Laços que se fortalecem

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Era uma noite tranquila na casa de Gustavo, Ana Flávia estava sentada no sofá, relaxada, após um longo dia com Aurora e Gustavo. A convivência com a menina era cada vez mais especial, e ela começava a sentir-se parte de algo muito maior. Enquanto Aurora dormia, o celular de Ana Flávia vibrou. Eram seus pais, chamando para uma conversa em vídeo. Eles sempre faziam questão de acompanhar a vida da filha, e hoje não seria diferente.

Ela atendeu o vídeo, ainda com um sorriso no rosto, e viu os rostos familiares de seus pais aparecerem na tela, ambos com semblantes curiosos.

"Oi, filha! Como você está? Como vão as coisas por aí?" perguntou sua mãe, sempre direta.

Ana Flávia ajeitou-se no sofá, buscando palavras, mas antes que pudesse responder, ouviu um sussurro vindo do corredor. A princípio, pensou que era só a casa rangendo, mas, de repente, ela ouviu claramente: "Mamãe... mamãe..."

Seu coração acelerou. Aurora, a filha de Gustavo, a quem Ana Flávia já amava profundamente, acabara de chamá-la de "mamãe" pela primeira vez. Ela sentiu uma mistura de surpresa e emoção tomar conta de si. Lentamente, ela levantou-se e seguiu o som até encontrar Aurora, com a carinha abatida, descendo as escadas.

"Mamãe, minha cabeça está doendo..." disse a pequena, em voz baixa, como se buscasse conforto.

Ana Flávia congelou por um instante, sem acreditar no que acabara de ouvir. Mas logo depois, a realidade a atingiu e ela correu até Aurora, ajoelhando-se para ficar à altura dela.

"Vem cá, meu amor. Vamos cuidar disso." Ela a pegou no colo com todo carinho do mundo e, ainda um pouco em choque, voltou para onde estava, sentando-se com Aurora no colo em frente à câmera do celular, onde seus pais continuavam aguardando, mas agora com expressões de total curiosidade.

"Vocês viram isso?" Ana Flávia perguntou, sorrindo nervosa, sem saber exatamente como reagir.

"Vimos sim, filha. Parece que você está conquistando corações por aí", seu pai respondeu, piscando o olho com um sorriso orgulhoso.

Aurora, ainda aconchegada no colo de Ana Flávia, parecia um pouco mais tranquila. Ana passou a mão nos cabelos dela, enquanto explicava a situação aos pais.

"Aurora estava com dor de cabeça, mas acho que agora já está melhor. Só queria um pouco de colo." Disse isso enquanto acariciava a menina, que aos poucos fechava os olhos, sentindo-se protegida.

Do outro lado da tela, a mãe de Ana Flávia não pôde conter a curiosidade e soltou uma risadinha: "Então, filha... parece que não é só a Aurora que você conquistou, né? Cadê o Gustavo? não vai aparecer para dar um oi pra gente?"

Ana Flávia ficou vermelha de imediato. "Mãe, não é bem assim..." tentou se explicar, mas seus pais riram de leve, adorando a situação.

Foi então que Aurora, meio sonolenta, levantou a cabeça e disse, com aquela voz doce de criança: "É sim, vovô. A mamãe ama o papai, eu sei."

Ana Flávia arregalou os olhos, sem saber onde enfiar a cara, enquanto seus pais gargalhavam do outro lado da linha. "Essa menina sabe das coisas, hein?" brincou seu pai, orgulhoso da inteligência da pequena.

"Vocês são terríveis!" Ana Flávia murmurou, mas não pôde conter o riso. A verdade era que ela mesma já estava começando a aceitar o que sentia por Gustavo, e ouvir aquilo sair da boca de Aurora apenas confirmava tudo.

Depois de um tempo, Aurora acabou pegando no sono ali mesmo, no colo de Ana Flávia. Ela a ajeitou, deitando-a delicadamente no sofá ao lado, e voltou a conversar com os pais.

"E aí, filha, como você está lidando com tudo isso? Sabemos que não é fácil, mas pelo visto você está se saindo muito bem. E parece que Aurora já te vê como uma segunda mãe." A voz carinhosa de sua mãe trouxe uma sensação de conforto.

"Eu amo essa menina, mãe. Ela é tão especial... e Gustavo também. Não sei onde isso vai dar, mas... estou feliz."

"É isso que importa, minha filha. Quando a gente ama, a gente encontra o caminho."

Depois de mais alguns minutos de conversa, Ana Flávia se despediu de seus pais e encerrou a chamada. Ela olhou para Aurora, adormecida ali no sofá, e sentiu um calor no peito. A pequena acabara de chamá-la de "mamãe", e, por mais que isso a surpreendesse, o título parecia tão natural quanto respirar.

Ela se levantou para ir até a cozinha buscar um copo d'água, ainda refletindo sobre tudo o que tinha acontecido, quando ouviu a porta abrir. Era Gustavo, que voltava de uma rápida saída. Ele entrou, viu Ana Flávia e Aurora no sofá, e sorriu.

"Como estão minhas meninas?" ele perguntou, com um brilho especial no olhar.

Ana Flávia, já sem medo de seus sentimentos, sorriu de volta e disse: "Estamos muito bem, só precisávamos de um pouquinho de colo... e de amor."

Entrelaçados pelo Amor - Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora