- CAP. 17 -

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‼️MENÇÕES DE ABUSO SEXUAL.

6:47 AM
[Nome]'s house.

Seu peito parecia pequeno demais para o tanto de ar que tentava desesperadamente inalar. Seu coração doía. Sua cabeça dava voltas. Seu corpo leve. Lágrimas como torneiras escorrendo pelas bochechas. Queria vomitar, mas não tinha razão nem algo parecido com a consequência de algo que comeu, apenas... não conseguia.

Ela lembrava.

Ela lembrava de seus toques doentios, fosse para bater ou para dar prazer para si mesmo. Fosse para quebrar coisas pela casa, tapas, apertões e socos.

Ela sentia; dependendo do que, sentia até seu cheiro de almíscar, whiskey e suor de quando chegava desesperado em casa, implorando pelo seu perdão.

"Ah, meu amor, me perdoe. Eu nunca farei isso com você novamente! Eu amo você, amo com toda minha alma..."

E então tentava mostrar o quanto a amava.

Carnalmente.

Sem que ela quisesse.

Três batidas na porta; ou isso foi sua cabeça pregando um truque?

Se levantou em pernas trêmulas e tentou caminhar até a porta, tropeçando no próprio pé e colidindo com a madeira gelada da passagem. Grunhiu e se endireitou, abrindo a porta.

Ghost estava em pé. Olhos ligeiramente arregalados e de balaclava. Suas roupas padrões de preto e um jeans de lavagem escura.

Ele rapidamente se aproximou dela.

— Amor...? — sussurrou.

— Simon... — [Nome] choramingou fraca. — Simon, por favor...

Ela não terminou a frase.

Ghost a puxou para seu peito, a agarrando com força, um abraço no qual se sentia segura e como se tudo tomasse cor. Com uma respiração trêmula, ela murmura coisas sem sentido.

— Shh, ei. Eu estou aqui. Nada vai acontecer, ok? — ele sussurrou. — Ei, ei... você precisa se sentar, meu amor.

Os suspiros do mais velho eram acompanhados de beijos com o peso de penas na testa e cabelo dela. A mulher choramingou.

— Eu não consigo me mexer.

Sem nenhuma palavra, o tenente a pegou em seus braços sem esforço nenhum, no estilo noiva.

Ele gentilmente a colocou deitada no sofá e se ajoelhou ao seu lado, tirando mechas rebeldes do rosto dela. Ele arrancou a balaclava e a jogou para algum canto da sala.

O olhar que a lançava era tão terno que a aquecia por dentro.

— O que aconteceu?

— Não quero falar sobre isso — sussurrou.

— Tudo bem, meu amor. Sem problemas. — Ele olhou em volta. — ... Você comeu alguma coisa? Posso preparar algo.

Quando ia balançar a cabeça como um não, um roncado saiu da sua barriga. Com vergonha e bochechas coradas, encontrou o olhar do maior, que a fitava com carinho.

— Não sou um grande cozinheiro, mas posso tentar algo bom. Pode ser?

Ela concordou com a cabeça.

— Perfeito — sussurrou.

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...

— Nossa, mas aqui tá uma imundície... — O sotaque forte de Soap ricocheteou pelo pequeno quarto. — E que cheiro ruim, viu?

— Talvez seja porque dilaceramos um cara enquanto ainda respirava? — indagou Gaz, andando pelo porão como se analisa-se cada milímetro.

— ...Cadê o corpo? — sussurrou Price, a voz rouca.

Os sargentos trocaram olhares entre si e então encararam o capitão com certo receio. Dando de ombros, Soap começou:

— Simon disse que daria um fim, não?

— Hm — suspirou Price, se ajoelhando no chão e, ali, encontrou um anel de ouro bruto; tão bem polido que era possível ver seu próprio reflexo. Gotas de sangue decorando a jóia cara. — ... estranho... — disse para si mesmo.

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14:24 PM
Drury 188-189 — London.

Nikolai estava cego de um olho.

Digamos que os capangas de Blanka e Alexey não ficaram muito contentes com as notícias de que foram espionados para militares britânicos. Queriam ter certeza de que o culpado pagaria por isso.

Faz uma semana que perdeu a visão; sendo agora, Maxim seu olho direito.

— Nick, teve notícias dos homens? — Maxim balançou seu frapê gentilmente nas mãos, que estavam ligeiramente rosadas pelo frio da bebida e do clima que Londres apresentava.

Nikolai gostaria de dizer que tinha, que os homens estavam bem e tinham tudo sob controle. Mas não fazia ideia. Depois de ser torturado, e com medo de algo acontecer ao melhor amigo, deixou tudo nas mãos da 141.

— Sinto muito, Max. Não faço ideia — murmurou rouco e desviou o olhar. — ...Eu sinto muito mesmo.

Maxim mordeu o lábio inferior e gentilmente colocou a mão gélida sobre a calejada de Nikolai.

— Nick. A culpa não é sua. Você tentou ajudar. — Maxim engoliu em seco, como se procurando palavras para suavizar o ar tenso que entrava pelas narinas. — Fico extremamente triste de que isso custou sua visão de um olho.

Nikolai subiu o olhar e sorriu, inclinando a cabeça.

— ... conseguir te ver já é o suficiente pra mim. Valeu, cara. Você é o melhor.

Maxim riu e balançou a cabeça.

— Assim eu me apaixono... — disse Max, brincalhão.

— Eu não acharia ruim — piscou Nikolai, fazendo ambos rirem.

Um momento de suavidade no meio de uma tempestade era o que precisava. Um Porto Seguro que sabia que sempre poderia voltar. Quando quisesse.

Suspirando com calma, esperou um dia de cada vez.

— Vai voltar pra casa? — perguntou o moreno.

— Ah... — Max deu de ombros. — Não sei. Tenho medo de chegar lá e me jogarem na cadeia por ser homossexual. Ou, sei lá, até me matarem. — O loiro sorriu e deu de ombros. — A Inglaterra me recebe bem.

Nikolai lentamente concordou com a cabeça, assimilando suas palavras com calma enquanto saboreava seu café.

— Entendo.

— A esse ponto, Blanka ou Alexey já devem ter reportado isso, sabe? Da minha orientação... — Ele balançou a cabeça. — Me recuso a ser preso na minha própria casa pelo o que gosto.

— Claro. Eu entendo, cara.

Nikolai sorriu; um sorriso quente reservado apenas para quem realmente gostava e ligava. Max correspondeu o mesmo. O moreno colocou uma mão no ombro do amigo, dando tapinhas num "bom trabalho" silencioso.

༼˒🌑「- 𝐋𝐔𝐑𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐎𝐕𝐄 - 」🥀˓༽  (𝐋𝐞𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 × 𝐆𝐡𝐨𝐬𝐭) Onde histórias criam vida. Descubra agora