, de tanto orgulho que senti por Sarah.

— E estou muito feliz pelo seu noivado — disse ela, com um sorriso suave.

— Obrigada — respondi, sentindo meu coração aquecer com a alegria que compartilhávamos.


Querida Secretaria [ROMANCE CRISTÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora