Sasuke

489 53 0
                                    

Coloquei uma dose de uísque em um copo e entreguei para Hinata que se encontrava sentada formalmente em meu sofá. A caminhada pelas ruas pareceu congelá-la, mas uma bebida forte a faria se sentir melhor. E então eu descobriria porque ela estava na praça Vermelha exatamente na hora em que eu tinha marcado de encontrar meu informante. Considerando que ela era funcionária do Naruto, era uma coincidência e tanto! E eu não acreditava em coincidências. Trabalho duro e sacrifício me trouxeram à posição que ocupo hoje e não a crença mística. Se eu tivesse entregado minha vida à sorte e as circunstâncias, provavelmente eu estaria deitado em uma cripta como o resto da minha família.
Hinata aceitou o copo de uísque e tomou grande gole. Em seguida tossiu.
- Isso é horrível!
Bebi todo o conteúdo do meu copo, saboreei as notas de caramelo e carvalho residuais em minha garganta, o malte puro e envelhecido durante cinquenta anos era perfeito. Assim como a performance de Hinata. Definitivamente, sabia como bancar a inocente. Torci os lábios em puro desdém.
Assim como seu pai, Naruto Uzumaki sempre acreditou que poderia arruinar a Uchiha Exploration se colocasse uma grande quantia de dinheiro nas mãos das pessoas certas. Não havia conseguido e seu filho também não conseguiria. Eu preferia morrer a perder a próxima batalha na guerra épica entre nós. Quem conseguisse convencer Tsunade Senju a vender suas ações primeiro receberia uma grande recompensa e efetivamente deixaria a outra empresa metaforicamente na lama. Esse negócio era a coroação de tudo para que eu sempre trabalhei. Com o movimento de uma caneta, a Senju poderia me dar o poder para finalmente esmagar a Uzumaki Tech de uma vez por todas. E então Itachi estaria vingado. E isso era tudo o que me importava.
Analisei a mulher sentada em meu sofá. Ela estaria ali para desencavar informações sobre seus planos? Se estivesse, deveria estar bastante desapontada, por que se estava aqui para me distrair o suficiente para que eu baixasse a guarda, não estava fazendo seu trabalho com competência. Ela era linda, embora de um modo natural. Em nenhum momento ela tentou arrumar os cabelos ou pediu para usar o espelho e recompor a aparência. Sua maquiagem era tão suave, quase inexistente. E parecia estar em choque, motivo pelo qual eu lhe servi o uísque. Enquanto eu a observava, ela enfiou a mão no bolso da capa que usava e retirou um par de óculos. Em seguida, deu de ombros e o colocou
- Posso ver muito bem sem eles, mas fico com dor de cabeça senão os coloco por muito tempo. - disse ela baixando o olhar para o copo em suas mãos.
- O que estava fazendo, sozinha, na praça Vermelha?
Hinata ergueu o olhar para me encarar. Seus olhos claros faiscavam com as lágrimas que os banhavam. Mais uma vez, senti uma pontada no peito, igual a que experimentei mais cedo, quando respirei seu perfume.
- Nem ao menos sei o seu nome - disse ela, entorpecida.
- Sasuke - respondi. Não tinha dúvidas que Hinata sabia exatamente quem eu era. Talvez eu devesse ter concordado, quando ela sugeriu que eu a levasse em seu hotel. Não acreditei que estivesse sendo sincera, como não acreditava agora, mas o que ela faria se eu tivesse concordado? Estava certo que isso teria me causado um problemão. Quando disse a primeira vez que seria melhor ela me acompanhar, tinha a intenção de levá-la para o seu hotel, tão logo chegássemos ao meu apartamento. Depois me pareceu desnecessário, sem mencionar que eu iria de encontro com o plano de Hinata. Imaginei porque ela me contou que trabalhava para Naruto.
- Sasuke - ela repetiu.
- Sim. Agora me conte sobre sua irmã.
Irei jogar com as regras dela. Por enquanto. O pânico se apossou de seus olhos pérola dos. Hinata tomou outro gole de uísque e mais uma vez tossiu. Se estava fugindo, desempenhava seu papel com perfeição.
- Sakura fez 21 anos ontem. Não se parece em nada comigo. É alta e tem os cabelos em um tom rosado, gosta de se divertir e fazer compras. Foi fazer um tour pela cidade esta tarde, enquanto eu preparava a papelada para a reunião que Naruto terá amanhã. Jantei na suíte de Naruto, enquanto trabalhávamos e permaneci lá até as 20h30. Recebi uma mensagem de texto da Sakura por volta das 20h, me informando que ficaria no bar do hotel por algum tempo. Quando voltei para nosso quarto ela não estava lá, mas não pensei que tinha acontecido nada de errado até as 23h . Tentei telefonar para ela, mas não obtive resposta.
A pontada de dor que senti, quando pensei em Hinata ao lado do Uzumaki, me surpreendeu. Por que eu duvidava muito que ela estivesse apenas trabalhando com o patrão durante todas aquelas horas. Uma bela mulher como Hinata junto de um homem como Uzumaki? Apostaria uma grande quantia em que estiveram fazendo mais que apenas organizando papelada de trabalho.
Hinata pousou o copo na mesa e se ergueu. Porém, o motivo devia ter sido muito rápido, porque vi a cor se exvair de seu rosto, a fazendo sentar-se outra vez.
- Não costumo tomar bebida alcoólica - disse ela mais para si mesma do que para mim. Outra vez, ergueu a cabeça. Seus olhos estavam vítreos. Como alguém podia se embebedar com apenas dois goles de uísque? - tenho que encontrá-la - sussurrou.
- Eu a encontrarei pra você - eu disse em tom suave, deixando que ela acreditasse que seu plano estava dando certo. - Você a procurou naquele bar?
- Sim. Perguntei se alguém a tinha visto, mas ninguém se lembrava.
- Então decidiu vagar sozinha pela praça Vermelha à meia-noite?
Seus olhos se arregalaram.
- Sei que foi uma atitude estúpida, mas pensei que ela talvez não tivesse ido longe demais e estivesse apenas do lado de fora. E então, alguém me informou que havia outro bar, rumei para lá. Em cada lugar que eu entrava, mais me afastava até me encontrar na praça e aqueles homens começarem a me assediar.
- Onde está seu celular?
Vi ela tatear os bolsos.
- Acho que deixei cair quando eles me seguraram.
Peguei meu telefone do bolso da jaqueta e entreguei para ela.
- Tente telefonar para sua irmã.
Hinata apertou alguns números e ouviu a mensagem de erro do outro lado da linha. Quando me devolveu o telefone, sua expressão era um misto de frustração e medo.
- Não sei como discar de um número diferente.
- Qual o numero de telefone dela? - eu apertei os números, enquanto ela falava, colocando os códigos apropriados e devolvi o celular a ela quando começou a chamar.
Sua face era confusa enquanto se concetrava, como se esperasse a irmã atender... presumindo é claro que ela tivesse uma irmã. No entanto, nada adiantou. Instantes depois, ela me entregou o aparelho, com expressão derrotada. Eu disquei outro número. Dei algumas instruções para meu chefe de segurança, e desliguei.
- Por que não me dá sua capa? Vou acender a lareira para aquecê-la.
- Eu realmente devia ir embora - disse ela. Sua linda boca curvada me chamando atenção, quando ela mordeu o lábio, preocupada.
Me esforcei ao máximo para ignorar a pontada de desejo em minha virilha. No início, Hinata se mostrara hesitante, mas se aqueceu com o beijo que trocamos, florescendo sob meu toque. Foi necessário todo meu autocontrole para afastá-la, quando o que eu desejava era prová-la por inteiro. Quando tudo o que eu pensava era se o fogo daquele beijo iria se estender até o quarto. Estranho. Hinata não era o tipo de mulher que costumava me atrair. Eu gostava das mais glamourosas e extremamente femininas, que utilizavam a confiança como uma segunda pele. Hinata não era glamourosa nem tampouco confiante, embora definitivamente fosse feminina. Autêntica, foi a palavra que me veio à cabeça, embora, claro, aquilo não fosse possível, já que a mesma trabalhava para Naruto. Se tratava somente de uma excelente atriz.
- É mais seguro permanecer aqui - eu disse - No caso de aqueles homens estarem procurando por você.
- Como seria possível? Eles nem me conhecem...
- Seu telefone.
Os olhos pérolados se arregalaram.
- Não pensei nisso. Ainda não sei se ousariam. - De repente, Hinata meneou a cabeça. - Eles não fariam isso. Preciso encontrar minha irmã, portanto tenho que ir.
- Eu encontrarei sua irmã, prometo. - garanti, impaciente, já que ela não podia partir ainda, mas parecia não perceber.
- Acha mesmo que pode encontrá-la?
Confirmei com a cabeça.
- Você está na Rússia, minha querida, e eu sou Russo. Garanto-lhe que a encontrarei antes de seu Marido ser capaz de fazê-lo.
Uma esperança genuína despontou nas profundezas daqueles olhos e, por um instante, imaginei se me enganei quanto ao motivo de Hinata estar aqui. É exatamente isso que eles querem que você pense. Afastei essa ideia da cabeça, mas não antes de vislumbrar seus olhos me encarando, cheios de esperança. A mão fria de Hinata segurou a minha. O toque me surpreendeu. Meu sobressalto deve tê-lá assustado, por que ela rapidamente se afastou.
- Obrigada, Sasuke - disse ela em um tom suave e sussurrado, que me lembrou das estrelas dos filmes dos anos 1940. - foi muito gentil. Não sei
o que teria acontecido se não estivesse lá.
Se tudo aquilo não tivesse passado de uma armadilha. Eu sabia exatamente o que teria acontecido.
- Nunca deve sair, sozinha, à noite, em uma cidade estranha, onde você não sabe o idioma nem entende a cultura. - aconselhei com a voz rude, mas Hinata se limitou a concordar com um gesto de cabeça.
- Você está certo, claro. - ela se deixou afundar sobre as almofadas e fechou os olhos. Quando percebi que ela não os abria, comecei a ficar preocupado. Um momento depois, ela relaxou e ressonou suavemente.
Permaneci parado diante dela, incrédulo. Tomei o restante do conteúdo em meu copo de uísque, decidi apagar as luzes e deixá-la onde estava. Se ela pretendia me espionar, logo se levantaria.

One night with SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora