Nereus caminhou à frente do grupo, conduzindo-os por um caminho pavimentado que levava a uma estrutura maciça cercada por muros altos e uniformes. A construção, feita de pedra cinzenta escura, exibia poucas janelas, e as que estavam presentes eram protegidas por grades de ferro. O portão de entrada, feito de madeira reforçada com tiras de metal, permanecia ligeiramente entreaberto.
Do interior, sons indistintos ressoavam — rugidos abafados, assobios prolongados e o eco ritmado de batidas que poderiam ser passos pesados ou algum tipo de maquinaria. A atmosfera era pesada e carregada de um leve cheiro de umidade misturada com algo mais metálico e pungente. Nada no exterior revelava o que se passava além dos muros, mas o ambiente projetava uma sensação de vigilância e contenção.
Nereus parou diante do portão, esperando os alunos se reunirem ao seu redor antes de continuar. Quando todos estavam reunidos, ele começou a falar, sua voz neutra e pausada.
— O que vocês estão vendo agora é o Zôo. Aqui, estudamos e preservamos uma variedade de criaturas exóticas.
Sem emoção, ele ergueu uma das mãos, indicando uma placa de madeira envelhecida fixada ao lado do portão. A superfície estava marcada pelo tempo, com inscrições quase ilegíveis sob as vinhas que se entrelaçavam ao redor. Apenas algumas palavras ainda eram visíveis, revelando o nome oficial do local e seu propósito em letras gastas e desbotadas. Nereus permaneceu em silêncio por alguns instantes, como se esperasse alguma reação do grupo.
Khaled observou as paredes de pedra escura ao redor, o som abafado de rugidos ecoando pelo corredor. Ele franziu o cenho e cruzou os braços, a expressão ligeiramente zombeteira.— Aqui parece outra parte da prisão, você concorda, Alid? — comentou, inclinando a cabeça enquanto olhava para o companheiro. Sua voz era baixa, mas o suficiente para ser ouvida pelos mais próximos. — Uma prisão cheia de prisioneiros.
Antes que Alid respondesse, Daemon se adiantou, a postura tranquila, embora os olhos demonstrassem atenção ao ambiente.
— Acredito que não — disse ele, sem olhar diretamente para Khaled. — São apenas criaturas que estudaremos em breve.
Um som metálico ecoou ao longe, fazendo alguns alunos se encolherem. Murmúrios nervosos começaram a se espalhar, enquanto outros tentavam disfarçar o nervosismo com risadas forçadas. Alguém soltou uma piada, mas logo se calou ao ouvir outro ruído estranho.
Khaled suspirou dramaticamente, colocando as mãos na cintura.
— Ótimo. Tá aí uma aula que não faço questão de participar.
Alid, que observava o comportamento do grupo com a mesma calma de sempre, desviou o olhar para Khaled por um breve instante.
— Todas as aulas são importantes, Khaled. Você não pode faltar.
Havia uma neutralidade na voz de Alid, mas ele não se afastava de Khaled, permanecendo próximo, como se escolhesse ser um observador atento. Khaled arqueou uma sobrancelha, um sorriso provocador surgindo em seus lábios.
— Oh, então se eu faltar, você sentirá minha falta?
Ele inclinou o corpo para o lado, uma das mãos ainda na cintura, o brilho divertido nos olhos azuis. Alid, no entanto, não correspondeu ao olhar, fixando a atenção em outro ponto.
Mary, que estava à frente, parou e girou sobre os calcanhares, interrompendo a interação.
— Linda a conversa, mas vamos deixar o professor continuar, por favor.
Ela passou entre Khaled e Alid, o olhar fixo para frente, a expressão tensa. Khaled a seguiu com os olhos, confuso pela mudança repentina na atitude dela. Ainda assim, continuou caminhando ao lado de Alid, enquanto Daemon, em silêncio, os acompanhava logo atrás.
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Fênix Negra: A Amuleto do Conhecimento
FantasyA história se passa em Valkaria, especificamente na Baixa Vila de Lena, e segue Khaled, um jovem Qareen bardo com grandes aspirações. Ele está prestes a entrar na prestigiada Academia Arcana. O enredo também acompanha Daemon, irmão de Mary, que busc...