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— MinMin? - Felix disse baixo, acordando de seu sono.

— Sim, lili? - Minho o olhou com um sorriso confortável, apesar da apreensão que o consumia.

— Podemos ir dormir? - Ele perguntou com a bochecha espremida contra a mesa de madeira da biblioteca.

Minho suspirou, concordando com a cabeça. Jisung se levantou e começou a guardar as coisas, Minho fez o mesmo.

— Vou te levar no colo, pode ser? - Minho perguntou a Felix, que sorriu caloroso concordando. Adorava o colo de Minho, se sentia seguro.

Os três seguiram o corredor em silêncio, se as freiras os pegassem acordados á essa hora, com certeza levariam uma bronca.

Jisung parecia pensativo o caminho todo, olhava para Felix quase novamente adormecido no colo de Minho, e sentia seu coração apertar. Sentia que poderia chorar até não querer mais, somente com a possibilidade de levarem Felix deles.

Sabia que não era tão próximo de Felix, mas já sentia Felix como seu irmão mais novo, uma responsabilidade dele. A criança serena sem saber de nada, isso fez o âmago de Jisung se contorcer, uma queimação em seu rosto surgiu e sua garganta fechou parcialmente, o fazendo engolir seco.

Tentou afastar os pensamentos, não podia chorar agora, na frente de Minho, pelo menos. Só queria poder proteger os dois, e sabia que Minho também pensava assim dele e Felix. Ambos buscando proteger um ao outro, e principalmente o garoto mais novo.

✝︎

Eles chegaram no quarto, Jisung abrindo a porta com cuidado, para não fazer muito barulho. Tudo que se ouvia era a respiração calma de Felix, que encarava Minho com os olhos brilhantes e sonolentos, enquanto brincava com os dedidos no colarinho do uniforme de Minho.

Mais uma vez, nenhum dos três reclamou das camas juntas, havia tanta coisa acontecendo que o de menos era isso. Jisung se sentou na cama e suspirou

— O Felix vai dormir no meio - Ele se pronunciou

— Jisung. - Minho chamou baixo, deixando Felix na cama, que ficou quieto deitado, observando os mais velhos conversarem - Precisamos de algo pra nos defender, apenas para estarmos preparados.

Jisung ficou inquieto, tentando pensar em algum objeto bom. Se lembrou dos canos de ferro que tinham no seu quarto. Os canos foram colocados lá para uma "reforma" na tubulação do orfanato, mas nunca foi usado de fato.

— Tem alguns.. canos de ferro. Serve? - Jisung apontou pro canto do quarto

— Espero que sirva. - Minho comentou e foi mexer nos canos, colocando-os ao lado da cama, para qualquer ataque.

Enquanto isso, Jisung se deitou ao lado de Felix

— Você está com medo, Jiji? - O coração de Han se derreteu com o novo apelido.

Jisung suspirou e tentou sorrir para o garotinho, mas seus olhos brotaram pequenas lágrimas. Ele não conseguiu falar nada, apenas abraçou Felix, este que ficou quietinho nos braços de Jisung.

— Eu vou te proteger, ta bom? - Sua voz levemente quebrada. - Eu vou te proteger de todo o mau. - Jisung se aninhou ao cabelo de Felix, dando um beijo protetor. Ele fechou os olhos

— Vai ficar tudo bem, Jiji. Não precisa ter medo! Eu protejo você e o MinMin. - Felix se afastou levemente para poder olhar Jisung, levando suas pequenas mãos para o rosto dele.

Jisung simplesmente desabou, chorando enquanto Felix o acolhia mesmo sem entender. Minho percebeu e suspirou, entendeu o motivo e não comentaria a respeito. Os dois estavam abalados com os acontecimentos e principalmente por causa de Felix. Jisung finalmente se acalmou com os pedidos e toques de Felix, deixando apenas alguns soluços e respiração trêmula no ar.

— Bom, podemos dormir agora. - Minho disse se deitando ao lado de Felix.

Felix se sentiu em meio a uma família, confortável no meio dos mais velhos. Se sentia protegido e isso o deixou feliz.

— Jiji - Felix chamou - Você tem uma voz bonita, pode cantar pra mim dormir? - Pediu ele com os olhos as pupilas maiores e brilhantes.

Jisung suspirou e concordou, o ambiente era perfeito para o sono. A única fonte de luz era um pequeno abajur de luz amarela, sons exteriores não os incomodavam agora.

— Eu apoio você cantar, Jisung. - Minho comentou com um sorriso brincalhão, olhando para os dois com um sentimento de proteção.

— Tudo bem, mas é pelo Felix. - Ele riu para Minho, respirando fundo antes de começar. Ajeitou Felix em seus braços, este que ficou o olhando em espera.

Meu anjinho, meu anjinho, meu anjinho, meu anjinho. Feche os olhos, de mansinho. Deixe o sono pousar. Pra sonhar, com borboletas amarelas,
violetas. - Jisung começou suave, sua voz baixa e calmante.

Brancas, azuis, vermelhas, verdes, pretas. Pintadas, listradas, xadrezas. - Inesperadamente Minho cantou, ele conhecia a canção e Jisung sorriu, sentia Felix adormecendo rapidamente

Pois o sol, já foi dormir. Para a noite te abraçar. E as estrelas, prateadas - A voz de Jisung era como um sonífero no momento.

Douradas, brilhantes, esmeraldas. - Minho completou

Lá do ceu, vão iluminar. - Jisung terminou calmo, visto que Felix já tinha dormido. Sua respiração era calma e pesada, Jisung direcionou seu último olhar para Minho, como forma de afirmar segurança e conforto.

— O que você acha que vai acontecer? — Minho perguntou baixo

— Sinceramente? Eu não faço a mínima idéia. Eu não quero que peguem o Felix, eu nunca me perdoaria por isso, eu prometi cuidar dele e vou cuidar com minha vida. Não só dele, mas das outras crianças também. Eles não merecem isso, merecem uma vida. - Jisung praticamente desabafou

— Entendo. - Minho suspirou, sentiu um estranho sentimento de inquietação. - Seu aniversário é em duas semanas

Jisung levantou uma das sobrancelhas, nem havia se lembrado disso. Com tudo que estava acontecendo era difícil comemorar

— Ah, eu nem me lembrava.

Fazer dezesseis anos era algo assustador para Jisung, se ele pudesse seria criança para sempre.

— Você parece apreensivo. Você tem medo de crescer, Han? - Minho perguntou sincero, percebendo as próprias palavras após as falar.

— Eu tenho. Crescer é difícil, Hyung - Ele engoliu em seco, não costumava chamar Minho assim, mas sentia que àquilo mostraria sua vulnerabilidade

— Você está certo. Mas o que resta é se conformar. Eu senti a mesma coisa. Quando eu parei pra refletir que vou fazer dezoito, eu realmente chorei por estar crescendo, e isso foi bizarro - Ele riu levemente para descontrair - Eu sinto um vazio imenso quando lembro.

— Eu me sinto assim. Você acha que as coisas vão piorar? - Jisung suspirou, finalmente parando de se fazer de confiante, o que Minho percebeu e sentiu um quentinho no coração.

— Não podem piorar. - Minho ficou em silêncio - Eu espero que não.

Um silêncio confortável se fez presente, e logo o sono pegou os dois. Suas respirações ficando cada vez mais lentas. Jisung foi o primeiro a dormir, logo sendo seguido por Minho, que não deixou de observar os garotos antes de se aprofundar no mundo dos sonhos.

✝︎

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⏰ Última atualização: Nov 08 ⏰

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