Picos

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Tenho picos na alma,grito por clamor, 
E na alma se esvai todo o ardor. 
Os picos se aprofundam com certo rigor, 
Derramando pedaços, sem tremor.

Em cada pedaço, reside um furor, 
Mas a alma, silente, cala-se em torpor. 
Perdidos os picos, sem mais esplendor, 
Resta a simples sombra da dor.

Tenho picos na alma, suplico por paz, 
Mas o eco responde que já não sou capaz.
Nas noites escuras, a dúvida devora, 
E a minha essência, ferida, implora.

As feridas sangrentas, abertas demais, 
Cruzam-se no peito, como os vendavais. 
Sofrer é o fardo, que a vida conduz, 
Sem rumo ou destino, só resta a cruz.

A cada suspiro, um grito abafado, 
Que o tempo apaga, por já estar cansado. 
E assim, na sombra, perco-me sem fim, 
Entre picos que crescem dentro de mim.

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