Capítulo 194: Perguntas de Ke Xun e respostas de Mu Yiran

8 3 0
                                    

Nesta escuridão sem fim, entre todo o céu e o mar, parecia que restava apenas ele e este antigo e silencioso navio.

Mas Ke Xun sabia que nada disso era verdade. Ele sabia que todos ainda estavam lá. Eles estavam todos separados por essa escuridão anormal. Ambos estavam próximos e distantes um do outro. Eles não podiam ver nem ouvir um ao outro. Havia doze pessoas para lhe fazer companhia, mas neste momento todos estavam em sua própria situação de solidão e desamparo.

Nessas circunstâncias, o rangido lento vindo do convés parecia ainda mais assustador.

Ke Xun recuou lentamente, tentando não emitir nenhum som. Seriam necessários apenas alguns passos até que suas costas estivessem pressionadas contra a parede da cabine, e se ele se apoiasse nela, pelo menos suas costas estariam seguras. Mas mesmo depois de dar uma dúzia de passos, aquela parede nunca aparecia.

Ele parou de se mover.

Yiran estava certo. Era inútil tentar fugir ou se esconder.

Ele tentou relaxar a respiração o máximo possível, para que pudesse ouvir melhor o que acontecia ao seu redor.

Rangido, o som de algo caminhando pelo convés, movendo-se lentamente e se aproximando cada vez mais.

Vinha da direção da proa. À medida que avançava pelo convés, passaria pelo refeitório central no meio do casco, e Shao Ling e sua equipe seriam os primeiros a encontrá-lo.

Ke Xun ouvia atentamente. Na escuridão densa e vazia, o som das ondas era pesado e lento. O casco de repente pareceu ondular para cima e para baixo, e um vento passou por seus ouvidos, como se algo tivesse acabado de passar, quase tocando sua pele. Um calafrio percorreu seu corpo.

Mas ele permaneceu imóvel, apenas segurando silenciosamente a besta no braço e apertando firmemente a flecha com a outra mão.

Aquela respiração, aquela sensação de algo a apenas um fio de cabelo de distância, estava atrás de Ke Xun, pressionando firmemente perto de suas costas sem tocar sua pele, como uma sombra seguindo o corpo.

Uma dormência percorreu sua parte inferior das costas, subiu pela espinha até a nuca e parou na parte de trás de sua cabeça.

Essa sensação de dormência e coceira deixava suas costas e cabeça extremamente tensas, tão contraídas a ponto de tremerem.

Ke Xun ficou rígido, tentando manter a calma, continuando pronto para responder a qualquer momento. O suor escorria por trás de suas orelhas e ao longo de seu pescoço, pegajoso e frio.

"Huu..."

Esse som veio como a brisa do mar ou uma lufada de ar, passando por seu ouvido. A coisa em suas costas pareceu se mover, e Ke Xun pôde senti-la deslizando contra ele, pressionando lentamente cada vez mais perto de sua pele.

Cada vez mais perto.

A escuridão era densa e Ke Xun não conseguia ver nada.

Mas ele sabia que a coisa podia vê-lo. Estava olhando para ele, como se olhasse para um cego indefeso.

Humanos sem sua luz eram tão frágeis quanto uma fruta sem sua polpa, desmoronando ao leve toque.

A escuridão era a fonte do medo e a raiz da vulnerabilidade.

A coisa envolta em escuridão movia-se cada vez mais próxima do indefeso Ke Xun, com seus tentáculos mortais estendidos.

"Ke Xun!"

A voz de Mu Yiran ecoou como um raio de luz na escuridão, vindo da direção à direita de Ke Xun.

A massa atrás dele parou de repente, deixando Ke Xun com uma sensação arrepiante nas costas.

Volume 2 - Paintings of TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora