Teste de Aptidão

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O sol já estava alto quando despertei, a luz dourada invadindo as cortinas de meu quarto na taverna. O cheiro do café recém-feito se espalhava pelo ar, junto ao som suave da manhã que começava a ganhar vida. Um conforto simples, mas eficaz para alguém como eu, acostumado a viver nas sombras da noite e na imprevisibilidade dos dias.

Levantando-me, estiquei os braços e observei a cena tranquila diante de mim. Meus amigos já estavam reunidos na mesa de café. Mary, com um semblante tão animado quanto sempre, mexia em seu prato com uma impaciência característica. Daemon, por outro lado, estava imperturbável, como se estivesse em sintonia com o silêncio da manhã. E Alid... Ah, Alid estava impecável. Seus cabelos brancos estavam penteados com perfeição, a túnica meticulosamente ajustada, cada dobra do tecido no lugar exato, como se ele tivesse saído de um retrato de nobreza. Seu olhar, no entanto, estava distante, como sempre, perdido em algum pensamento que só ele entendia.

Eu, por outro lado, me sentia um tanto deslocado com a minha roupa simples e o cabelo bagunçado. A manhã não me pedira esforço, e não o daria.

"Bom dia", disse eu, sentando-me sem pressa, meu tom suave, mas carregado com uma leve provocação. O sol ainda estava baixo, mas eu sabia que o calor da conversa logo tomaria conta do ambiente.

Mary me lançou um olhar carregado de interesse enquanto eu me acomodava à mesa. Havia algo em seu jeito, um brilho nos olhos, uma suavidade nas palavras, como se tentasse me atrair para uma conversa mais íntima.

"Você dormiu bem?", perguntou ela, sua voz doce, como se quisesse mais do que uma simples resposta.

"Sim", respondi, desviando meu olhar com uma leveza, tentando não encarar o interesse explícito. "A taverna é confortável o suficiente para uma noite tranquila."

Ela sorriu, mas percebi que a tentativa de flerte não passou despercebida. Era quase um jogo, um jogo que eu não estava disposto a jogar. Não sem mais curiosidade por parte de Alid, que parecia imerso demais em seus próprios pensamentos para perceber a troca de olhares.

Alid, finalmente, quebrou o silêncio entre nós. "Vamos partir logo", disse, a voz dele clara, fria como sempre. "O casebre nos espera."

Dei um último olhar a Mary, que parecia frustrada, e então me levantei, deslizando pela taverna com a leveza habitual. A rua ainda estava calma, com poucos aventureiros vagando de um lado para o outro. A cidade ainda se aquecia com a luz do dia, mas o centro de Valkaria, neste momento, parecia um lugar à parte — menos agitado, menos cheio de vida, quase como se o próprio tempo decidisse desacelerar ali, perto da velha taverna.

Senti a brisa fresca nas mãos enquanto caminhávamos até o casebre.

O vento cortante da manhã nos guiou até o casebre simples que se erguia, com sua aparência quase indistinta em meio à cidade. A placa pendurada na entrada, "Escola de Magia", não fazia questão de se destacar, e naquele momento parecia tão comum quanto qualquer outra construção na cidade. Mas sabia o que estava por trás das paredes: testes, expectativas e possibilidades de um novo começo.

Mary, Daemon, Alid e eu atravessamos a porta de madeira com uma leveza silenciosa, como se o peso do que nos esperava dentro fosse algo a ser descoberto. O cheiro de poeira e madeira envelhecida invadiu minhas narinas imediatamente. O ambiente era simples, sem o luxo que muitos imaginariam para uma escola de magia. Uma escrivaninha antiga estava à nossa esquerda, uma cadeira desgastada ao lado dela, e uma porta trancada magicamente na parede oposta. Um silêncio pesado pairava no ar, mas não demorou muito para que o ambiente se enchesse de murmúrios.

Dentro, estavam vários candidatos, e logo percebi que a diversidade de raças naquele local era considerável. Anões de rostos cerrados, com suas vestes de couro e ferramentas penduradas, os dedos robustos encarando com desconfiança qualquer um que ousasse se aproximar. Elfos de pele pálida, com olhares penetrantes e uma aura de sofisticação, estavam em grupos pequenos, conversando em vozes baixas. Centauros, com suas imponentes figuras e passos pesados, se mantinham mais distantes, como se seu espaço fosse algo a ser respeitado. Humanos, como nós, misturados com todos os outros, com expressões de ansiedade e excitação.

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