Café a dois

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O outono estava mais presente a cada dia, com o vento trazendo o aroma das folhas secas e o céu assumindo uma tonalidade de azul profundo. Naquela manhã, Gustavo acordou com uma sensação diferente. Talvez fosse o sonho que teve, onde ele, Aurora e Ana Flávia estavam juntos, como uma família, ou talvez fosse apenas o ritmo tranquilo do dia. Mas algo parecia diferente.

Após deixar Aurora na escola, ele seguiu para a empresa, onde o trabalho o aguardava. No entanto, sua mente continuava a vagar em direção a Ana Flávia. Ela ocupava seus pensamentos de uma forma que ele não conseguia explicar. Era mais do que admiração; era uma conexão que ele sentia crescer cada vez mais.

Na sala de Gustavo, a manhã estava sendo agitada, com reuniões e documentos para revisar. Mas no meio da correria, um pensamento insistente continuava a surgir: "E se eu convidasse Ana Flávia para um café? Um momento só nós dois, fora do ambiente de trabalho?" A ideia o fez sorrir, e ele decidiu que faria isso.

Mais tarde, enquanto Gustavo estava concentrado em seu computador, Ana Flávia apareceu à porta, segurando uma pilha de documentos. Ela estava elegante como sempre, mas havia algo no seu olhar que Gustavo não conseguia decifrar.

— Gustavo, tenho os relatórios que você pediu. — disse ela, entrando na sala e depositando os papéis sobre a mesa dele.

— Obrigado, Ana Flávia. — respondeu ele, levantando os olhos para encontrá-la. — Tenho uma proposta para você.

Ela arqueou uma sobrancelha, intrigada.

— Proposta?

— Sim. — Gustavo sorriu, sentindo uma leve excitação crescer. — O que acha de tomarmos um café hoje, depois do trabalho? Um café... fora daqui.

Ana Flávia piscou, um pouco surpresa. O convite não era algo que ela esperava, mas ao mesmo tempo, era exatamente o que ela queria ouvir. Ela sentiu seu coração bater um pouco mais rápido, mas manteve a compostura.

— Claro, eu adoraria. — respondeu, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.

O restante do dia passou em um borrão para Gustavo. Ele não conseguia se concentrar totalmente em seus compromissos, sabendo que, ao final do expediente, teria um momento especial com Ana Flávia. À medida que o relógio se aproximava das seis da tarde, ele sentia uma mistura de nervosismo e empolgação.

Quando finalmente chegou a hora, Gustavo esperou por Ana Flávia na entrada da empresa. Ela apareceu poucos minutos depois, vestindo um casaco leve, com o cabelo solto e um sorriso que iluminava o ambiente.

— Pronta? — perguntou ele, sentindo-se um pouco como um adolescente antes de um primeiro encontro.

— Prontíssima. — ela respondeu, com uma leve risada.

Eles caminharam juntos pelas ruas de Nova York, até encontrarem uma cafeteria aconchegante, com mesas de madeira e uma iluminação suave. O lugar era acolhedor, perfeito para uma conversa tranquila. Eles pediram seus cafés e se sentaram em uma mesa perto da janela, de onde podiam observar o movimento das pessoas lá fora.

A conversa começou leve, com tópicos cotidianos sobre trabalho e a rotina da empresa. No entanto, logo eles se viram falando de assuntos mais pessoais. Gustavo contou sobre sua vida antes de Aurora, sobre como era difícil equilibrar a vida de pai solteiro com as responsabilidades do trabalho. Ana Flávia, por sua vez, falou sobre sua família, suas amigas e como sempre se sentiu atraída por Nova York, mesmo sendo do interior.

— Nova York tem um jeito de capturar as pessoas, não é? — comentou Gustavo, observando o brilho nos olhos de Ana Flávia enquanto ela falava de sua vida.

— Sim, tem algo mágico aqui. — ela respondeu, olhando para ele com um sorriso. — Mas sabe, algo que eu não esperava ao vir para cá era encontrar pessoas tão especiais.

Gustavo sentiu o coração acelerar novamente. Ele sabia que havia uma conexão entre eles, algo que ia além do trabalho, algo que ele queria explorar.

— Eu também não esperava, Ana Flávia. — disse ele, segurando o olhar dela por um momento mais longo do que o habitual.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, um silêncio confortável, cheio de significados. Ambos sabiam que aquele café, aquela conversa, era o início de algo maior. E isso os assustava e emocionava ao mesmo tempo.

— E a Aurora? — perguntou Ana Flávia, quebrando o silêncio com um sorriso. — Como ela está?

Gustavo sorriu ao pensar na filha.

— Aurora está ótima. Não parou de falar de você desde que te viu pela primeira vez. Você causou uma impressão e tanto.

— Ela é uma menina incrível, Gustavo. — disse Ana Flávia, com sinceridade. — Tenho tanto carinho por ela.

— E ela por você. — Gustavo respondeu, percebendo o quanto isso o alegrava.

O café terminou, mas a sensação de que algo novo estava se formando entre eles perdurou. Na saída da cafeteria, enquanto caminhavam de volta para a empresa, Gustavo tomou coragem.

— Ana Flávia, o que você acha de fazermos isso mais vezes? — ele perguntou, parando de caminhar e se virando para ela. — Não apenas como colegas, mas como... amigos, quem sabe?

Ana Flávia sentiu o coração aquecer. Gustavo estava abrindo a porta para algo mais, algo que ela também queria explorar, mas com a mesma cautela e curiosidade.

— Eu adoraria, Gustavo. — ela respondeu, segurando o olhar dele com firmeza. — Acho que seria ótimo.

Gustavo sorriu, sentindo que, finalmente, estava indo na direção certa. Naquele momento, sob o céu de outono de Nova York, ele sabia que algo especial estava começando. Algo que ele não queria deixar escapar.

Entrelaçados pelo Amor - Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora