ligação indesejada

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O sol estava começando a nascer, e já fazia horas que Pilar havia dado um remédio para Anna, e tinha até colocado um pano úmido em sua cabeça, mas nada adiantava, então mesmo exausta, pegou Anna que estava no sofá da sala trocou sua roupa e a da menina rapidamente e resolveu ir até o hospital.

Chegando ao hospital, o médico consultou Anna e achou melhor fazer alguns exames e deixá-la em observação até ter os resultados

Alguns minutos depois, Anna estava fazendo um exame que Pilar não podia acompanhá-la, então resolveu ligar para o colégio e avisar que não iria trabalhar, e aproveitou para ligar para uma pessoa em específico

- Alô? Gabriel, eu preciso conversar, você pode vir?

Pilar contou a Gabriel onde estava, e após alguns minutos chegou ao hospital, e foi até a lanchonete do hospital (que foi o lugar combinado para se encontrarem) e viu Pilar sentada em uma das mesas, com as mãos na cabeça, e um olhar cansado

- Oi Pilar- Ele disse chegando e se sentando

- Ah, oi Gabriel, que bom que você vai 'pro colégio hoje, preciso muito conversar- Disse Pilar tirando as mãos do rosto e olhando Gabriel

- Sobre o que?- o mesmo perguntou à olhando também

- Eu preciso desabafar, se eu não desabafar com alguém sinto que vou explodir- Pilar disse com a voz levemente desesperada

- Tudo bem, pode falar- Gabriel assentiu para ela

- A história é longa tudo bem?- Gabriel assentiu- bom, a mulher que foi me visitar esses dias, é a minha mãe, porque ela não aceita eu adotar a Anna por conta de algumas coisas que aconteceram quando eu era mais nova- Gabriel assentiu novamente- quando eu tinha 16 anos, eu comecei a namorar, e um tempo depois, com 17, eu engravidei- Pilar começou a contar, engolindo seco a cada frase que terminava

- Engravidou?- Gabriel perguntou surpreso

- Poisé, e, minha mãe sempre foi ausente, mas reapareceu quando engravidei, e me julgou como se eu fosse a pessoa mais errada do mundo e como se a culpa fosse apenas minha, e um tempo depois meu namorado me deixou- Pilar continuou contando, porém, essa era uma das partes da história que mais doía para ela

- E aí que tudo piorou, ela sempre falava coisas horríveis 'pra mim, e não me ajudou com nada, nem psicologicamente e nem financeiramente e depois de um tempo tive que morar sozinha mesmo sendo menor de idade, e alguns meses depois, meu filho nasceu, e-Pilar ia terminar a frase porém as lágrimas foram mais rápidas que sua boca, a fazendo chorar, e Gabriel levantou-se e foi até ela, fazendo com que levantasse e abraçasse ele, desabando em choro ali, acabando por molhar a camisa do mesmo, fazendo com que ele a abraçasse mais forte, e ali, ela sentisse uma proteção

Após algum tempo abraçados, eles se sentaram novamente, porém dessa vez Gabriel estava de frente para Pilar, segurando a mão da mesma

- 'Tá melhor?- ele perguntou enquanto acariciava a mão de Pilar com o polegar

- Aham, continuando o que eu 'tava dizendo, é que menos de uma hora depois que meu filho nasceu- ela engoliu seco- ele acabou falecendo, e isso me doeu muito, porque eu só pude segurar ele uma vez, Gabriel, uma vez- as lágrimas voltaram a rolar por seu rosto, e Gabriel apertava suas mãos em sinal de apoio

- Eu precisava desabafar com alguém sobre como isso tá me angustiando- ela respirou profundamente- só vou te pedir uma coisa- Ela disse

- O que?- Gabriel perguntou

- 'Pra não contar isso a ninguém- Pilar pediu, e logo em seguida bocejou, em sinal de que o cansaço estava prevalecendo

- Melhor você descansar, se não, você que vai parar no hospital- Gabriel perguntou a Pilar, que negou com a cabeça

O outono que mudou a minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora