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narradora
búzios

- Você está muito estranho.

Ana se apoiou no balcão, encarando o irmão do outro lado.

O restaurante estava fechando e Alexandre terminava de lavar alguns copos.

- Estou normal. - Alexandre secou as mãos. - Apenas cansaço.

Ana semicerrou os olhos.

- Eu te conheço. Qual foi? - Ana perguntou. - É a maluca da sua esposa, né?

Alexandre riu fraco.

- Você implica demais com ela. 8 anos já, supera. - Alexandre tirou seu avental, o pendurando no suporte.

Ana negou, dando a volta no balcão.

- Ela é insuportável e suga todas as suas energias. - Ana também pendurou seu avental. - Essa maluca.

Alexandre cruzou os braços.

- É complicado, Ana. - Ele suspirou e ela ficou confusa. - Fomos reprovados na lista de espera do orfanato.

Ana levantou a sobrancelha surpresa.

- Como assim? Não havia apenas vocês na espera? - Ela lavou as mãos.

- Aparentemente não. Não entendi muito bem também, e Karina não perguntou.

Ana secou as mãos, encarando o irmão.

- Ela que recebeu a ligação?

- Sim. Ontem a tarde.

Ana ficou em silêncio.

Há 2 anos, Alexandre descobriu que tinha problemas na produção de espermatozoides. Havia sido um baque para o homem, já que ele sempre quis ser pai.

- Sinto muito, Ale. Eu sei o quanto você quer isso..- Ana abraçou o irmão.

- Obrigado. Inclusive, eu e Karina iremos para o Rio na semana que vem para conhecermos outros bebês. - Ele disse, mais animado.

Ana sorriu.

- Vai dar certo.

Os dois terminaram de ajeitar o restaurante e logo foram embora.

Alexandre chegou em casa completamente cansado. Deixou suas chaves no móvel da sala e subiu as escadas em direção seu quarto.

Karina estava deitada na cama debaixo das cobertas enquanto passava um programa na TV.

- Cheguei. - Ele sorriu para a esposa, que se sentou na cama.

- Finalmente. - Ela respondeu e Alexandre se aproximou, a beijando. - Achei que ia morar lá hoje.

Alexandre a encarou e riu fraco.

- Fim de ano, amor. - Alexandre se jogou na cama. - Estou morto.

Karina voltou a se deitar.

- E precisa de um banho. - Ela disse e riu.

Alexandre riu, caminhando até o banheiro.

- Amor, qual dia você acha melhor para irmos para o Rio semana que vem? - Ele perguntou e Karina não respondeu. - Amor?

Ele parou na porta do banheiro, encarando Karina.

- Tem que ser semana que vem?

Alexandre assentiu.

- Sim. O quanto antes formos, mais rápido iremos entrar na fila de espera. - Ele explicou. - Preciso ligar lá.

Karina o encarou alarmada.

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