Chamas de Conflito.

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O campo de treinamento da Academia estava agitado. Novos alunos se reuniam em seus respectivos grupos, e Khaled, agora oficialmente parte do Grêmio da Liberdade, sentiu a tensão no ar. Do outro lado do campo, os membros do Grêmio da Vilania observavam em silêncio, as expressões sérias contrastando com o burburinho geral. Um deles, um jovem de cabelos pretos curtos, robusto, com pele clara, deu um passo à frente.

As barreiras mágicas que haviam erguido eram complexas, pulsando com energia de uma forma que denunciava o esforço em desafiar, talvez até humilhar, os adversários. Khaled examinou os obstáculos, os olhos azuis estreitados, enquanto um lampejo de luz roxa percorria a tatuagem em seu pescoço.

— Vocês precisam entender algo — declarou o vilanista, sua voz cortando o som das conversas. — No mundo lá fora, ninguém vai facilitar para vocês. Não há justiça, só sobrevivência. Espero que isso ensine algo.

Khaled ergueu uma sobrancelha, os braços cruzados de forma deliberada. Ele inclinou a cabeça, o tom afiado como uma adaga quando respondeu:

— Nada nunca é justo... vindo de vocês.

O vilanista não rebateu. Apenas virou-se com o restante do grupo, deixando o campo em um silêncio incômodo que se dissipou aos poucos.

Xeipe, o líder do Grêmio da Liberdade, aproximou-se com sua habitual descontração. Ele colocou a mão no ombro de Khaled, sorrindo como se a cena anterior fosse irrelevante.

— Então já conheceu os seus “adoráveis” colegas, hein? — disse, rindo. — Mas esquece isso por enquanto. Nossa primeira aula é no laboratório. Vem, eu te mostro o caminho.

Khaled soltou um suspiro, mas permitiu que Xeipe o guiasse, lançando um último olhar para as barreiras antes de sair. A tensão entre os grêmios era evidente, e Khaled sabia que aquele confronto inicial era apenas o prenúncio de algo maior.

Os corredores da Academia estavam movimentados. Alunos do segundo e terceiro ano transitavam com a postura confiante de veteranos. Pequenos broches metálicos reluziam em suas vestes, exibindo os símbolos de seus respectivos grêmios. Khaled caminhava ao lado de Xeipe, mantendo um olhar atento ao ambiente.

Pelo caminho, cruzaram com vários membros do Grêmio da Justiça, cuja postura altiva era evidente. Alguns alunos da Vilania passaram mais adiante, arrancando um suspiro contido de Khaled, que lutou contra a vontade de confrontá-los ali mesmo. Quanto aos membros do Grêmio da Crueldade, Khaled notou que eram raros durante o dia. Boatos diziam que preferiam aparecer apenas à noite, e suas rivalidades com os outros grêmios, especialmente com o da Justiça, eram intensas.

No Laboratório Alquímico, a atmosfera ficou carregada. Durante uma prática simples, algo deu errado. Enquanto Khaled e seus colegas preparavam seus componentes, uma sabotagem ocorreu. Um dos frascos reagiu de forma inesperada, resultando em uma pequena explosão que fez os alunos recuarem rapidamente. A sala foi evacuada às pressas, deixando um rastro de frustração e murmúrios de confusão.

Ainda sentindo o cheiro acre de queimado, Khaled percebeu que algo estava errado. Seguindo seu instinto, encontrou o responsável: um rapaz de cabelos pretos, vestindo uma túnica vermelha. Ele tinha o olhar frio e um leve sorriso de desdém enquanto encarava Khaled.

— Algum problema? — perguntou o rapaz, a voz carregada de sarcasmo.

Khaled estreitou os olhos, sua irritação evidente, mas o confronto permaneceu contido. A tensão entre eles era palpável, e embora as palavras não tivessem sido muitas, a animosidade já estava declarada.

Khaled apontou para sua roupa, o cropped azul bebê com detalhes dourados reluzindo à luz do laboratório.

— Sabe o que essa roupa significa para mim?

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