invisible string (taylor swift)

i didn't have it in myself to go with grace

Notas iniciais:

Dedico este aqui a todas as leitoras maravilhosas que falavam de "seven" em seus tweets. Nunca vou me esquecer de nenhum. E, becky, eu queria muito ter lido a sua thread. <33

Obrigada por tudo sempre. Mel xx.

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Taylor Swift, 2023

Eu detesto o verão.

Parece uma colocação radical de se fazer; uma frase que só sairia da boca da pessoa mais amargurada viva na face desta Terra. Mas eu odeio tudo relacionado a essa época que demarca o meio do ano, com seus ventos amenos e calores escaldantes. Calores que, mesmo que se estendam durante toda a estação, parecem me provocar a ponto de me fazer perceber que eu nunca vou deixar de sentir o frio devastador em meu estômago, não importa o quanto o Sol me queime.

Porque o verão é dela.

Dos seus olhos azuis grandes, que quando me viram pela primeira vez pareceram atordoados, como se me perguntassem o tempo todo coisas como "Você está aqui? Foi você que me trouxe?", no momento em que eu a segurei com lágrimas nos olhos. Aquele momento ainda era palpável no fundo do meu subconsciente; ela aos berros, me fazendo procurar desesperada por alguém que fizesse aquilo parar, que acalmasse o serzinho preso em meus braços cujo choro me acusava de ser um monstro. Talvez eu fosse, e talvez ela só estivesse prevendo isso.

Não que eu não a amasse. Era o contrário disso. Eu a amava tanto que podia jurar que isso um dia explodiria dentro de mim; todo esse sentimento que eu tinha me obrigado a recolher para esquecer. Enterrado no fundo do meu peito como se ele não existisse. Só que ele existia, jamais latente, sempre vívido nas profundezas do meu coração e do meu cérebro, em um loop que passeava entre aqueles olhos que primeiro me viram e as zilhões de fotos que existiam na internet.

Quando eu desisti da minha única filha e a deixei sozinha com seu pai, tinha plena consciência de que aquela seria uma decisão difícil. Quase desumana. Só que, ao mesmo tempo, o nível de fama que a minha carreira guardava era astronômica, e ninguém do meu círculo íntimo de empresários e gerenciadores acreditava que seria uma boa ideia começar a comparecer a turnês e reuniões com uma filha nos braços. Machista, eu sei. Mas você precisa admitir que não é mesmo algo prático, menos ainda quando se tem uma rede maluca de admiradores – e haters quase na mesma proporção – que rastreiam até os passos de seu avião particular.

Minha mãe ficou maluca com a minha gravidez repentina. Minha empresária, mais ainda. Bem na época, eu me encontrava vivendo um período de solteira sob os olhos da mídia, à la Gatsby, mas, bem na verdade, debaixo das cortinas e onde ninguém mais podia ver, havia conhecido Travis, e nós dois estávamos saindo às escondidas. De qualquer forma, acho que o destino acabou encarregado de juntar tudo para ocasionar uma catástrofe: a surpresa por estarmos tendo um relacionamento, a ironia com a qual nossas respectivas profissões misturavam dois mundos e ah, supresa! o aparecimento de um bebê não planejado, que deu as caras mais ou menos na época do Natal. Que excelente.

Sendo sincera, não sei como as coisas chegaram ao ponto extremo, mas, honestamente, acho que uma coisa só acabou levando à outra. Trav e eu transávamos escondidos feito dois coelhos, às vezes sem tempo de ceder ao cuidado e simplesmente consumidos pelo desejo. Eu e ele éramos magnéticos, e estávamos começando a fazer planos – o que, sinceramente, não me assustava –, pensando em como deveríamos gerir nossas carreiras e contar sobre o nosso relacionamento para que ambas as nossas fã-bases ficassem sabendo. Não vou dizer que não fiquei animada. Era o meu sonho. Ter alguém em quem me apoiar e que me apoiasse. Ter alguém que alcançasse uma de suas maiores metas e simplesmente desistisse do mundo inteiro só para poder me ver depois disso.